»★« ; 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟏𝟓

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“Ovos quebrados, pássaros mortos
Gritam enquanto lutam pela vida
Eu posso sentir a morte, posso ver seus olhos redondos e brilhantes.”
Radiohead; Street Spirit (Fade Out).



Los Angeles, EUA

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Los Angeles, EUA.
27 de janeiro de 2024.

Há sete anos atrás, minha vida sofreu uma transformação devastadora, uma mudança que eu nunca poderia ter previsto. Naquela época, eu era apenas um jovem com sonhos e ambições, caminhando pela vida com a certeza de que o futuro era cheio de incertezas e diversas possibilidades. Em um mês, vi tudo se desmoronar aos poucos até que finalmente veio o colapso. Como se não bastasse perder tudo o que amava, uma notícia quase assustadora havia se espalhado no jornal. Eu estava no refeitório do presídio quando constatei aquilo inquieto.

Hoje, dezessete de Dezembro de dois mil e dezessete,” anunciava o telejornal com uma solenidade gélida, “um massacre sem precedentes abalou Los Angeles. A família Torres, conhecida por seu império criminoso, foi brutalmente assassinada em sua residência. Nenhum dos presentes sobreviveu.”

As palavras ecoaram pelo refeitório, transformando o murmúrio constante dos presos em um silêncio mortal. Todos estavam mortos. Tudo o que eu conhecia e repudiava em todos os meus anos havia virado um tsunami de sangue e montanhas de corpos jogados. Por tanto eu não estava feliz, eu queria ter feito aquilo. Mas eu já estava encarcerado aqui. Eu... sou o único Torres que ainda respirava?

Meu coração batia descompassado, uma mistura de alívio e desespero me consumindo. A notícia da morte de todos os meus familiares me atingiu como um soco no estômago. Pensei nas noites em que ouvia os planos cruéis, nas vozes cheias de ódio e ambição que ecoavam pelos corredores da mansão. Eles estavam mortos, todos eles, e não havia mais volta. Minha mente corria por uma avalanche de lembranças, momentos vividos sob a sombra daquele império de terror que agora estava destruído.

Eu queria sentir alguma satisfação, um senso de justiça ou vingança, mas tudo o que restava era um vazio esmagador. O ódio e a repulsa que eu sentia por minha própria família nunca foram suficientes para apagar o fato de que eles eram parte de mim, que nossas vidas estavam entrelaçadas de maneiras perversas e inescapáveis.

Enquanto as imagens da chacina preenchiam a tela diante de mim, eu me via confrontado com uma verdade inegável. O verdadeiro herdeiro estava vivo. Mesmo com a notícia devastadora, eu permanecia impassível. Não era por falta de emoções, mas sim porque eu havia sido moldado para não senti-las. Desde muito jovem, fui ensinado a endurecer meu coração, a suprimir qualquer resquício de humanidade que pudesse me enfraquecer.

A realização de que o desejo dos Torres se concretizou veio de forma cruel: perdi meus dois irmãos e, logo em seguida, fui forçado a cometer oito assassinatos para sobreviver. A cada vida que eu tirava, eu afundava ainda mais na escuridão que me rodeava. Aquelas mortes não eram apenas um ato de autodefesa; eram uma confirmação sombria de que eu não poderia escapar do legado sangrento da minha própria família.

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