𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎.

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Mas não sei o que fez
Tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei.

Mas não sei o que fezTudo mudar de vezOnde foi que eu errei?Eu só sei que amei

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𝐌𝐀𝐘𝐀.

A salinha é tão pequena que parece não ter ar suficiente. As paredes são de um tom cinza desgastado, e a iluminação fluorescente gera um brilho frio, quase desconfortável. O ar é pesado, como se estivesse saturado de tensão e desespero, tornando difícil até mesmo respirar. Uma mesa minúscula ocupa o centro do espaço, cercada por quatro cadeiras de metal, frias e desconfortáveis. Meu pai está sentado ao meu lado.

Eu me inclino para o lado, tentando preservar meu espaço pessoal, embora seja uma batalha perdida. Minhas mãos estão entrelaçadas na cabeça, os dedos deslizando pela minha testa, enquanto uma onda de preocupação me consome. O que vai acontecer aqui? O que eles querem de mim? O que farão com Richard?

Meu pai, ao meu lado, parece dividido entre a frustração e a preocupação. Ele balança a cabeça, claramente irritado com a situação, mas a preocupação em seu olhar é nítida. Sua mandíbula está tensa, e as mãos, que repousam sobre a mesa, se contraem em punhos cerrados de vez em quando, como se estivesse lutando contra a impotência que nos envolve. Ele tenta manter a calma, mas sua respiração rápida entrega o que ele não diz em voz alta.

No canto da sala, uma pequena janela embaçada serve de lembrança de que o mundo exterior ainda existe, mas aqui dentro, o tempo parece parar. Cada segundo que passa é uma eternidade, e o silêncio é ensurdecedor, interrompido apenas pelo leve sussurro de papéis sendo manuseados e o barulho distante de vozes que ecoam nos corredores.

Eu quero gritar, quero que tudo isso acabe, mas em vez disso, me concentro em meu pai, tentando decifrar seu olhar. Ele é o meu apoio, mas mesmo assim, a sensação de vulnerabilidade é esmagadora. A pequena mesa entre nós se torna um obstáculo, um símbolo da distância que a situação criou entre nós e a liberdade que tanto desejamos.

A policial entra na sala com um bloco de notas e uma caneta, sua expressão é firme, mas não hostil. Sinto um frio na barriga enquanto ela se senta de frente para mim, o cheiro do papel e da tinta misturado ao ar pesado me deixa ainda mais ansiosa.

― Maya, não queremos causar mais estresse do que o necessário ― ela começa, a voz controlada. ― Estou aqui apenas para esclarecer algumas coisas. Você se sente confortável para conversar?

Confortável? A palavra parece um eufemismo. Eu me esforço para assentir, mas a realidade do momento me faz questionar o que poderia ser “confortável”.

― Sim ― respondo,minha voz sai mais trêmula do que gostaria. Sinto meu coração acelerando, cada batida ecoando no silêncio da sala.

Ela faz uma anotação rápida antes de olhar nos meus olhos.

― Você estava em casa com Richard na noite de ontem, certo?

― Sim. ― respondo, forçando um tom normal. Na verdade, estávamos muito mais do que apenas juntos. A lembrança do que aconteceu entre nós na noite passada me enche de calor, mas logo a realidade gélida do interrogatório me puxa de volta. O que isso tem a ver com o que está acontecendo agora?

𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora