»★« ; 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟐𝟐

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“Não consigo evitar, tenho segredos que não posso dizer.
Louvados sejam o rei e a rainha do tumulto.
Eu ando no meu limite.
Eu sempre gostei de brincar com fogo.”

— Play With Fire; Sam Tinnesz

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ᴸᵒˢ ᴬⁿᵍᵉˡᵉˢ; ᴱᵁᴬ ⁰² ᵈᵉ ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²⁴

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ᴸᵒˢ ᴬⁿᵍᵉˡᵉˢ;
ᴱᵁᴬ ⁰² ᵈᵉ ᶠᵉᵛᵉʳᵉⁱʳᵒ ᵈᵉ ²⁰²⁴

Me isolar de tudo que me fazia mal, da vida, da sociedade e até mesmo das redes sociais me trouxe um alívio inesperado, mesmo que apenas parcial. Meu coração, antes pesado e dolorido como se tivesse sido atingido por uma flechada, já não doía daquela forma, não mais. Minha mente, incrivelmente, estava silenciosa, o que era extremamente reconfortante. Nunca pensei que, após dois anos, ela encontraria paz, mas talvez estivesse apenas calada porque eu estava sempre envolta do aconchego e na presença confortante dos meus irmãos. Ter a companhia deles neste momento tão delicado era crucial para mim; só assim eu não me sentiria uma estranha.

Ser uma humana com conflitos internos, com uma mente barulhenta e uma sensibilidade tão devastadora, significava ser uma garota insegura, com medo de expressar o que a incomodava. Eu era uma pessoa fechada, incapaz de compartilhar o que me machucava. Quando isso acontecia, minhas palavras sempre voltavam contra mim, e as pessoas minimizavam meus sentimentos, tratando-os como meras tolices. 

A solidão, paradoxalmente, tornou-se minha aliada. Longe dos julgamentos e expectativas alheias, comecei a redescobrir minha própria paz. Ela se tornou meu esconderijo, onde eu podia me refugiar e me proteger das tempestades de problemas que ocorriam lá fora. Mesmo assim, ainda havia resquícios de notícias do outro lado, que penetravam meu refúgio e perturbavam minha tranquilidade. Minha paz não era completa, e eu não era forte o suficiente para conter minha ansiedade. Mesmo em meu esconderijo, ainda me sentia uma estranha.

Sentia que todos os problemas ao meu redor eram culpa minha, e não havia nada nem ninguém que pudesse me convencer do contrário. Ver a tela do celular brilhar repetidamente durante a semana com mensagens e ligações irritantes me afundava mais a cada minuto. Sentia medo, medo do que estavam dizendo e ainda mais medo do que Maison estava tentando dizer. Ele me destruiu e não se importava com o quanto isso me machucava ou com meu bem-estar. Tudo sempre girava em torno dele, sempre ele, por ele e para ele.

E tudo o que acontecia ao nosso redor, de todas as maneiras que ele me machucava, ele sempre arranjava uma desculpa. Dizia que não viu, que não fez nada, que eram as pessoas que estavam contra ele. Se a história não fosse convincente, ele distorcia tudo até conseguir colocar a culpa em mim. Era sempre minha culpa, segundo ele. Sempre minha.

Ele manipulava os fatos com uma habilidade assustadora, transformando-se na vítima de sua própria crueldade. Suas palavras cortavam minha autoestima, fazendo-me duvidar da minha própria percepção da realidade. Cada discussão terminava da mesma forma: eu me sentindo culpada e confusa.

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