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Ariana

Os dias que seguiram a nossa conversa pareceram mais leves, como se tirar aquela dúvida do caminho tivesse desatado um nó invisível entre nós. No entanto, mesmo com essa nova compreensão sobre o que queríamos, a vida de Hector, como jogador de futebol, ainda era um desafio constante. O Barcelona tinha uma série de jogos importantes, e a pressão sobre ele estava aumentando.

Era uma tarde de sexta-feira, e eu estava no estádio, como de costume, pronta para assistir mais um jogo do Barcelona. Babi estava ao meu lado, já empolgada e falando sem parar sobre como o time precisava ganhar hoje. Mas, por mais que eu tentasse me concentrar no jogo, minha mente estava em Hector. O peso de ser um jovem jogador em um clube tão grande não era fácil, e eu sabia que ele estava sentindo isso cada vez mais.

O apito inicial soou, e o Barcelona começou pressionando. Hector, como atacante, corria pelo campo com aquela intensidade que me fazia lembrar por que ele havia sido promovido ao time principal tão cedo. Mesmo com as críticas que já fiz no passado, era impossível negar o talento e a dedicação que ele colocava em cada jogada.

Mas, à medida que o jogo avançava, algo parecia fora de sintonia. Hector estava nervoso. Seus passes não eram tão precisos, e ele parecia hesitar em momentos cruciais. Minha respiração ficou mais pesada cada vez que ele tocava na bola, como se eu pudesse sentir a tensão correndo por suas veias.

- Ele não está bem - murmurei para Babi, que também começava a perceber a queda de desempenho.

- É, ele parece tenso. Mas ele vai se recuperar, aposto. - Babi tentou soar otimista, mas eu sabia que ela também estava preocupada.

No segundo tempo, com o placar ainda empatado, Hector teve uma oportunidade de ouro. Ele recebeu a bola no meio da área e, com o goleiro fora de posição, só precisava empurrar para o gol. No entanto, de forma inexplicável, ele hesitou por um segundo, o suficiente para a defesa adversária bloquear o chute. O estádio inteiro soltou um suspiro frustrado, e eu senti meu coração afundar.

Após o apito final, o Barcelona acabou empatando, um resultado que, para um time como o deles, era praticamente uma derrota. Hector saiu do campo com a cabeça baixa, e eu sabia que aquela falha estava pesando muito em sua mente.

- Vou falar com ele depois - disse a Babi, enquanto saíamos do estádio. Ela concordou com a cabeça, me dando um olhar solidário.

Depois de me despedir de Babi, voltei para casa e enviei uma mensagem para Hector, perguntando se ele queria conversar. Ele respondeu um tempo depois, concordando em me encontrar no café de sempre. Quando cheguei, ele já estava lá, sentado em um canto, com um semblante abatido.

- Ei - disse suavemente, sentando-me à sua frente.

- Ei - ele respondeu, sem muito entusiasmo. - Acho que você viu o jogo.

- Vi, e sei que não foi o seu melhor dia, mas isso acontece. Não precisa se cobrar tanto assim.

Hector suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros.

- Não é só sobre hoje, Ariana. Parece que estou constantemente errando nos momentos mais importantes. Sinto como se estivesse carregando o peso do mundo, e quanto mais eu tento melhorar, mais eu falho.

Meu coração apertou ao ouvir a vulnerabilidade em sua voz. Sabia o quanto aquilo estava o corroendo por dentro.

- Você é um dos melhores jogadores do time, Hector. E mesmo os melhores têm dias ruins. Não é uma falha, é parte do processo. - Toquei sua mão sobre a mesa, tentando transmitir alguma calma. - Todos esses momentos difíceis são os que te fazem crescer, e você sabe disso.

Ele olhou para mim, e pela primeira vez naquela noite, vi um lampejo de alívio em seus olhos.

- Eu só... - Ele parou por um momento, tentando encontrar as palavras certas. - Tenho medo de que, se continuar assim, vou perder tudo. Meu lugar no time, minha confiança... até você.

Fiquei surpresa com a última parte. Eu nunca imaginei que ele estivesse preocupado em me perder.

- Hector, você não vai me perder. - Apertei sua mão com mais firmeza. - Estamos juntos nisso, lembra? E, além disso, você tem o talento, tem a força. Você só precisa se dar um pouco de tempo e não ser tão duro consigo mesmo.

Ele sorriu, ainda que um pouco hesitante.

- Obrigado, Ari. Você sempre sabe o que dizer.

Senti o calor em meu peito aumentar. Saber que eu podia ser um apoio para ele, da mesma forma que ele era para mim, me fazia sentir ainda mais conectada a ele. No final das contas, nossa relação não era só sobre o que sentíamos um pelo outro, mas também sobre como lidávamos com os desafios que a vida nos apresentava.

Passamos o resto da noite conversando sobre o futuro, sobre futebol, sobre a vida. Cada palavra trocada parecia fortalecer a fundação do que estávamos construindo. Não era fácil, e provavelmente nunca seria, mas sabíamos que juntos, poderíamos superar qualquer coisa.

Ao nos despedirmos naquela noite, senti que havíamos dado mais um passo importante. Hector estava determinado a melhorar, e eu estava determinada a estar ao lado dele, não importa o que acontecesse.

Water-Hector fortOnde histórias criam vida. Descubra agora