Aah
Quando um abraço apertado se encaixa
É como se o mundo parasse ali
É como se a vida acabasse.𝐌𝐀𝐘𝐀.
Depois de dobrar as cadeiras e guardá-las no térreo de casa, dei uma última olhada para a praia. Kiara estava distraída com o celular, enquanto meus olhos buscavam os três rapazes que agora terminavam de montar a rede de vôlei. O riso deles parecia ecoar no vento, leve e despreocupado.
Uma pontada inesperada atravessou meu peito, como se algo adormecido se agitasse. Saudade? Não, não era isso. Talvez... nostalgia. Eu só jogava em interclasse, nada sério. Mas, de repente, aquela cena mexeu comigo de um jeito que eu não esperava.
— Eles jogam bem — Kiara comentou, sem tirar os olhos do celular.
Assenti, ainda olhando para a rede sendo erguida.
— Sinto falta disso, sabia? — As palavras escaparam antes que eu pudesse pensar nelas.
Ela finalmente me olhou, curiosa.
— Falta? Do quê?
— Do vôlei... de jogar. — Falei mais baixo, quase como se estivesse confessando um segredo que até eu não tinha certeza de entender completamente.
Kiara franziu o cenho, me estudando por um momento.
— Nunca te vi falar disso antes.
— Porque eu nunca senti falta antes. — Sorri de leve, mas havia algo estranho, como um peso na confissão. — Não achei que sentiria.
Ela olhou de volta para a praia, e os rapazes agora testavam a rede, trocando algumas bolas. O som familiar do voleibol ecoou, e eu senti o aperto aumentar no peito.
— Vai lá jogar — ela sugeriu, casual, mas sem tirar os olhos de mim.
Olhei de volta para os caras, que agora esticavam a rede, dando risada de alguma piada interna. Uma parte de mim queria dizer "não". A parte racional, que sempre dizia que aquilo não era pra mim, que eu tinha outras coisas pra fazer. Mas outra parte, menor, insistia em me empurrar para frente.
— Quem sabe... — murmurei, incerta. — Talvez eu vá lá... Você não quer ir comigo?
— Deus me livre! — Kiara respondeu, rindo. — Tudo o que eu quero agora é um banho. Tô cheia de areia até onde não devia!
Quando me aproximo, vejo que estão prestes a começar um jogo de duplas. Um dos rapazes está sentado ao lado da linha lateral invisível, os cotovelos apoiados nos joelhos, relaxado, enquanto os outros dois já estão posicionados, prontos para o saque. A areia quente sob meus pés parece um convite, mas o frio na barriga diz o contrário. O que eu estou fazendo?
Respiro fundo e tomo coragem.
— Oi — minha voz soa um pouco mais hesitante do que eu gostaria, mas o suficiente para interrompê-los.
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𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos
Romance𝐀𝐒 𝐕𝐄𝐙𝐄𝐒 𝐍𝐎𝐒 𝐀𝐅𝐎𝐆𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐍𝐀 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐑𝐀𝐒𝐀... Maya cresceu sob a sombra de uma mãe problemática e de um pai ausente, aprendendo desde cedo a se virar sozinha em um mundo repleto de desafios. Sua infância foi marcada por decepçõ...