Capítulo 34

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P.o.v Melody

Eu não conseguia me livrar daquele desconforto que estava me consumindo, então decidi sair para a varanda. A noite estava tranquila, mas a vista da estrada onde Gabriel e Eduardo tinham passado mais cedo não ajudava a acalmar minha mente.

De repente, senti minhas asas se abrirem sozinhas. Quando percebi, já estava voando. Era como se algo estivesse me puxando para um lugar específico. Não fazia ideia do que estava acontecendo, mas alguma coisa dentro de mim gritava para eu seguir em frente — e rápido.

Enquanto voava, o vento suave e a sensação de liberdade deixavam tudo ainda mais inacreditavel. A estrada foi ficando cada vez mais distante, e a cidade lá embaixo virou um borrão de luzes e sombras. A direção que eu estava seguindo ficava cada vez mais clara, como se um fio invisível estivesse me guiando.

Logo, cheguei a uma área mais afastada da cidade, onde as luzes eram bem mais fracas e a vegetação era mais densa. A sensação de urgência ficou ainda mais forte, e eu senti que precisava me aproximar mais. Meus instintos estavam a mil, e eu comecei a me sentir ansiosa.

Pousei em um campo aberto, iluminado suavemente pela luz da lua. A vegetação estava alta, e o som dos insetos noturnos preenchia o silêncio. Olhei ao redor, tentando entender o que estava me chamando. O desconforto deu lugar a uma sensação de que eu estava exatamente onde deveria estar.

Através da vegetação, consegui ver asas e chifres vermelhos escuros. Logo percebi que era Eduardo. Sem pensar muito, corri até ele e, com um pouco de dificuldade, o abracei. Ele pareceu paralisar por um instante, surpreso com a minha presença, mas não o soltei. A sensação de urgência sumiu, e eu deixei escapar um suspiro de alívio.

— Me-Melody? — A voz hesitante de Gabriel me fez olhar para ele. Antes que eu pudesse soltar Eduardo, ele me segurou firme em seus braços.

— O que você está fazendo aqui? — A voz de Eduardo era tranquila, e ele me olhou com uma ternura que me deixou meio envergonhada, mas aliviada.

— Não sei direito. Senti que precisava vir — falei, ainda confusa.

Eduardo me olhou por um segundo e depois notou que estava meio transformado. Ele relaxou o aperto, cuidando para não me machucar.

— Entendo. Parece que você percebeu que eu estava prestes a perder o controle através da nossa ligação de companheirismo — disse Eduardo, um breve sorriso surgindo em seu rosto, mas logo ele voltou à sua calma habitual.

— Sim, eu... eu acho que sim. — Respondi, ainda com um pouco de hesitação. — Eu só sabia que precisava estar aqui.

Congelei quando percebi o cheiro de Erick. Antes que eu pudesse reagir, senti Eduardo me puxando mais para perto, sua mão firme nas minhas costas, enquanto a outra repousava suavemente sobre minha cabeça, me forçando a repousar contra seu peito.

Seu cheiro era reconfortante, uma mistura de algo amadeirado e quente, como uma lareira acesa em uma noite fria. Por um momento, todo o medo começou a se dissipar, substituídos por uma sensação de segurança que Eduardo traz.

— Não se preocupe, estou aqui. — A voz de Eduardo era baixa, quase um sussurro, mas foi o suficiente para me fazer relaxar.

— Erick, ações valem mais que palavras, cara. Não force a barra, você que desistiu — Eduardo falou firme e me levantou no colo, me fazendo dar um pulinho de susto.

Após Eduardo me carregar para longe, senti que Gabriel não nos seguiu. Olhei para trás e percebi que ele ficou onde Erick estava. Sua expressão era séria e parecia que ele estava pronto para lidar com a situação.

A Princesa Perdida - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora