Ariana
Acordei na manhã seguinte com a cabeça latejando e a luz do sol invadindo o quarto de forma impiedosa. Minha memória estava um pouco confusa, mas, aos poucos, as lembranças da noite anterior começaram a surgir: o jantar, o vinho, as risadas... e, claro, Hector me carregando como um saco de batatas até em casa. Sorri sozinha, mesmo com a dor de cabeça, ao lembrar do quão cuidadoso ele havia sido.
Me espreguicei e peguei o celular na mesinha de cabeceira. Havia uma mensagem de Hector.
Hector:
"Bom dia, ameixa. Como está se sentindo? Eu te disse que iria se arrepender do vinho, mas você não escuta. Vou passar aí depois do treino, trago um remédio. Toma bastante água, tá?"Ri, sabendo que ele tinha razão. Fiquei deitada por mais alguns minutos, tentando reunir forças para levantar da cama. Depois de algumas tentativas frustradas, finalmente consegui me arrastar até a cozinha, onde enchi um copo d'água e tomei alguns goles, ainda me recuperando.
Enquanto bebia a água, flashes da noite anterior passavam pela minha mente, e percebi como Hector sempre estava lá para mim, nos melhores e nos piores momentos. Ele sempre sabia como me fazer rir, mas, mais importante, ele sabia como cuidar de mim quando eu precisava.
"Será que algum dia a gente vai parar de fingir que é só amizade?", pensei, mas rapidamente afastei a ideia. Não era a primeira vez que me perguntava isso, mas sempre tentava ignorar esses pensamentos.
Antes que pudesse mergulhar demais na reflexão, ouvi a campainha. Ainda meio atordoada, fui até a porta, já imaginando que era Hector. Abri e lá estava ele, com uma expressão divertida no rosto e uma sacola de farmácia na mão.
— Trouxe seu kit de sobrevivência — disse ele, balançando a sacola.
— Você é um anjo — respondi, abrindo mais a porta para ele entrar.
Ele sorriu e foi direto para a cozinha, como se fosse a casa dele, o que não era de se estranhar, já que passava tanto tempo ali. Enquanto ele preparava o remédio para mim, sentei no sofá, observando como ele se movia com facilidade, sempre atento aos pequenos detalhes.
— Então, ameixa, o que você lembra de ontem? — perguntou ele, me entregando um copo com o remédio.
— O suficiente para saber que você foi um herói e me salvou de fazer ainda mais besteiras — respondi, rindo enquanto tomava o remédio.
Hector riu também e se sentou ao meu lado.
— Você estava bem animada. Mas a parte em que eu tive que te carregar por todo o restaurante foi o auge da noite, com certeza.
— Não exagera! — protestei, jogando uma almofada nele. — Eu estava totalmente consciente!
— Ah, sim, super consciente — ele brincou. — Tanto que começou a cantar uma música que nem existe no caminho de volta para casa.
Eu ri, me encolhendo no sofá.
— Ok, talvez eu tenha passado um pouco do ponto.
— Um pouco? — Hector arqueou a sobrancelha, divertido. — Ari, eu te conheço. Quando você está bêbada, tudo fica... mais intenso. Tipo, a sua risada e a sua insistência em desafiar alguém para carregar você em algum lugar.
Fiz uma careta e encostei a cabeça no ombro dele.
— Eu sou um desastre, né?
— Não — ele respondeu suavemente. — Você só tem um jeito diferente de aproveitar as coisas. E eu não me importo de cuidar de você quando isso acontece.
O comentário fez meu coração bater um pouco mais rápido. Era sempre assim com Hector, ele sabia exatamente o que dizer para me deixar confusa e me fazer pensar mais do que deveria.
Houve um momento de silêncio confortável, mas também carregado de algo mais. Senti que havia uma tensão diferente no ar, algo que nem o álcool da noite passada tinha sido capaz de disfarçar.
— Hector... — comecei, tentando organizar meus pensamentos. — Você já parou para pensar que... sei lá, às vezes as coisas entre nós são mais do que amizade?
Ele me olhou por um momento, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.
— Já pensei, sim. Muitas vezes, na verdade.
Senti meu estômago dar um nó.
— E... o que você acha sobre isso? — perguntei, a voz um pouco hesitante.
Ele suspirou, olhando para o chão por um instante antes de voltar a me encarar.
— Ari, a gente tem algo muito especial. Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida. Mas... eu sempre fico com medo de estragar tudo se a gente tentar algo mais. Nossa amizade é tão boa, e eu não sei o que aconteceria se as coisas não dessem certo.
Fiquei em silêncio, refletindo sobre o que ele havia dito. Eu entendia o medo dele, porque era o mesmo que eu sentia. Mas, ao mesmo tempo, havia algo entre nós que não podíamos mais ignorar.
— Eu entendo — respondi, finalmente. — E talvez a gente realmente precise de mais tempo para pensar nisso. Não quero que nada mude entre nós, pelo menos não até termos certeza do que sentimos.
Hector assentiu, com um pequeno sorriso no rosto.
— Acho que é isso. A gente vai saber quando for a hora certa.
Voltamos a ficar em silêncio, mas dessa vez não havia tensão. Em vez disso, havia uma sensação de compreensão mútua, como se ambos soubéssemos que, independentemente do que acontecesse no futuro, nossa conexão permaneceria.
Depois de algum tempo, Hector se levantou e bagunçou meu cabelo com a mão, em um gesto carinhoso.
— Vou deixar você descansar. Mas vou estar aqui se precisar, ok?
— Sempre está — respondi, sorrindo para ele.
Ele sorriu de volta, deu um aceno rápido e saiu, fechando a porta atrás de si.
Enquanto o silêncio tomava conta da casa novamente, eu me recostei no sofá, ainda refletindo sobre a conversa. Sabia que nada estava resolvido, mas também sabia que não havia pressa. Hector e eu tínhamos algo bom, algo forte. E, por enquanto, isso era o suficiente.
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Water-Hector fort
FanfictionQueres entrar na turma tens que ter conect Esquece essa água turva do que lês na net