XXIII - Sob a Superfície

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POV LISA


O som suave das teclas do meu computador preenchia o silêncio do escritório enquanto eu revisava mais uma vez os documentos relacionados ao caso. As páginas impressas ao meu redor formavam um mosaico caótico, cada uma contendo fragmentos de informações que poderiam, com o encaixe correto, revelar o que realmente estava acontecendo. O nome de Caleb Hayes parecia brilhar em vermelho em cada folha, como um alerta constante de que algo maior estava por vir.

O dia já havia avançado para a tarde, e o sol começava a se pôr, lançando uma luz dourada sobre minha mesa. A complexidade do caso era avassaladora, mas ao mesmo tempo me desafiava a ir mais fundo, a cavar mais fundo. Havia algo em Caleb, algo que me incomodava profundamente. Cada vez que seu nome surgia, sentia que estava à beira de descobrir algo monumental, algo que poderia mudar o rumo de toda a investigação.

Minhas anotações estavam espalhadas pelo monitor do computador, cada palavra carregando um peso significativo. Eu havia estabelecido que Caleb estava no centro de uma rede de fraudes financeiras e lavagem de dinheiro, mas a verdadeira questão era: como ele conseguiu se manter intocado por tanto tempo? Quem o estava protegendo? E, mais importante, como Mark Choi se encaixava nessa trama?

Enquanto continuava a analisar os dados, senti meu celular vibrar ao lado do teclado. Olhei de relance e vi o nome "Mãe" na tela. 

A simples visão daquele nome foi o suficiente para fazer meu estômago se revirar. Meus pais não eram de ligar sem motivo, e uma sensação de antecipação tomou conta de mim.

Atendi o telefone, tentando manter a voz calma e controlada.

"Oi, mãe."

"Lisa, como você está, querida?"

A voz dela soava familiar, mas havia um tom de formalidade que não conseguia ignorar.

"Estou bem, mãe. Como estão vocês?"

"Estamos bem, mas... queremos te ver. Eu e seu pai decidimos fazer uma visita a você em breve."

Fiquei tensa ao ouvir aquelas palavras. Não era comum meus pais quererem me visitar. Na verdade, nossas interações eram esporádicas, geralmente limitadas a ligações rápidas para saber se eu estava viva e se meu trabalho ia bem. A ideia de recebê-los em minha casa, no meu espaço, era desconcertante.

"Claro, mãe," respondi, esforçando-me para soar entusiasmada.

"Quando vocês planejam vir?"

"Estamos pensando em chegar no próximo fim de semana. Daremos mais detalhes quando tivermos tudo confirmado."

"Entendi. Vai ser bom vê-los."

Aquelas palavras saíram automaticamente, mas no fundo eu sabia que a ansiedade já começava a crescer.


Depois que desliguei, fiquei olhando para o celular por alguns minutos, tentando processar a conversa.

Uma visita dos meus pais significava muito mais do que simples cortesia familiar. Sempre que vinham, traziam consigo lembranças do passado, questões não resolvidas, expectativas não atendidas. Era um lembrete do distanciamento emocional que sempre existiu entre nós. A falta de afeto que me moldou e que, de certa forma, ainda influenciava minhas decisões.

Suspirei e tentei afastar esses pensamentos, voltando minha atenção para o caso que estava investigando. No entanto, a tensão persistente em meu peito era difícil de ignorar. Eu tinha que me preparar para a visita, para as perguntas inevitáveis, para o olhar crítico de meus pais.

Mas agora, havia algo mais urgente a fazer. A conexão entre Mark Choi e Caleb Hayes estava começando a tomar forma na minha mente, mas ainda havia peças faltando.


Fiquei encarando a lista de encontros suspeitos e reuniões clandestinas que envolviam Mark Choi, tentando descobrir o que ele estava escondendo.

