Marcos
Fala rapaziada, tudo tranquilo?
Bom, me chamo Marcos Santos. Hoje, eu sou o dono do Morro Azul.
Antes, eu fui de tudo um pouco, de aviãozinho para levar drogas para os playboys da Barra, até ir para o Paraguai em voo comercial.
Eu nasci e fui criado aqui no morro. O ex-dono daqui era meu padrinho, e nem por isso as coisas foram fáceis para mim. Ele colocava para foder mesmo, para mostrar aos outros que aqui não tinha moleza, e nem tinha passada de mão na minha cabeça.
Meu pai era um qualquer, só vinha em casa atrás de dinheiro e quando não tinha, batia na minha mãe. Até que um dia ele me trancou dentro do banheiro e tentou abusar da minha mãe. Só não conseguiu porque consegui avisar a um vizinho para chamar o meu padrinho e, graças a Deus, ele chegou a tempo de impedir que o pior acontecesse. Meu padrinho matou ele com sete tiros na cara.
Minha mãe conseguiu superar depois de algumas idas ao psicólogo e hoje ela mora fora do morro. Depois de alguns anos, fui subindo de cargo até virar o subgerente, mas só durou dois anos porque meu padrinho morreu. O velho morreu fudendo, kkk, dá para acreditar??
Então, depois da morte dele, eu virei o dono. Alguns não gostaram da ideia, principalmente o braço direito do meu padrinho. Ele odiou porque era ele que deveria estar no lugar do meu padrinho, caso ele não tivesse filhos. Mas no comando, eu era o filho do G3, e então eu tinha que assumir o seu legado. E aqui estou eu.
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Maior troca de tiros, mais de cinco horas ouvindo o barulho do fuzil cantar. Os caras Pretas não dão descanso, têm uns amigos entocados em vários pontos estratégicos que dão visão a uma boa parte do morro e estão me mantendo informado de tudo, enquanto estou na parte alta do morro tentando fazer eles recuperarem.O morro está uma loucura, alguns dos meus estão baleados, outros estão ralados, mas estão vivos assim, eu espero.
Não sei mais quanto tempo estamos nessa troca de tiros. Já perdi as contas de quantas munições eu já gastei. Por um momento, achei que já tinha parado, até que o maldito meu rádio apita.
Xxx: Marcão, Marcão, mataram mais de cinco dos nossos dentro de uma casa, enquanto os moradores estavam na rua tentando convencer os caras pretas a levar os manos presos sem morte, mas foi tudo em vão. Mataram todos com facadas e quebraram pescoços.
Eu sei que a vida que nos leva é incerta, estamos sujeitos à morte e à prisão, mas nunca estamos preparados para perder os amigos, mesmo que já saibamos os nossos caminhos.
Marcão: Caralho, como isso aconteceu? Dá um jeito de tirar os corpos dos amigos pra família enterra.
Xxx: Patrão, os caras Preta não tão deixando ninguém chegar perto do portão, tão jogando spray de pimenta.
Quando eu falo que essas porras têm que morrer, falam que eu sou ruim nesse caralho.
Eles vêm, destroem tudo, matam pessoas inocentes e ainda saem como os heróis. Eu sou o que sou, mas nunca fui de matar inocentes. Antes de qualquer coisa, eu vou atrás de saber a história e depois dou o meu veredito.
Sou bom pra caramba pros morado, ajudo com cestas básicas, com higiene pessoal, ajudo quando tem enchente, melhorei posto de saúde que pelo governo mal tinha onde o povo senta.
Mas sempre vem um enviado do satã fazer merda.