𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎.

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𝐌𝐀𝐘𝐀.

A casa não era tão luxuosa quanto eu tinha imaginado, mas ainda assim exalava um certo charme. Situada em um condomínio tranquilo e bem cuidado, tinha dois andares e ficava a uma curta distância da praia, de onde o som suave das ondas podia ser ouvido.

As portas de vidro refletiam a luz do sol, fazendo a fachada brilhar suavemente, quase como um convite para entrar. Para chegar à entrada, havia uma pequena escada de pedra, cercada por vasos com plantas bem cuidadas, que traziam um toque de vida ao ambiente. Meu pai estava à minha frente, concentrado em destrancar a porta. Enquanto ele lutava um pouco com a fechadura, eu parei por um instante no pé da escada, sentindo a brisa suave balançar meus cabelos. O ar estava fresco. Era tudo muito bonito, mas o que realmente importava estava lá dentro: a nova vida que meu pai havia construído, uma nova família que eu estava prestes a conhecer.

O lugar ficava bem próximo à praia, e a maresia era perceptível no ar. Nunca cheguei a conhecer o mar, embora essa seja uma das minhas maiores vontades. Desde criança, sempre imaginei como seria estar diante daquela imensidão azul, sentir a areia fria sob meus pés e o cheiro salgado do vento acariciando meu rosto. Ouvi tantas histórias sobre o oceano - sobre o mistério das profundezas, a dança infinita das ondas, o horizonte que parece tocar o céu. Mas, para mim, o mar sempre foi algo distante, um sonho que habita mais nos meus pensamentos do que na realidade.

Será que minha mãe chegou a conhecer o mar antes de morrer? Essa pergunta ecoa na minha mente. Ela nunca compartilhava muito sobre sua adolescência e, para ser sincera, nunca vi nenhuma fotografia de viagens ou momentos marcantes dessa época. Isso me faz acreditar que sua juventude pode não ter sido das melhores.

Às vezes, imagino como teria sido a vida dela naqueles anos. Será que ela sonhava em viajar e ver o mar? Será que havia lugares que ela desejava conhecer, mas nunca teve a oportunidade? A falta de relatos e imagens me deixa com uma sensação de vazio, como se houvesse um capítulo importante da sua vida que eu nunca conseguiria acessar.

Sinto que cada detalhe não revelado carrega um peso emocional, e isso me faz querer entender mais sobre a mulher que ela foi antes de se tornar mãe. O que a fazia sorrir? Quais eram seus medos e anseios? Essas perguntas se tornam ainda mais intensas quando penso em como a vida dela pode ter moldado quem eu sou hoje. E às vezes me pergunto se, no silêncio da minha mãe, havia uma tristeza tão profunda que nem o mar poderia curar.

Vejo meu pai finalmente destrancar a porta, e nós entramos. Assim que cruzamos a entrada, fui surpreendida pela beleza do ambiente. Cada detalhe parecia ter sido cuidadosamente pensado, como se cada peça de mobília e decoração tivesse sido escolhida com muita atenção. A classe do lugar era discreta, mas evidente.

O piso de mármore brilhava sob a luz natural que entrava pelas grandes janelas, e as paredes, pintadas em tons neutros, davam uma sensação de aconchego sem perder o charme. As cores dos móveis e acessórios, em perfeita harmonia, criavam um ambiente acolhedor, mas também sofisticado. Um lustre moderno pendia do teto da sala de estar, espalhando uma luz suave que fazia tudo parecer ainda mais convidativo.

𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora