Alvorada

102 8 21
                                    

Eloise

Já é a oitava vez que retorno ao quarto de Phillip com um balde cheio de água e esfregões. Poderia pedir para que alguma das criadas fizesse isso, mas senti necessidade de fazer eu mesma.
Eu estava ali por ele, assim como ele esteve para mim.

Esfrego aquele pano no piso de madeira, a fim de eliminar o odor de vômito que tinha ali. Phillip teve náuseas durante todo o dia, depois de convulsionar.
O doutor disse que isso poderia acontecer devido ao uso de éter e mesmo já sabendo o que esperar, vê-lo nesta situação era doloroso demais para mim.

Ao finalizar, pego uma camisa de malha fina e troco sua roupa, a fim de me livrar daquelas peças que já estavam sujas. Aquilo não me enojava. Muito pelo contrário, à cada momento que passo com ele, sinto que o amo ainda mais. O quero para sempre em minha vida e estou disposta a fazer tudo para que ele tenha ao menos metade de todo o amor que merece.

Limpo o suor de sua testa e lhe dou um beijo
carregado de afeto em sua têmpora.

— El... — Phill segura minha mão.

— Como está se sentindo meu amor?

— Estou um pouco melhor. — Ele ajeita seu corpo na cama cobrindo-se até a cintura.

— Devo deixá-lo sozinho para que possa dormir?

— Eu não quero dar trabalho. Vou ficar bem, pode ir.

É compreensível que Phillip sinta que está me incomodando mas eu realmente não me importo de lhe fazer companhia e de cuidar dele.

— Sabe que não me incomoda não é? Serei sua esposa... Na saúde e na doença.

Ele sorri levemente para mim e assente.

— Muito obrigado Eloise. Você é maravilhosa.

Sua voz está envolta em amor e doçura. Sinto um abraço acalentar a minha alma, suas mãos quentes envolvem meu corpo, subindo e descendo em minhas costas.

— Eu te amo. Posso dizer isso todos os dias, mas nunca será o suficiente para que entenda como realmente preciso de você. Não para que cuide de mim, não é isso.
Eu preciso de você assim como o fogo precisa de alimentar-se com combustível, e como a terra precisa da chuva. Eu preciso de você porque você é tudo para mim meu amor.

Eu o abraço com as mãos ainda mais firmes, e acaricio seu cabelo as pontas dos meus dedos, sentindo aquelas mechas macias emaranharem-se neles.

A sensação de tê-lo de volta em meus braços e sentindo sua pele na minha me causa um sentimento indescritível.

— Dorme comigo hoje?

— Mas meus irmãos... Você não disse...?

— Eles não precisam saber. E esquece o que eu disse.

Assinto um pouco hesitante e me deito ao seu lado.
Phillip me puxa para si, apoiando minha cabeça em seu braço e nos acalentamos até pegar no sono.

Phillip

Depois de algum tempo, acordo e percebo que ainda tenho Eloise nos meus braços.

Reflito sobre os acontecimentos que nos trouxeram até aqui, e sou levado pela emoção. Quando a vi pela primeira vez ao esbarrar-se contra mim e olhar-me com seus olhos gigantes e azulados constrangida, eu soube de alguma forma de que a teria em meus braços.

Dançando na chuva - PhiloiseOnde histórias criam vida. Descubra agora