E então, me ocorreu: por que esperar que as respostas viessem até mim? Talvez fosse hora de eu mesma procurar Mark Choi. Enfrentá-lo diretamente. Se ele era a chave para desvendar os esquemas de Caleb, eu precisava encontrá-lo e pressioná-lo pelas respostas.

Decidi naquele momento que iria atrás dele. Precisava de informações que só uma conversa cara a cara poderia me dar. Estava ciente de que isso poderia ser arriscado, mas quanto mais eu esperasse, mais o tempo jogaria contra mim.

Com essa decisão tomada, fechei o computador e comecei a organizar os documentos. Cada detalhe seria crucial nessa conversa, e eu precisava estar preparada.

Enquanto guardava as anotações em uma pasta, ouvi novamente o som do celular vibrando. Olhei para a tela, esperando uma nova mensagem dos meus pais, mas dessa vez era Jennie.

Ao ver o nome dela, um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. Ela sempre tinha esse efeito sobre mim, uma calma reconfortante em meio ao caos.

"Como foi seu dia? Pensando em você. Se precisar de algo, estarei por aqui. ❤️"

Ler aquela mensagem trouxe uma leveza que eu não sabia que precisava. Respondi rapidamente, deixando que as palavras saíssem com a sinceridade que sentia.

"Foi um dia longo, mas melhor agora depois de ler sua mensagem. Espero que o seu tenha sido tranquilo. Vamos nos ver qualquer dia desses? ❤️"

Guardei o telefone, sentindo o calor reconfortante da sua preocupação. Sentia que Jennie era um alívio em meio à tempestade que se formava ao meu redor. Ela era o que me mantinha centrada, mas ao mesmo tempo desconcertada em um sentido bom, o que me lembrava que havia mais na vida do que apenas trabalho e responsabilidades.

O dia continuou a avançar, e logo percebi que a noite começava a cair.

Recolhi minhas coisas e me preparei para sair do escritório. Sabia que os próximos dias seriam cruciais, tanto na minha vida pessoal quanto na profissional. Havia muito em jogo, e eu precisaria estar no meu melhor para enfrentar tudo o que estava por vir.



No caminho de volta para casa, meus pensamentos continuavam divididos entre o caso e a iminente visita dos meus pais. Sentia o peso da responsabilidade sobre mim, mas também a necessidade de seguir em frente, de continuar a lutar por aquilo em que acreditava.

Chegando em casa, tirei os sapatos e me joguei no sofá, exausta. Meus pensamentos ainda giravam em torno das revelações do dia, e da importância de confrontar Mark Choi. Eu sabia que estava prestes a desvendar algo grande, algo que poderia mudar o curso do caso e possivelmente minha carreira.

Antes de dormir, recebi mais uma mensagem de Jennie. Dessa vez, algo mais curto, mas ainda assim, cheio de carinho.

"Claro! Podemos nos ver amanhã? Que tal vir jantar aqui em casa? "

Sorri ao ler aquelas palavras.

"Combinado! Dessa vez eu que irei cozinhar para você. Levarei aquele vinho que gosta. Mal posso esperar pra te ver."

Naquela noite, enquanto me deitava na cama, deixei que a calmaria das palavras de Jennie me envolvesse.

O amanhã traria novas batalhas, mas por agora, havia um raro momento de paz que eu estava disposta a saborear. Sabia que a verdade sobre Caleb Hayes estava cada vez mais próxima de ser descoberta, e que isso poderia mudar tudo. Mas com Jennie ao meu lado, sentia que poderia enfrentar qualquer coisa.

Antes de fechar os olhos, decidi que amanhã seria o dia de agir. Eu encontraria Mark Choi, e essa conversa seria o primeiro passo para finalmente expor a verdade. E assim, adormeci com um misto de ansiedade e determinação, pronta para encarar o que quer que o futuro reservasse.




E ai meus amores?

Como estão? 

Espero que bem e tomando bastante aguinha.

Melhor pedras no caminho do que no rim, não é?

Até mais!

Entre Sombras e Luz  (JENLISA)Onde histórias criam vida. Descubra agora