𝐌𝐀𝐘𝐀.Colocamos todas as sacolas no porta-malas. Kiara insistiu para que eu levasse um monte de roupas. Assim que saímos do shopping, ela quis parar em uma sorveteria. Enquanto ela falava sem parar, eu estava distraída, tentando descobrir como configurar meu novo celular.
— Quer ajuda? — pergunta Richard ao me ver lutando com o aparelho.
Olho para ele, que estava encostado no carro com as mãos nos bolsos. Entrego o celular a ele, que começa a ler as instruções que aparecem na tela.
— Você vem, Maya? — Kiara pergunta, referindo-se à sorveteria.
Aponto para o celular nas mãos de Richard.
— Pode ir na frente. Ele está me ajudando a configurar o celular.
Kiara sorri e pisca para mim, o que me faz revirar os olhos automaticamente. Como se o simples fato de ele me ajudar fosse fazer a gente se apaixonar e ter dois filhos e um cachorro! Odeio saber que ela não vai desistir; sinceramente, não tenho interesse algum.
O celular começa a reiniciar e um silêncio constrangedor preenche o ambiente. Olho para as crianças que brincavam na pracinha próxima. É um desconforto tão estranho que torço para que ele fale alguma coisa, mas nada acontece. Então me arrisco:
— O pôr do sol é lindo aqui, não é? — comento, observando o sol desaparecer lentamente no horizonte. Logo percebo o olhar dele sobre mim.
— Espera só para ver da sua sacada. Fica lindo junto com a praia.
— Imagino — digo, ainda fascinada pela paleta de cores que se espalha pelo céu.
— Sabe, dizem que quando você deseja muito algo, é só pedir durante o pôr do sol. Ele leva o recado até Deus.
— Sério? — pergunto, virando-me para ele, que já me observava com atenção.
Nesse momento, Kiara aparece com duas casquinhas na mão.
— Voltamos! — ela diz, entregando uma para mim.
— Obrigada — respondo, com um leve sorriso.
Raphael entra no carro e pergunta:
— Vamos?
Todos nos acomodamos enquanto Richard ainda segura meu celular, concentrado em configurá-lo. De repente, a tela liga novamente, mostrando que já está pronta para uso.
— Quer que eu adicione o número de todo mundo? — ele pergunta, pegando seu celular e procurando os contatos.
— Pode ser.
Ele adiciona os números de Kiara e Marcos, e em seguida o dele. Depois de mexer em mais algumas configurações, me entrega o aparelho.
— Precisa de um tutorial?
Faço um sinal negativo com a cabeça.
— Nunca tive um celular, mas já mexi em um antes. Um amigo lá perto de casa tinha um desses.
— E onde seria "perto de casa"?
— Porto Alegre — respondo. — E você, de onde é?
Ele me observa por um momento sem dizer nada e então desvia o olhar.
— Colômbia — responde, virando-se para a janela do carro como se quisesse encerrar o assunto.
O caminho inteiro foi silencioso. De vez em quando, ouvia as risadas de Kiara quando seu namorado dizia algo engraçado. Raphael nos deixou na frente de casa e depois foi embora com Richard.
Quando chegamos em casa, guardei todas as minhas coisas novas com cuidado, tentando organizar a bagunça da minha mente. Essas últimas vinte e quatro horas foram intensas, para dizer o mínimo. Sinto-me exaurida, como se o peso do luto estivesse começando a se instalar em meu coração.
Estava morrendo de fome e fui até a cozinha, onde encontrei meu pai sentado no balcão tomando café. Ao me ouvir entrar, ele ergue os olhos.
— Oi — diz ele, depois de tomar mais um gole de café. — Tudo bem?
Faço que sim com a cabeça enquanto abro a porta da despensa e pego um saco de salgadinhos. Fecho a porta e me viro para sair dali e me trancar no quarto, mas escuto meu pai me chamar:
— Maya... precisamos conversar.
Olho para ele um pouco assustada, questionando-me se ele havia descoberto tudo sobre Melissa. Sento na cadeira à sua frente, tentando manter a calma. Ele ficou parado por um momento em silêncio, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas.
— Me desculpa...
— Pelo quê? — pergunto, confusa.
— Por não ter sido um pai presente nesses últimos anos.
— Tudo bem... você estava ocupado com sua nova família...
— Maya... — falou com olhar triste.
— Eu não ligo, pai. De verdade. Você tinha que viver sua vida, né?
— Eu quero recuperar todo esse tempo perdido enquanto você estiver aqui...
É meio tarde pra isso, não acha? pensei, enquanto forçava um sorriso e me levantava para sair da cozinha, quando dou de cara com Kiara.
— Maya! Se arruma! A gente vai em uma resenha!
— Resenha? — perguntei, sem muito ânimo.
— Sim, na casa de um amigo do Rapha.
— Estou muito cansada.
— Ah, vamos, Maya, por favorzinho! — Kiara fez um biquinho, provavelmente o que sempre faz para conseguir tudo que quer. Mas comigo, não rola.
— Vai, Maya, vai ser bom pra você conhecer mais gente da sua idade. Só não cheguem muito tarde, está bem? — disse meu pai, que escutava nossa conversa e deu seu aval.
Votem se estiverem gostando e interajam,pliss!! Perdão pelo ep mini.
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𝐂𝐈𝐂𝐀𝐓𝐑𝐈𝐙𝐄𝐒 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀- Richard Ríos
Romance𝐀𝐒 𝐕𝐄𝐙𝐄𝐒 𝐍𝐎𝐒 𝐀𝐅𝐎𝐆𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐍𝐀 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐑𝐀𝐒𝐀... Maya cresceu sob a sombra de uma mãe problemática e de um pai ausente, aprendendo desde cedo a se virar sozinha em um mundo repleto de desafios. Sua infância foi marcada por decepçõ...