capítulo 13

34 6 10
                                        

Mayara

Edna: Eu fui pega totalmente de surpresa, né? Já que tinha se passado três anos desde a última vez que nos vimos. Quando a Julieta apareceu na sala e foi para perto dele, ele a empurrou para longe, fazendo-a cair no chão. Então, ele falou que lembrou do dia em que foi lá em casa para falar com os nossos pais, e ela ofereceu um refresco. Ele aceitou e depois só lembrava que tinha acordado do lado dela e mais nada - falou, olhando para um quadro pendurado na parede.

Edna: Sabe, nesse dia eu surtei de alegria; era um sonho virando realidade, e só faltava a bênção do meu pai, que era a coisa mais difícil. Naquela época, para se casar, tinha que ter a bênção e a permissão dos pais, mas até que foi fácil. O difícil foi ter que aguentar todo o chilique da Julieta, que no início falou que o Paulo tinha tirado a sua virgindade, mas a nossa mãe a desmentiu. Foi uma confusão danada, porque eu só poderia me casar se o Paulo tivesse uma casa própria e um trabalho bom e digno. - Pausa para respirar. - Em menos de dois anos, nós nos casamos e vivemos felizes até aquele dia que nos vimos no hospital. Depois daquele dia, muitas coisas aconteceram, tão boas quanto ruins. A boa foi ter encontrado você, e a ruim você já sabe, né? - Ela terminou de falar e foi para a cozinha.

Toda vez que ela falava dele, ou sobre ele, era assim: um misto de alegria, tristeza, amor e angústia. Foram anos juntos e, por um descuido de um irresponsável, tudo mudou. O Paulo era um homem cheio de vida, amava sair e se divertir, mas, depois daquele acidente, tudo mudou para pior.

Mesmo a gente não tendo uma relação de pai e filha, éramos bem próximos. Ele amava o Henri e o tinha como um filho, mas, quando ele se foi, o Henri era apenas um bebezinho.

Eu estava tão cansada que nem vi a hora de ir buscar o meu menino e pegar o histórico escolar dele. Acabou que a história de nos mudarmos morreu, ou eu que não entendi direito, mas daqui a pouco eu procuro uma casinha para a gente morar e, se der certo, a gente vai para o morro, pois é mais perto do trabalho.

~~~~~~

Quando cheguei na porta da escola, a coordenadora me olhou estranho e me chamou.

Julia: Oi, dona Mayara, o Henri esqueceu alguma coisa aqui na escola? - ela perguntou, e eu não entendi.

May: Não que eu saiba. Eu só vim buscar ele, ver se consigo cancelar a matrícula dele e pegar o histórico escolar. - Quando terminei de falar, ela me olhou com os olhos arregalados.

Julia: Mas o Henri já foi, dona Mayara. A moça que veio buscá-lo falou que era a avó dele, por isso eu deixei. - falou com a voz embargada pela vontade de chorar.

May: Como você deixou uma pessoa totalmente estranha pegar o meu filho sem a minha autorização? - perguntei, gritando.

Julia: Mas ela falou que era a avó. Pra mim, ela estava liberada para vir buscá-lo. Me desculpa, por favor. Ai, meu Deus! - falou nervosa.

Eu saí correndo sem rumo e sem destino; só sabia gritar pelo meu filho. Não sei por quanto tempo eu fiquei o procurando, até que me deu um estalo na mente: pode ser um caminho sem volta? Sim, mas pelo meu filho eu sou capaz de tudo.

Peguei um táxi e fui para o morro. Chegando lá, eu encontrei o neguinho que estava sentado na calçada. Assim que me viu, já veio na minha direção.

Neguinho: Qual foi, Índia? Tá tudo bem?- perguntou assim que parei na sua frente.

May: Eu preciso falar urgentemente com o foguinho, por favor - falei, desesperada.

Ele pegou o radinho para falar com alguém. Não demorou muito e o Marcão apareceu no meu campo de visão, em cima de uma moto e sem camisa.

Marcão: Qual foi? O foguinho pediu pra te levar lá na boca, que ele não tá podendo descer não - falou todo emburrado.

Era Pra Ser!!Onde histórias criam vida. Descubra agora