𝐃𝐄𝐙𝐄𝐒𝐒𝐄𝐓𝐄.

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𝐌𝐀𝐘𝐀

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𝐌𝐀𝐘𝐀.

Os últimos dias têm sido os mais tranquilos que já vivi. Estar com Richard parece apagar todas as coisas ruins que rodavam na minha mente por dezenove anos. Pela primeira vez, eu sinto paz. Não fico mais com a sensação de que estou prestes a enlouquecer a qualquer instante. Tudo flui de um jeito que eu nunca achei que fosse possível, como se, de repente, o caos que sempre carreguei dentro de mim tivesse sumido. Estou feliz, realmente feliz.

Tenho certeza de que não é só por causa dele. É a soma de tudo que eu nunca tive. Uma casa de verdade, todas as refeições no horário certo, sem faltar nada. A Kiara, que virou quase uma irmã de verdade, me faz tão bem e está sempre ao meu lado. A praia, o som das ondas, o nascer do sol que a gente vê junto, tudo isso me preenche de um jeito que eu nunca imaginei. Cada detalhe parece curar um pedaço meu que antes eu nem sabia que estava quebrado.

É tanta coisa boa acontecendo ao mesmo tempo que eu nem sei como processar. Nunca imaginei que poderia sorrir tanto, com tanta facilidade, sem aquele peso de sempre. Mas, no fundo, eu sei que preciso manter os pés no chão. Isso tudo é temporário, só vai durar por mais alguns meses. E, por mais que eu queira me perder nesse momento, essa realidade de fim iminente está sempre ali, me lembrando de que logo vai acabar.

Richard continua se arriscando e pulando da varanda, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Já reclamei, já avisei que a casa tem uma porta – como qualquer outra casa –, mas ele só dá de ombros e diz que é "mais emocionante assim". Às vezes acho que ele faz de propósito, só pra me deixar nervosa.

Ontem à noite, ele veio aqui de novo. O som na varanda nem me assustou mais; já era quase previsível. E lá estava ele, meio ofegante, com aquele sorriso de lado que sempre me desmonta. Pulou a varanda como se fosse a coisa mais normal do mundo, como se a adrenalina não mexesse em nada com ele. Eu só consegui rir, balançando a cabeça, já sem nem tentar questionar.

Ele se aproximou sem pressa, daquele jeito que me dá a sensação de que ele tem todo o tempo do mundo. Nem precisou falar nada. Só a presença dele já parecia dizer tudo. Eu tentei manter a pose, fingir que não me afetava, mas o jeito como ele me olhava, como se sempre soubesse mais do que eu, me desarmava toda vez.

Sem trocar muitas palavras, ele veio mais perto, e, antes que eu percebesse, estávamos no sofá da varanda, se pegando horrores, com uma intensidade que misturava o vento fresco da noite com tudo que estava acontecendo ali. O jeito como ele me puxava, com aquela urgência misturada com cuidado, fazia o resto do mundo sumir.

A questão é que a varanda dá direto pro quarto, e não demorou muito pra gente ouvir passos no corredor e alguém gritando meu nome. Abel. Meu coração quase parou. Por um segundo, pensei que a gente ia ser pego, mas aí, como uma salvação, escuto Kiara chamando meu pai, inventando uma desculpa qualquer pra ele sair dali. Não sei o que ela disse exatamente, mas agradeci mentalmente na hora.

𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora