capítulo 12

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Mayara

Depois de ter falado tudo o que me aconteceu para o Foguinho, foi algo, digamos, libertador.

Para muitas pessoas, isso pode ter sido loucura da minha parte: sair falando para um "estranho". Mas o foguinho é diferente e, como eu falei, né, ele em pouco tempo se tornou um amigo. Então, eu senti vontade e coragem de falar para ele.

Sabe, me senti aliviada por ter conseguido. Isso, para mim, é um grande progresso e eu tô bem com isso, e pronto.

Depois que eu saí do postinho, fui direto para pensar em ver a dona Ana.

Entrei na pensão, que não estava muito cheia, e fui direto para o balcão falar com a Jo. Mas, assim que me aproximei, vi o tal Marcão em uma mesa sozinho. Ele me olhou da cabeça aos pés, me fazendo arrepiar. Eu fui a primeira a quebrar o contato visual.

Jo: Eita, do jeito que o Marcão te olha, só falta tirar a tua roupa – falou assim que cheguei perto dela.

May: Para, garota, ele só olhou normal – falei pra ela, que deu uma risada debochada.

Jo: Vai logo colocar teu avental e ir levar a comida do chefe – falou com ironia.

May: Ah, meu amor, hoje é minha folga. Só passei aqui pra ver vocês e vou pra escola do Henri – falei, passando por ela, indo pra cozinha ver a dona Ana.

D°ana: Menina, o que você está fazendo aqui no seu dia de folga? Já está com saudades, é? — perguntou, me abraçando de lado.

May: Eu fui lá no postinho ver o foguinho e dei uma passadinha aqui pra senhora — falei, roubando um pedaço de frango.

Ela me olhou com uma carinha de quem pudesse ver a minha alma e ler a minha mente.

E então, do nada, ela me abraçou, mas não foi qualquer abraço; foi um que eu desabei ali no abraço dela.

D°ana: Vai ficar tudo bem, minha querida. Você é forte e, mesmo sem te conhecer direito, eu sei reconhecer uma pessoa como você: forte e corajosa — falou, ainda abraçada comigo.

May: Obrigada por esse abraço, dona Ana. Eu estava precisando e nem sabia — falei, limpando minhas lágrimas.

Dona Ana: Quando precisar, vem aqui, meu amor. Agora pode ir pra sua casa ou então eu coloco você pra trabalhar, viu? — falou com um sorrisinho.

Dei um tchau pra ela e fui até a Jo, que ainda estava no balcão, mexendo no computador.

May: Jo, já estou indo, viu? Até amanhã, coisinha — falei e dei um beijo em sua bochecha.

Jo: Vai lá, neguinha, e vê se traz o Henri pra gente se conhecer. Já quero ver o meu sobrinho — falou, me abraçando.

Saí da pensão um pouco apressada porque é um chão até eu chegar na escola do Henri.

Quando cheguei na barreira, aquele cara que me tratou mal no dia em que o Foguinho levou um tiro estava lá, e assim que me viu, ele se aproximou, me olhando de um jeito meio estranho, eu diria.

Acho que o chamam ele de Neguinho.

Xxx: Oi, boa tarde — falou baixo. Eu até estranhei porque da primeira vez não foi assim.

May: Oi, boa tarde! — respondi.

Xxx: Eu sou o Neguinho, também sou amigo do Foguinho. Naquele dia, eu estava nervoso e com medo de perder ele, sabe? Eu gostaria de te pedir desculpas pela grosseria, foi mal mermo— falou e logo em seguida me abraçou, todo sem jeito, e eu fiquei surpresa com esse ato dele.

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