»★« ; 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟑𝟒

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“A água é meu olho
Espelho mais fiel
Destemido em minha respiração
Lágrima no fogo da confissão
Destemida em minha respiração”.

— Massive Attack; Teardrop.

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ᴸᵒˢ ᴬⁿᵍᵉˡᵉˢ; ᴱᵁᴬ ⁰³ ᴰᵉ ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²⁴

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ᴸᵒˢ ᴬⁿᵍᵉˡᵉˢ;
ᴱᵁᴬ ⁰³ ᴰᵉ ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²⁴

Ao atravessar a porta dos fundos do bar, que levava à maldita sala onde aquele desgraçado me aguardava, acelerei meus passos, tomado por uma fúria devastadora. Tudo parecia desmoronar ao meu redor, e nada estava indo conforme o planejado. Meus homens ainda não tinham conseguido encontrar Kênia, que desapareceu no instante em que dei um fim ao namorado dela, há sete anos. E, como se isso não bastasse, aquele maldito do Tourino apareceu durante a minha ausência e fez um rombo na minha pirâmide de ranking nas pistas da minha equipe. Agora, nem mesmo Makal conseguia dar conta do prejuízo; aquele moleque imprestável. Eu deveria ter acabado com ele e com a irmã quando tive a chance, quando ele estava desesperado para salvá-la. E agora, só se falava do Tourino. O filho da puta desapareceu sem deixar rastros, debochando da minha cara e esgotando o pouco da minha paciência que restava. Estou louco para pegar aquele demônio encarnado e roubar para mim o poder que ele ostenta em seu sangue adormecido.

Assim que invadi a sala escura, impregnada pelo cheiro de cigarros baratos e maconha, meu punho se chocou contra a mesa, ecoando um estrondo pelo ambiente. A cadeira à minha frente girou lentamente, revelando os olhos azuis já turvos pelas substâncias que o desgraçado havia consumido. Filho da puta drogado. Um sorriso cínico surgiu em seus lábios ao encontrar meu olhar.

— Victor. Que surpresa vê-lo aqui, hermanito. 

A voz dele saiu arrastada, quase zombeteira, enquanto aquele sorriso cínico permanecia estampado em seu rosto. Cada palavra parecia carregada de veneno, uma provocação deliberada que fazia meu sangue ferver ainda mais.

— Filho da puta! — rosnei, apontando o dedo em sua direção. — Até quando você vai ficar nas sombras, hein? 

Minha voz retumbou, carregada de fúria, mas ao invés de intimidá-lo, apenas fez o sorriso dele se alargar ainda mais. Cada palavra que saía da minha boca parecia alimentar sua diversão perversa, como se minha raiva fosse o combustível que ele precisava para continuar com aquele jogo doentio. Sua risada ecoou pelo ambiente sombrio, quebrando o silêncio opressivo da sala mal iluminada. O único ponto de luz vinha de um abajur velho e manchado atrás dele, que projetava sombras distorcidas em seu rosto. Seus olhos azuis, enevoados pelas drogas, me examinaram com um brilho cruel, como se ele estivesse saboreando cada gota da minha fúria.

Com uma calma provocativa, ele apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos e descansando o queixo nas mãos. A postura relaxada, quase casual, contrastava com a tensão que dominava o ar, uma tensão que ele parecia controlar com maestria. 

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