• Prólogo •

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Quando você tem uma vida perfeita demais, desconfie dela, isso jamais será para sempre

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Quando você tem uma vida perfeita demais, desconfie dela, isso jamais será para sempre.

Eu aprendi isso na pele, minha vida era perfeita, eu tinha pais maravilhosos e dois irmãos que me amavam e era recíproco, eu era a irmã mais velha; e isso me trazia responsabilidades que eu nunca pedi para ter, como ter que protegê-los.

Sim, protegê-los.

Eu tinha dez anos quando nos mudamos para Nova York, e foi aí que a minha vida perfeita se tornou um pesadelo. Meu pai estava se afundando na bebida, a frustração por falta de emprego e as contas acumuladas o levou a essa situação, nós não éramos mais felizes, e eu tinha plena consciência disso. E no meio desse inferno, eu descobri que meu pai não era meu pai, o que o deixou ainda mais furioso.

Minha mãe, naquela época, estava doente, diagnosticada com anemia severa, e assim eu comecei a tomar conta dos meus irmãos; me tornei a "mãe" deles, e além disso, também tive que tomar conta de minha mãe. Meu pai só pensava em ficar nos bares e chegava tarde em casa; tudo ficou pior quando ele chegou extremamente bêbado e espancou a minha mãe.

Lembro-me que eu estava preparando a janta, Luck e Beatrice estavam no quarto brincando de alguma coisa. Estava quase terminando quando vejo meu pai, literalmente arrebentando a porta de entrada da casa. Tomei um susto, o que me fez derrubar a panela que eu segurava, no chão, e aquela ação fez meu pai vir para cima de mim.

Cambaleando de bêbado e com as mãos espalmadas, ele estava pronto para me esbofetear. Eu estava preparada para apanhar quando vejo minha mãe segurar suas mãos, os olhos de meu pai a olharam com tanto ódio, que para mim foi impossível de esquecer.

— O que pensa que está fazendo? — minha mãe indaga.

Meu pai não gostou daquilo, conseguindo se soltar ele acerta minha mãe com um tapa, o que a faz cair no chão.

— Mamãe! — Me aproximo dela, com o rosto encharcado pelas lágrimas. — Eu te ajudo, vem.

— Seus irmãos, proteja seus irmãos.

Aceno com a cabeça e subo as escadas o mais rápido possível, mas antes de chegar até lá eu ainda olho para trás, e pude ver aquele homem machucar a mulher que ele um dia disse que amava tanto. Minha mãe gritava pedindo socorro, e implorando para que ele parasse.

Corri para o quarto onde estavam meus irmãos, entrei e tranquei a porta colocando a cômoda como bloqueio, as crianças me olhavam assustados; certamente eles ouviram os gritos.

Luke se aproximou de mim, com um carrinho de brinquedo em mãos.

— O que aconteceu, Wendy? — sua voz doce e inocente me fez se sentir culpada.

Me abaixo e ficando na sua altura.

— Não houve nada  — Caminho até o pequeno aparelho de som que eu tinha. — Vamos dançar!

Ligo o rádio e aumento a música no volume mais alto, aquilo ajudaria a abafar os gritos de minha mãe, seguro nas mãos de Bea e começamos a dançar como se não tivesse acontecendo nada.

Depois daquele dia eu tive que fazer aquele mesmo truque quase todas as noites, para Luke e Bea era um momento de alegria, eram crianças; mas dentro do meu coração, eu sentia um aperto tão grande que era capaz de me sufocar. Os gritos abafados de minha mãe eram como facas entrando em minha alma.

Depois de alguns dias, aquilo cessou, meu pai finalmente havia conseguido um emprego o que fez com ele se controlasse na bebida. Mas as agressões ainda continuaram, mas não com frequência, ele se controlava quando conseguia. Assistir aquelas cenas todos os dias me fez criar um escudo em meu coração, e prometi a mim mesma que eu jamais iria me apaixonar ou amar alguém.

Estava brincando com os meus irmãos em frente de casa, quando vimos um caminhão de mudanças estacionar na casa de frente para a nossa. Ficamos curiosos e observando quem iria morar ali, logo em seguida estacionou um carro e de dentro desceu um casal e um garoto, aparentava ter a minha idade.

De longe pude observar que aquele menino exalava arrogância, e eu não estava errada, assim que o garoto avistou eu e meus irmãos, ele mostrou a língua para nós, mostrando toda a sua infantilidade e falta de educação. Chamei meus irmãos e entramos para dentro de casa.

Subi para meu quarto e fiquei ali da janela observando os vizinhos fazerem a mudança, lembrando do dia que nos mudamos para cá, o dia que toda a minha vida mudou. Enquanto observava, vez ou outra aquele garoto aparecia e sempre com a sua falta de respeito em dia, quando não mostrava a língua, ele adorava fazer caretas.

Eu apenas revirava os olhos com aquelas cenas tão deploráveis.

A medida que fomos crescendo a nossa rivalidade foi crescendo junto, estudávamos na mesma escola, e Maxwell Armstrong fazia o favor de me humilhar todos os dias. Ele se tornou o garoto bonito que toda menina sonhava em beijar. E eu? bem, eu agradecia aos céus por ser invisível.

— Olá quatro olhos, está enxergando bem? — Max tira os óculos de meu rosto. — Quantos dedos tem aqui?

Me levantei do banco em que estava sentada e comecei a pular para tentar obter meus óculos de volta.

— Me devolve, Max!

— Maxwell. Pra você é Maxwell.

Ele joga meu óculos no chão e pisa, o  transformando em vários pedaços.

— Como você consegue ser tão babaca? — me abaixo para juntar o que sobrou dos óculos. — Você é um idiota.

— É aí que você deve ficar, no chão!

Ele me empurra o que me faz cair, e todos ao meu redor começam a rir da minha cara.

Eu jamais vou esquecer de toda a humilhação que Maxwell Armstrong me fez passar, o ódio mortal que eu sinto por ele jamais iria acabar.

Obsessão Mortal: O Perigo Mora ao Lado Onde histórias criam vida. Descubra agora