𝐒𝐄𝐈𝐒.

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𝐌𝐀𝐘𝐀.

― A última coisa que eu preciso agora é um namorado.

― Não, nada disso! Meu Deus, não estou falando de namorar. Estou falando de algo mais leve... sabe? Tipo um romance de verão. Mas, tudo bem, já entendi.

O que eu mais queria naquele momento era que ela saísse do quarto. Precisava de um pouco de privacidade para organizar meus pensamentos.

― Onde você quer ir às compras amanhã?

― Qualquer brechó ou bazar por aqui serve.

― Brechó? Bazar? ― Ela ri, mas logo percebe que não estou brincando. ― Você tá falando sério?

Ela fica sem jeito, e talvez seja nesse instante que percebe o quanto somos diferentes, o quanto nossas realidades não se parecem em nada.

Não tenho ideia de como vou sobreviver tanto tempo ao lado de pessoas com quem não tenho absolutamente nada em comum. Sinto uma vontade esmagadora de chorar. Não entendo bem o porquê, mas as lágrimas ameaçam aparecer. De repente, a razão surge: sinto falta de casa, da minha mãe, até do cheiro de cigarro. Nunca imaginei que diria isso, mas era um cheiro autêntico. Este quarto, esta casa... O ar está impregnado de riqueza, elegância e um conforto sofisticado, algo completamente diferente de mim e da minha história.

― Acho que vou tomar um banho ― digo, tentando soar casual, mas com um peso na voz que não consigo disfarçar.

Kiara me observa por um instante e, finalmente, percebe que é a hora dela sair. Mas antes, ela se vira novamente.

― Só não demora, tá? Minha mãe gosta que a gente almoce em família, especialmente nos fins de semana ― comenta, revirando os olhos.

Ela sai e fecha a porta do quarto atrás de si, deixando-me sozinha. Paro no meio do cômodo, os olhos vagueando por cada detalhe da decoração impecável. Nunca me senti tão fora de lugar como agora. Quando morava com minha mãe, por pior que fosse a situação, ainda havia uma sensação de pertencimento, de que aquele caos era parte de mim. Mas aqui, neste espaço perfeito, tudo parece estranho, frio, inalcançável. O silêncio ecoa de uma forma que me faz sentir ainda mais só, como se a distância entre quem sou e onde estou fosse um abismo que não sei como atravessar.

Tento me mover, fazer qualquer coisa para afastar essa sensação sufocante, mas meus pés parecem presos ao chão, e a única coisa que consigo fazer é ficar ali, perdida em pensamentos que só me levam mais fundo ao vazio.

Preciso contar a meu pai o que aconteceu.

Respiro fundo e vou até o banheiro, tomo um banho quente e relaxante. Assim que termino de me vestir, alguém bate na porta. Kiara. Ela enfia a cabeça pela porta.

― O almoço está pronto!

Com a porta agora aberta, posso ouvir vozes vindo do andar de baixo, vozes que claramente não pertencem ao meu pai nem à Ana.

𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora