»★« ; 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟑𝟕

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“Ninguém ama ninguém. Não quero me apaixonar. Ninguém ama ninguém.”

— Wicked game; Chris Isaak

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ᴸᵒˢ ᴬⁿᵍᵉˡᵉˢ; ᴱᵁᴬ ¹² ᵈᵉ ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²⁴

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ᴸᵒˢ ᴬⁿᵍᵉˡᵉˢ;
 ᴱᵁᴬ ¹² ᵈᵉ ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²⁴

Ainda levaria um bom tempo para me acostumar com o novo corte de cabelo. Para alguém que sempre teve madeixas longas, que chegavam até a cintura, era estranho olhar no espelho e ver o cabelo agora apenas alguns centímetros abaixo do peito, quase tocando a primeira costela era frustrante. Quando cheguei em casa após sair do hospital, desabei em lágrimas. Anthony tomou essa decisão sem o meu consentimento, mesmo afirmando que não havia outra opção para o meu cabelo. Se eu não tivesse ido à casa abandonada dos Torres, nada disso teria acontecido. E aquela presença esmagadora que avistei em meio às chamas... era tão bizarra e aterrorizante que, deitada na cama do hospital, comecei a delirar, a ponto de precisarem me sedar com calmantes. Isso era desgastante.

Apesar desse pequeno contratempo, quase soltei fogos de artifício quando cheguei em casa e ouvi minha mãe dizer que tio Andrew finalmente havia conseguido uma casa para ele e tia Olivia, em um bairro bem distante do nosso. Não era o suficiente para afastar sua maldita presença de mim por completo, mas ao menos eu poderia ter uma noites de sono tranquila. A verdade é que só terei paz de verdade no dia em que me disserem que um caminhão passou por cima dele e, de preferência, explodiu em chamas.

No entanto, minha felicidade foi rapidamente sufocada. Assim que cheguei, fui recebida com um coro de repreensões de todos os lados, até mesmo dos meus irmãos, que raramente se uniam para coisas deste tipo. Cada palavra pesada caía sobre mim como um golpe, arrancando qualquer vestígio de alegria que eu poderia ter sentido ao saber da mudança de tio Andrew. Não importava o quanto eu tentasse me justificar, os olhares de desaprovação e as palavras duras não cessavam. A casa, que deveria ser um refúgio, parecia mais um tribunal, onde minha felicidade não tinha espaço para existir no momento de repreensões. Mas eu os entendia perfeitamente. Eles estavam preocupados, e com razão. Eu quase morri naquela casa em chamas. Aquele dia foi um dos piores da minha vida, e não foi apenas pelo medo pela minha própria vida, mas pela Harper também. Eu a arrastei para aquela situação, e se algo tivesse acontecido de pior com ela, eu nunca me perdoaria. 

Suspirei aliviada ao perceber que aquele pesadelo havia passado. No entanto, desde aquele dia, Tourino nunca mais apareceu; nunca mais entrou pela minha janela. Mesmo que eu não gostasse da ideia no início, o problema era que, aos poucos, eu estava começando a apreciar sua presença. Ele tinha me ajudado em noites horríveis, sem saber o quanto havia feito por mim. Agora, saber que ele cumpriu sua ameaça de ir embora me deixava com uma raiva amarga. O peso da maldita semana que havia sido uma verdadeira catástrofe parecia ainda mais opressivo.

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