𝐒𝐄𝐓𝐄.

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𝐌𝐀𝐘𝐀

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𝐌𝐀𝐘𝐀.

Entramos no vasto estacionamento do shopping, que parecia se estender por quilômetros. Raphael manobrou o carro até encontrar uma vaga disponível, e logo todos saímos.

— Você se importaria de ir na frente com o Richard? — perguntou Kiara.

Richard e eu trocamos um olhar meio confuso.

— Acabei de lembrar que preciso fazer uma ligação — continuou Kiara, tentando esconder o sorriso que começava a se formar.

— Eu te espero, amor — disse Raphael.

Sem responder, segui em direção ao
elevador, sentindo Richard me acompanhar. Enquanto caminhávamos, o som dos passos ecoava no corredor silencioso. Quando chegamos à porta do elevador, Richard apertou o botão e aguardamos juntos, a tensão momentânea se desfazendo no ambiente tranquilo.

As portas se abriram e entramos, o
elevador fazendo um leve tilintar enquanto os números acima da porta começavam a piscar. Richard e eu trocamos um olhar tranquilo, sabendo que, apesar da situação simples, havia algo confortável na companhia um do outro. O elevador começou a subir, e o suave zumbido das engrenagens nos rodeava.

— Estou com a sensação de que eles estão tentando nos juntar — disse Richard, quebrando o silêncio que havia se instalado.

Olhei para ele, que estava com os olhos fixados nos números que piscavam acima da porta do elevador.

— Não é só uma sensação. Eles realmente estão fazendo isso.

Não entendi bem por que ele trouxe isso à tona. Talvez estivesse tentando aliviar a tensão ou, quem sabe, estivesse gostando da ideia mais do que admitia.

— Só para deixar claro, não estou interessada — disse. — Não é que eu esteja fingindo desinteresse para que você me procure. A verdade é que, no momento, eu realmente não estou interessada em ninguém, incluindo você.

Ele deu um sorrisinho de canto, ainda sem me olhar. Como se fosse bom demais para fazer contato visual comigo.

— Não me lembro de ter dito que queria alguma coisa com você — respondeu Richard, com frieza

— Não disse nada, então achei melhor deixar claro.

Ele se virou lentamente e me olhou nos olhos.

— Valeu por esclarecer algo que, na verdade, nunca esteve confuso para mim.

Meu Deus, como ele é gato. Mesmo sendo um babaca.

Senti meu rosto queimar e rapidamente desviei o olhar, desejando com todas as forças que o elevador chegasse logo.

Todos os encontros com ele foram desconfortáveis e humilhantes, e não sei se a culpa é minha ou dele. Talvez a culpa seja minha por permitir que ele me afete dessa maneira. Quando não nos importamos com a presença de alguém, não há motivo para constrangimento. Isso só prova que, no fundo, me preocupo com o que ele pensa.

O elevador finalmente se abriu, e, assim que saímos, Richard se pôs à minha frente. Agora percebo como ele é alto.

— Amigos, então — falou, colocando as mãos no bolso.

Sem querer, soltei uma risada sarcástica.

— Pessoas como você não fazem amizade com pessoas como eu.

Ele me olhou confuso.

— Isso é meio arrogante.

— Falou o cara que achava que eu era uma mendiga.

— Você estava toda suja com uma mochila na mão.

— Estava, sim. Aquela mochila era tudo o que eu tinha, e a sujeira? Era o peso da minha realidade, algo que você jamais entenderia. Você é rico.

Ele estreitou os olhos, mantendo o olhar fixo em mim. A intensidade do seu olhar era quase eletrizante, como se estivesse penetrando nas camadas mais profundas da minha alma. Richard desviou o olhar assim que ouviu a voz de Kiara, que estava atrás de mim.

— Vamos, Maya! Temos muitas compras a fazer — falou Kiara.

Não sei como ela surgiu ali sem que ouvíssemos o elevador.

— Eu vou com o Veiga ver algumas roupas — disse Richard.

Não sei por que estou na defensiva em relação a ele. Afinal, ele realmente pensou que eu era uma desabrigada, e não ignorou esse fato. Ele me ofereceu dinheiro. Dentro daquele corpo deve haver uma alma. Talvez a desalmada dessa história seja eu.

[...]

Agradeci por termos nos separado de Raphael e Richard. Até agora, só tínhamos visto alguns acessórios que achei desnecessário comprar, mas Kiara fez questão.

— Do que mais precisa além das roupas? — perguntou Kiara enquanto andávamos pelo shopping.

— De tudo. Escova de dente, shampoo, condicionador, pasta. Tudo que eu tinha que roubar no mercadinho do bairro.

Kiara rapidamente me encarou.

— Você tá zoando, né? Sério, ainda não conheço muito seu humor.
Fiz que não.

— Eu não tinha dinheiro para comprar essas coisas. — Não sei por que estou falando isso para ela. — O pobre às vezes precisa ser criativo.

Entramos em um mercado que havia ali.

— Abel não pagava a pensão?

— Minha mãe usava drogas. Eu nunca vi nem a cor do dinheiro dele.

Kiara caminhava ao meu lado, e eu desviava o olhar, temendo que a verdade que carrego pudesse destruir sua inocência. Talvez seja hora de ela encarar um pouco da realidade.

— Você já contou isso ao seu pai? — perguntou.

— Não. Ele não vê minha mãe desde que eu tinha cinco anos. Naquela época, ela não era usuária.

— Você deveria ter falado com ele. Ele teria feito algo.

Coloquei um frasco de shampoo no carrinho, tentando me distrair.

— Nunca acreditei que fosse minha responsabilidade contar a ele sobre a minha situação. Um pai deveria estar mais envolvido e saber o que acontece na vida dos filhos.

Percebo que meu comentário incomoda Kiara. É evidente que ela tem uma visão bem diferente da minha em relação ao meu pai.

— Vamos olhar alguns cremes — disse, mudando de assunto. Virei o carrinho em um corredor que tinha vários produtos de autocuidado.

— Você também vai precisar de um biquíni — disse Kiara. — Às vezes vamos à praia, lá perto de casa.

Comprei tudo que precisava no mercado. Quando saímos, fomos ver roupas. Ela me fez pegar várias roupas e alguns biquínis. Fui até o provador.

— Experimenta e sai, porque quero ver como tudo está ficando.

Então é assim que as garotas se comportam quando vão às compras? Elas posam umas para as outras?

Então é assim que as garotas se comportam quando vão às compras? Elas posam umas para as outras?

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𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora