capitulo 39

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P.O.V. Melody

Acordo com a luz suave do sol atravessando as cortinas. Por um momento, a confusão toma conta de mim; este quarto não é o meu. Então, a lembrança vem à tona: Gabriel me colocou na cama, deu-me um beijo de boa noite e saiu. Só de lembrar, meu rosto começa a esquentar.

"AAAAAH, o que diabos eu estou fazendo?" — grito internamente, lutando para não deixar escapar o som.

A imagem do rosto de Gabriel, com aquelas sardas adoráveis, todo vermelho quando toquei suas orelhas, surge na minha mente. A vontade de apertar suas bochechas me consome. Lembro do olhar magoado que ele lançou quando o afastei, e do jeito como ele me beijou suavemente na testa antes de sair. Aquele sorriso amoroso...

"Porra, ele é muito fofo!" — agarro o travesseiro com força, tentando conter a explosão de sentimentos dentro de mim.

Enquanto o calor nas minhas bochechas diminui, meus pensamentos desviam para Eduardo.

Ele sempre foi mais sério, mas não deixa de ser incrivelmente atencioso. Quando o vi em sua forma meio dragão, não havia percebido o quão impressionante ele era. Mas agora, ao lembrar de suas asas vermelhas, do rabo que se move como o de um gato, e da vontade súbita de tocar seus chifres...

E aquela sugestão sutil, de que a cama dele é de casal... Como se ele estivesse insinuando que eu poderia dormir com ele...

Sinto meu coração acelerar e meu rosto esquentar ainda mais.

"Eu virei uma obcecada pelos chifres dele ou o quê?" — penso, confusa e envergonhada. — "Eu... Por acaso tenho fetiche com isso... NÃO!" logo descarto essa ideia, sacudindo a cabeça.

Tento imaginar outra pessoa com chifres, mas a ideia não me atrai. É só com o meu Edu que essa vontade surge.

— Meu Edu? — murmuro em voz baixa, tentando processar meus próprios pensamentos.

Ainda perdida em meus pensamentos, respiro fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. O som da casa ao redor é tranquilizador, com os pássaros cantando do lado de fora e o farfalhar suave das cortinas. Talvez seja só coisa da minha cabeça, mas...

De repente, ouço um leve ruído na porta, como se alguém tivesse se mexido. Olho rapidamente, meu coração quase saindo pela boca. Para minha surpresa, vejo Eduardo encostado casualmente no batente, com aquela expressão calma que ele sempre tem.

— Eduardo! — exclamo, surpresa, levando uma mão ao peito. — Há quanto tempo você está aí?

Ele apenas sorri, um sorriso leve que não revela muito, mas seus olhos brilham com um misto de diversão e algo mais que não consigo decifrar.

— Cheguei agora, — ele diz, em um tom suave e descontraído demais. — Estava vendo se você já tinha acordado.

— Ah, claro... — gaguejo, tentando esconder o nervosismo. Mas o olhar dele permanece fixo em mim, como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.

"Será que ele ouviu?" — Tento afastar o pânico crescente.

— Bom, eu... estava só me preparando para sair, — digo, quebrando o silêncio desconfortável enquanto me movo para sair do quarto.

Ele dá um passo para o lado, abrindo espaço para que eu passe.

— Tudo bem. Vamos, então.

Enquanto caminhamos juntos pela casa, sinto seus olhos em mim por mais tempo do que o habitual. Meus pensamentos correm, tentando entender se ele realmente ouviu algo ou se é apenas a minha imaginação. O silêncio entre nós é denso, mas não desconfortável, como se ambos estivessem lidando com algo não dito.

A Princesa Perdida - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora