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Ariana

Os dias em Barcelona passavam de forma tranquila, mas cheios de reflexões. A conversa com Hector no café tinha deixado uma marca em mim. Era claro que havia algo entre nós, uma química que não podia ser ignorada. Mas também havia uma certeza de que, agora, tudo precisava acontecer com calma. Havia espaço para crescer, para perdoar e, mais importante, para redefinir o que éramos um para o outro.

Naquela semana, Hector e eu continuamos trocando mensagens esporádicas, sempre com um toque leve, sem cobranças. Era um equilíbrio delicado, mas funcionava. Ele tinha mudado, e eu também. As feridas do passado estavam lá, mas agora pareciam cicatrizar mais rápido, sem a pressão de uma reconciliação forçada.

Na sexta-feira à noite, fomos juntos ao lançamento de um novo restaurante no bairro Gràcia, recomendado por Joana. Era um evento descontraído, e estar na companhia de amigos nos dava uma sensação de normalidade. Durante o jantar, Hector e eu conversávamos sobre tudo, desde filmes a viagens, sem tocar em temas mais delicados. Sentia-me à vontade ao seu lado, como se a tensão entre nós tivesse se dissipado por completo.

Quando o jantar terminou e o grupo se dispersou, Hector e eu decidimos caminhar um pouco pelas ruas iluminadas do bairro. A cidade estava tranquila, e aquela noite de outono trazia um ar fresco que nos acompanhava enquanto andávamos.

— É engraçado pensar em como tudo mudou tão rápido — disse Hector, quebrando o silêncio.

Olhei para ele, refletindo sobre suas palavras.

— Sim, muita coisa mudou — concordei, com um sorriso de compreensão. — Mas acho que foi o tempo certo. Precisávamos disso, não achas?

Hector fez que sim com a cabeça.

— Precisávamos mesmo. Acho que, por muito tempo, tentei forçar as coisas. Mas agora entendo que há coisas que só o tempo pode resolver.

Paramos ao lado de uma pequena praça, as luzes suaves criando sombras que dançavam nas árvores. Senti o peso da sinceridade na sua voz. Não havia promessas, nem expectativas — apenas a aceitação de que o que quer que surgisse dali, viria de forma natural.

— E sabes? — disse ele, virando-se para mim com um olhar sério. — Eu sei que preciso respeitar o espaço que precisas. E por mais que eu queira mais do que isso, estar ao teu lado, mesmo como amigo, já me faz bem.

Senti meu coração apertar um pouco, mas de uma maneira boa. Era reconfortante ouvir aquilo, perceber que Hector realmente compreendia o lugar onde estávamos agora.

— Eu também gosto de estar contigo, Hector — respondi, escolhendo cuidadosamente as palavras. — E, neste momento, acho que o melhor que podemos fazer é continuar assim, como amigos, apoiando-nos um ao outro. E quem sabe onde isso vai nos levar, certo?

Ele sorriu, um sorriso leve, mas sincero.

— Certo. Um passo de cada vez, sem pressa.

Caminhamos um pouco mais, em silêncio, mas era um silêncio confortável, um que ambos compreendíamos. Quando finalmente nos despedimos naquela noite, senti uma paz que não experimentava há tempos. Havia carinho entre nós, havia uma amizade que crescia a cada dia, mas também havia a aceitação de que, por agora, estar na "friendzone" era o lugar certo para nós dois.

Nas semanas seguintes, nossa relação continuou a evoluir. Saímos em grupo, trocávamos confidências e, eventualmente, havia momentos de carinho que pareciam insinuar que talvez algo mais pudesse acontecer. Mas não havia pressa. Hector respeitava o espaço que eu precisava, e eu começava a perceber que, por trás daquela amizade, havia algo muito mais profundo.

Water-Hector fortOnde histórias criam vida. Descubra agora