»★« ; 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟑𝟐

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“ Sem limites, sem teto, sem coroa
Nenhuma pressão vai me impedir
Sem parar até eu quebrar todas as regras
Não há limites para o que eu posso fazer
Nenhum lugar é longe demais.”

— No limits; Royal Deluxe

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Após a interminável burocracia das papeladas e da concessão da tutela temporária de Emma, finalmente estávamos fora daquela sala sufocante

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Após a interminável burocracia das papeladas e da concessão da tutela temporária de Emma, finalmente estávamos fora daquela sala sufocante. Cada um de nós com seus próprios fardos para carregar. O meu, sem dúvida, era o mais pesado: eu teria que passar por um processo de "limpeza". Que absurdo! Isso beirava o ridículo. E o resultado do meu exame? Não eram catastróficos, mas também não traziam boas notícias. Estavam num limbo que, com certeza, faria o velhote desabar ao ver a última linha.

1. Eu estava bem, nenhuma doença terminal.

2. Eu não estava contaminado; meus exames não apontavam nenhuma doença transmissível. Um alívio, pelo menos.

3. Eu era o único herdeiro, o último descendente que o velho  Agnácio teria.

O grande plano dele de me casar para restaurar o nome da família Torres? Isso foi pelos ares, explodido em mil pedaços. E com certeza ele aproveitaria a chance para explodir minha cabeça também. Tudo consequência de anos de abuso das substâncias. 

Droga, o que usei por todos estes sete anos pra calar meus demônios, pra me fazer dormir ou silenciar a minha mente acabou me prejudicando, e se eu não passar-se para processo de limpeza agora, eles tirariam a Emma de mim, e no futuro eu nunca poderia ter minha própria família. 

— Se você não suavizar essa sua cara... — começou Elisa, com aquela voz ácida e provocativa de sempre.

— Shhhh — eu a interrompi bruscamente, sentindo o peso esmagador do mundo desabando sob meus pés. — Não enche, estou me controlando aqui!

Elisa revirou os olhos, soltando um resmungo irritado, mas não insistiu. Caminhamos em silêncio até onde Kenji e Alejandro nos esperavam, com Emma adormecida nos braços de Kenji, seu pequeno corpo aninhado contra ele, alheia a todo o caos que nos cercava.

— Então? Vocês conseguiram? — perguntou Alejandro, sua voz carregada de expectativa e uma pitada de tensão.

Elisa, sempre pronta para um comentário sarcástico, não perdeu tempo:

— O idiota aqui vai bancar ela — respondeu, apontando para mim com um desdém que não fazia questão de esconder. — Durante a semana, ela fica comigo, e no fim de semana ele se vira. Ou melhor, vocês se viram.

Ela nos olhou como se já estivesse antecipando o desastre que viria dessa arranjo improvisado. Eu, por outro lado, só conseguia pensar em como esse novo fardo se somaria ao peso que já estava prestes a me esmagar. Ser responsável por Emma... como se minha vida já não fosse complicada o bastante. A ideia de dividir essa responsabilidade com Elisa, alguém que eu mal suportava, só tornava tudo ainda mais insuportável. 

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