capítulo 4

47 6 12
                                        

Foguinho

Fala galera, tudo bem?

Bom, meu nome é Carlos Eduardo, mas pode me chamar de Foguinho ou amor da sua vida, aí você que escolhe.

Tô no crime há pelo menos 5 anos. Vim de uma família de classe média. Não me faltou dinheiro, mas sempre me faltou amor e carinho. Eu sou o caçula de quatro irmãos.

Eles nunca foram fãs do meu jeito engraçado de levar a vida. Sempre fui leve, mas sei ser sério em determinado momento. Eles queriam mudar a minha vida, queriam que eu fosse igual aos meus irmãos, que fizeram mais de duas faculdades, e eu só fiquei no cursinho, e olhe lá.

Por isso, decidi sair de casa deles. Mas aí me perguntam Mas por que você saiu se lá tinha tudo o que você queria? O que eu queria era o carinho materno e paterno, era isso que eu queria, mas não tive.

Fui para o morro mesmo e aqui estou, e estou feliz conheci pessoas que querem o meu bem e cuidam de mim, e uma delas é dona Ana. Ela é uma mãezona e faz o melhor rango de todos!

No crime, eu fui subindo de cargo pouco a pouco. Fui aviãozinho, fui vapor e até mesmo fogueteiro, até chegar a braço direito do Marcão. Falando nele, ele é o cara, é um paizão. Me acolheu e me estendeu a mão quando ninguém aqui me estendeu. Na época, ele era o subgerente.

É hoje, ele é o dono desse morro todo.

Aaah, eu conheci a Índia. Pensa numa mina linda e gente boa, mas parece que tem alguma coisa a escondendo em uma imensa escuridão.

Me deu uma vontade de ajudá-la, ela parece sofrer muito e isso me deu um certo aperto no peito.

~~~~

Agora eu tô aqui pulando as lajes como um macaco pula em árvore, ninguém sabe quem está subindo, só dá para ouvir os tiros.

Marcão: Qual é, Foguinho? Onde você tá?

Ouvi a voz de Marcão saindo do radinho.


Fala chefe, eu tô perto da pensão da Dona Ana e até agora não vi sinal dos cu azuis.

Marcão: Não é os cu azul não. E o Bope estão entrando nas casas dos morado. A atividade aí é mandar uns meno fazer a contenção da pensão da tia.

Ele falou e desligou a transmissão. Mandei um recado para os mano irem fazer a contenção da tia, nós tem muito carinho por ela. A tia é como uma mãe pra nós aqui, nos ajuda e também nos dá broncas.

Aqui o bagulho tá doido , os cara Preta vêm apenas para trazer morte e desgraça. Eles não se importam se é uma criança ou um idoso, eles matam e dizem que a vítima era um bandido.

São um bando de pau no cu.

O bagulho tava doido, muita raça de tiro, e não parava. Já tinha mais de duas horas e nada deles irem embora. Tão aqui à toa, nós tamo calma, não tamo fazendo salto nem nada e eles tão aqui.

Vai pra porra, eles cercam uma casa que está cheia de meno , mais de cinco cabeças. Os moradores já estão todos na porta, fazendo aglomeração para tentar fazer com que eles saiam de lá com vida.

Mortes e isso mortes e mas mortes , os cara que tavam na casa estão tudo morto , e quem os matou ?? O Bope ela conseguiram entrar na casa e mataram eles com facadas e pescoço quebrado do lada de fora só se ouviam os gritos de dor

Mortes e mais mortes, os caras que estavam na casa estão todos mortos. E quem os matou? O Bope. Eles conseguiram entrar na casa e matá-los com facadas e quebrando os pescoços. Do lado de fora, só se ouviam os gritos de dor.

Foi uma tortura para os moradores ouvirem e não poderem fazer nada. Os familiares gritavam para eles saírem de lá vivos e presos, mas isso não adiantou e hoje os familiares choram por uma perda.

Da porta de casa pra dentro, eles eram filhos, pais, netos e amigos. Da porta pra fora, cada um tinha uma função e um vulgo.

O dia que estava bonito e ensolarado se tornou frio e nublado.

Hoje não tem sorrisos, só tem dor. Eu perdi amigos que estavam comigo e me acolheram quando cheguei. Não apenas dentro daquela casa, mas pelas vielas do morro, havia corpos e muito sangue.

Hoje não tem um foguinho tão alegre como sempre. Hoje estou de luto pelos amigos que se foram.

Era Pra Ser!!Onde histórias criam vida. Descubra agora