May
Já se passaram mais de 24 horas sem notícias do meu filho. Eu estou enlouquecendo; nunca fiquei tanto tempo longe do meu pretinho.
Nas câmeras, só aparece uma mulher que aparentemente deve ter uns 50 anos, mais ou menos. O pior é que não dava para ver o rosto dela.
Minha mãe está à base de calmantes naturais que a dona Ana deu para ela. Elas até tentaram me fazer beber, mas nada desce pela minha garganta.
Eu só quero meu filho aqui; que alguém mande alguma notícia dele.
Os meninos acharam melhor a gente ir para o morro, pois lá dava para resolver melhor as coisas, e também alguns deles não podem dar bobeira aqui na pista.
Então, fomos para a casa da dona Ana, que disse que não tinha nenhum problema em irmos para lá, pois, segundo ela, é muito sozinha e seria bom ter a nossa companhia.
Não preciso dizer que Taubinha e Foguinho surtaram, né? Kkk, segundo eles, se sentiram menosprezados por ela.
Eu gosto de estar com eles, gosto da companhia deles. Eu posso ser eu mesma de verdade, sem as minhas armaduras.
Podem me chamar de louca, porque faz 24 horas que eu os conheço, mas os meninos me passam uma sensação boa. Não é a mesma que o Foguinho me passa, mas é boa do mesmo jeito.
Edna: Minha filha, vem comer um pouquinho, por favor. Eu fiz uma sopinha do jeito que você gosta,- falou me chamando, e eu neguei com a cabeça.
Foguinho: Vai comer sim, senhora, ou vou te fazer engolir a sopa goela abaixo,- falou em tom de ameaça.
May: Mas não tá descendo nada. Só vou conseguir comer quando meu filho estiver nos meus braços,- falei chorosa.
D°ana: Minha filha, você tem que comer. Daqui a pouco seu filho vai estar aqui, e você vai estar fraca e debilitada. Então, seja mais forte do que você já é e coma pelo menos duas colheradas,- falou acolhedora, e minha mãe só olhando.
Edna: Minha filha, eu sei que você está sofrendo; eu também estou sofrendo. Ele é o nosso maior tesouro. Temos que ser fortes por ele e por nós. Deixa tudo nas mãos de Deus e de Nossa Senhora, que elas vão nos ajudar. Os seus amigos estão ajudando também - disse e me deu um beijo.
Por muita insistência, eu acabei comendo a sopa e um copo de suco de laranja, que com toda certeza estava com algum calmante, pois estou com um tanto de sono, e as duas senhoras estão me olhando de um jeito estranho...
May: Não, meu filho, não, por favor, faz o que quiser comigo, mas deixa o meu filho em paz - pedi aos prantos.
Henri: Mamãe, Henri vai ficar bem, não se preocupe. Mamãe, fala pra vovó que eu amo ela muitão - falou com um sorriso grande no rosto e os olhos brilhando como se tivesse ganhado o melhor presente.
Eu estou vendo aquele homem levar o meu filho de mim; ele está levando a minha vida embora e eu não posso fazer nada. Estou amarrada, sem poder me mexer.
Estou morrendo; eu estou sangrando por dentro e por fora. Ele tirou a minha vida.
Tudo se acabou. Eu não existo mais; esse é o meu fim, esse é o fim da minha história que mal começou.
Acordei exausta, sem saber onde eu estava, olhando para um lado e para o outro, com a angústia dentro do peito, sem saber se era um sonho ou realidade. Meu coração estava acelerado, palpitando e com dor.
Só peço a Deus que traga o meu menino de volta.
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Henri
Eu não sei onde eu tô,
Aonde tá a mamãe?
Cadê a vovó?
Essa moça não é a vovó; ela tem cara de ruim, e ela não gostou do Henri.
Ela falou que a mamãe abandonou o Henri e foi embora, mas é mentira; a mamãe nunca ia me abandonar.
Moça feia: você não vai falar comigo? Eu sou sua avó, e falta de educação não falar, viu? - ela falou de um jeito estranho.
Henri: você não é minha vovó, e a mamãe ensinou que não pode falar com estranhos - falei olhando pra ela, que tava rindo.
Moça feia: mas eu sou a sua vovó, meu querido, e é bom você se acostumar comigo, porque vamos ficar juntos por um bom tempo - ela falou e saiu do quarto.
Me encolhi no cantinho e comecei a chorar, querendo a minha mamãe.
Espero que a mamãe venha logo me buscar.
