Entre Sombras e Luz (JENLISA)

XII - Rumo ao Desconhecido

POV LISA

Despertei na manhã seguinte com uma sensação estranha de inquietação. Mesmo depois de uma noite inteira de sono, sentia como se mal tivesse descansado. Meus sonhos foram povoados por fragmentos de memórias, misturados com flashes de momentos recentes. Imagens de Jennie apareciam e desapareciam em minha mente, entrelaçando-se com lembranças de minha vida passada. O que aquilo significava? Eu não sabia ao certo, mas sentia que algo dentro de mim estava mudando.

Ao sair da cama, olhei para a janela do quarto, observando a luz do sol que começava a inundar o cômodo. O brilho suave da manhã parecia de alguma forma menos distante, menos frio do que nos dias anteriores. Talvez fosse apenas minha percepção, mas algo na cidade parecia mais vibrante, como se o mundo ao redor estivesse tentando me acordar para uma nova realidade.

Respirei fundo, tentando me ancorar na rotina. Fiz meu café, preparei um café da manhã leve e me sentei à mesa da cozinha, como sempre fazia. Mas enquanto bebia o café, não consegui afastar os pensamentos que me assombraram durante a noite. A mensagem de Jennie ainda estava fresca em minha mente, assim como a decisão que tomei de finalmente abrir a porta que mantinha trancada por tanto tempo. Era um passo pequeno, mas significativo. Eu sabia que, de alguma forma, isso iria mudar tudo.

Depois de tomar o café, decidi correr, algo que costumava fazer para organizar os pensamentos. Coloquei meus fones de ouvido, ajustei o volume da música e sai para as ruas ainda tranquilas da cidade. A corrida sempre me trouxe clareza, e hoje não foi diferente. Conforme meus pés batiam contra o asfalto e meu corpo se movia com o ritmo da música, comecei a sentir as tensões da noite anterior se dissiparem.

Enquanto corria, refletia sobre o que queria para mim. O que significava, realmente, permitir-se sentir novamente? Durante tanto tempo, me fechei para as emoções, acreditando que isso me protegeria de mais dor. Mas, ao fazer isso, percebi que também estava me afastando das coisas boas que a vida podia oferecer. Jennie, com seu jeito sincero e sua arte apaixonada, havia despertado algo em mim que não sabia que ainda existia: a vontade de me conectar.

Ao retornar para casa, senti uma nova determinação. Precisava fazer algo com aquela energia, precisava encontrar uma maneira de canalizar aquilo que sentia em ações concretas. Não podia simplesmente esperar que as coisas acontecessem; precisava ser ativa na busca por mudanças.

Depois de um banho rápido, me vesti para o dia. Em vez de me vestir com habituais roupas de trabalho, optei por algo mais casual, algo que me fizesse sentir mais confortável, mais eu mesma. Decidi tirar o dia para cuidar de mim, afastei o trabalho e as responsabilidades por um momento. Era um luxo que raramente me permitia, mas hoje parecia necessário.

Decidi sair, mas não tinha um destino em mente. Apenas queria andar, deixar que a cidade a guiasse. Peguei o metrô em direção ao centro, um lugar onde sempre encontrava algo interessante para fazer. Conforme o vagão avançava, observava as pessoas ao seu redor: algumas imersas em seus celulares, outras lendo livros, e outras simplesmente olhando para fora, perdidas em pensamentos. Todos pareciam ocupados com suas próprias vidas, mas havia uma certa paz naquilo, um ritmo de vida que começava a apreciar.

Ao descer na estação, me vi em meio ao caos tranquilo das ruas principais. As pessoas andavam apressadas, lojas abriam suas portas, e os cafés começavam a receber seus primeiros clientes. Havia uma energia vibrante no ar, algo que costumava ignorar, mas que agora parecia convidativo. Caminhei sem rumo definido, deixando me levar pelas ruas movimentadas, observando as vitrines e ocasionalmente parando para admirar algo que chamava minha atenção.

Depois de algum tempo vagando, encontrei uma pequena livraria escondida entre duas lojas maiores. A fachada era simples, mas convidativa, com livros empilhados na vitrine de uma forma que parecia cuidadosamente desorganizada. Entrei, sentindo o cheiro familiar de papel e tinta que sempre a acalmava.