»★« ; 𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟏𝟒

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" O Som do Silêncio.
Olá escuridão, minha velha amiga.
Eu vim falar com você novamente.
Porque uma visão suavemente sinistra.
Deixou suas sementes enquanto eu dormia."

—The Sound Of Silence; Disturbed.



— Tem certeza que esse garoto matou duas pessoas? — um dos policiais perguntou, incrédulo, enquanto me olhava de cima a baixo

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— Tem certeza que esse garoto matou duas pessoas? — um dos policiais perguntou, incrédulo, enquanto me olhava de cima a baixo. Seus olhos estavam carregados de preocupação e descrença, como se a simples ideia fosse algo impossível de processar.

Outro policial riu, um som seco e sem humor.

— Claro, olha pro rosto dele — disse, apontando com o queixo. — Está manchado de sangue, e as roupas dele nem me fale.

— Mas ele é tão esguio, tão magro pra conseguir fazer tamanha barbaridade — o primeiro retrucou, sua voz oscilando entre a dúvida e a necessidade de uma explicação lógica.

Eu permaneci imóvel, tentando controlar a respiração, sentindo o peso dos olhares desconfiados e acusatórios. A sensação do sangue seco na minha pele e nas minhas roupas era um lembrete constante do horror que eu acabara de presenciar. Eles não sabiam a verdade, não podiam entender a força que surge do desespero e da sobrevivência.

Os policiais continuavam discutindo, suas vozes se transformando em um burburinho distante. Meu olhar se fixava em um ponto invisível no chão, enquanto as imagens das horas anteriores dançavam na minha mente, grotescas e vívidas, lembrando-me do que eu havia feito, do que eu havia me tornado.

Eu não sou um monstro. Eu não matei porque quis. Foi legítima defesa.

Meu corpo tremia ao ouvir as vozes dos outros presidiários. Gritos e risadas ecoavam de cada cela enquanto eu caminhava pelo corredor estreito e sombrio. O cheiro de mofo e desespero impregnava o ar, e eu podia sentir a morte espreitando nas sombras, esperando pacientemente.

— É uma pena, um rapaz tão novo. Não vai durar oito minutos aqui dentro — disse o primeiro policial, sua voz carregada de uma lamentação que parecia quase genuína.

Seu colega soltou uma risada seca e cruel.

— Não seja tão dramático. Talvez ele dure dez — respondeu, com um cinismo que gelou meu sangue.

A cada passo, sentia os olhares famintos dos presidiários cravados em mim, avaliando minha fraqueza, minha vulnerabilidade. O corredor parecia se estender infinitamente, um túnel sem fim rumo a um destino incerto e terrível. Minhas mãos tremiam, e uma sensação de pânico começou a tomar conta de mim. Não era apenas a prisão que me aterrorizava, mas a própria ideia de estar completamente sozinho, à mercê daqueles que me viam como presa fácil.

Eu estava sozinho. Não só aqui, como também lá fora. Eu perdi tudo, tudo. Não me restou mais nada que pudesse me motivar a viver. A família Torres era um ninho de víboras que me domaram, me manipularam cruelmente em um jogo ainda pior. Kenji morreu no meu lugar, naquela corrida que também perdemos o Sprint Nocturno. Meu irmão morreu por minha causa, e eu não consegui contar a verdade a tempo; ela foi mais rápida que eu. Então, por que se preocupar? Não tem nada de bom que me espere lá fora. Apenas monstros e demônios que agora riam da minha situação.

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