Capítulo 27 - Furacão Bea

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Minha vida não foi nada fácil, especialmente na infância

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Minha vida não foi nada fácil, especialmente na infância. Cresci em um ambiente que qualquer criança descreveria como um pesadelo. Meu pai, James, era um alcoólatra violento. Não tenho muitas lembranças boas dele; na maioria das vezes, ele estava gritando, quebrando coisas ou levantando a mão para alguém. E esse alguém era, na maioria das vezes, minha mãe.

Ela tentou protegê-lo por muito tempo, como se o amor pudesse salvá-lo, mas, com o tempo, ele foi se perdendo ainda mais. Wendy, minha irmã mais velha, era a nossa guardiã. Ela sempre estava na linha de frente, enfrentando o monstro que nosso pai se tornava quando estava bêbado. Eu e Luke, meu irmão, éramos pequenos demais para entender por que as coisas eram assim, mas Wendy sabia, e ela não deixava que ele nos machucasse, nem a mim, nem ao Luke.

Havia dias em que o medo era tão intenso que eu mal conseguia respirar. Eu me encolhia em qualquer canto da casa, rezando para que ele não me encontrasse. E quando ele desabava em sua própria miséria, depois de espalhar o caos, Wendy nos levava para longe, para onde pudéssemos ficar seguros, nem que fosse por algumas horas.

Mamãe também era uma vítima, claro, mas ela nunca se deixou abater. Havia uma força nela que, na época, eu não compreendia. Ela suportou tudo por nós, acredito. Quando James desapareceu, sem deixar rastros, foi um alívio, mas também um desafio.

Ele simplesmente sumiu, como se nunca tivesse existido, e para nós, isso foi um presente disfarçado de mistério. Mamãe teve que se reerguer sozinha. Não foi fácil, mas ela fez o que precisava ser feito. Trabalhou muito, nos deu segurança, e mais importante, paz. Aos poucos, fomos nos recuperando, cada um à sua maneira. Luke encontrou seu caminho e eu… Bem, eu aprendi a esconder minhas cicatrizes com sorrisos.

Wendy, por outro lado, sempre foi uma rocha. Nunca deixou transparecer, mas sei que, por dentro, ela carregava o peso de todos nós. Ela foi a nossa protetora, e mesmo depois de tantos anos, ainda é. Se alguém me perguntar o que me fez superar tudo, a resposta é simples: foi o amor da minha mãe, e a força de Wendy.

Hoje, a vida é diferente. Conseguimos construir algo mais tranquilo, mais feliz. Mas as lembranças do passado não se apagam. Elas estão sempre ali, lembrando do que superamos e do quanto a união de uma família pode ser poderosa.

A decisão de morar na Flórida foi da minha mãe. Ela queria um lugar novo para recomeçar, longe de todas as lembranças dolorosas que o nosso passado carregava. A escolha fez sentido; a Flórida, com seu clima quente e suas praias, nos deu a sensação de que poderíamos começar do zero, deixando para trás tudo o que nos atormentava.

Minha mãe sempre foi uma mulher forte, apesar de tudo. Ela viu no estado ensolarado uma oportunidade de reconstruir nossas vidas em um lugar que não carregasse as cicatrizes da violência e do medo. E, para ser honesta, funcionou. Conseguimos encontrar um pouco de paz lá. Eu e Luke éramos jovens demais para entender completamente o peso daquela mudança, mas com o passar do tempo, ficou claro que aquele era o melhor caminho. Wendy, como sempre, abraçou a ideia com a maturidade que sempre teve, nos mostrando que poderíamos ser felizes de novo, mesmo após tudo que passamos.

Obsessão Mortal: O Perigo Mora ao Lado Onde histórias criam vida. Descubra agora