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Capítulo Três
Coisas que fazem você pensar “Mas que porra?” 
Colgate se traduz para o espanhol como “vá enforcar-se” – Estamos pensando que essa pasta de dentes não é muito popular nesses países.


     Yibo
Não trouxe um encontro para jantar.
O idiota parecia saber que eu não faria isso, mesmo que nunca lhe disse que não iria.
Lembra-se da ligação de tipo físico que eu disse que os pais deviam ter com a sua prole? Sim, odiava isso. Queria poder cortá-la de alguma forma.
Procuraria maneiras até que um dia conseguisse.
Até então, estava preso.
Apareci para jantar em um terno e penteei o meu bagunçado cabelo castanho para parecer arrumado e elegante. Não tinha trazido um encontro, mas havia um lá para mim, esperando. Ziteng se assegurou disso. Era a filha de seu colega. Era alta e magra, o seu vestido apertado e curto, o seu cabelo comprido e elegante.
Ela era bonita, mas mesmo se eu fosse hétero , ela não seria o meu tipo.
Não que eu soubesse qual era o meu tipo.
Mas não era ela.
Pensei em fazer uma cena e sair naquele momento. Mostrando-lhe que não ia me dobrar às suas regras ou ser o seu fantoche.
A coisa era que eu não queria irritar meu pai.
Alinhei com a farsa. Ela me apalpou debaixo da mesa de jantar toda a noite e fiquei sentado ali, com comida alojada na minha garganta, enquanto meu pai me olhava durante toda a refeição, como se soubesse que ela tinha a mão na minha virilha e estava tentando me fazer gozar em minhas calças.
Ele provavelmente pagou a ela para fazê-lo. Um pensamento que nunca teria tido no passado, mas agora sabia que era a verdade. Era apenas mais uma maneira de provar que eu não era gay.
Porque você sabe, alguma garota com a mão no meu pau me faria hétero .
Quando o jantar acabou, fiz o meu “dever” e a acompanhei para fora da sala, para que os mais velhos pudessem falar de negócios.
Mamãe se retirou para a sua suíte e eu recebi um boquete do meu encontro.
Deixei-a me chupar. Era bom ser chupado. Fechei os olhos e fingi estar em outro lugar, com outra pessoa e me proporcionei a mim mesmo uma fuga por alguns instantes.
Quando a noite terminou, meu pai me deu uma palmada nas costas, como se ele estivesse orgulhoso.
Isso me fez sentir doente.
Eu estava chateado com ele. Ferido. Tão incrivelmente machucado, ainda me sentia entorpecido. Fiquei na cama à noite e olhei para o teto. Relembrei o dia em seu escritório repetidamente, uma e outra vez.
Relembrei o olhar em seus olhos, a forma como suas palavras cortaram fundo e ouvi o som de seu punho batendo em meu rosto.
Haiukan apareceu uma vez. Escondi-me no meu quarto, fingindo não estar em casa. Não queria vê-lo. Estava com muito medo dele me decepcionar, como o nosso pai tinha.
Parte de mim sabia que Haiukan não seria assim. O lado lógico de mim sabia que a razão pela qual Haiukan nunca esteve por perto, era porque ele sabia quem realmente era nosso pai.
Agora eu também sabia.
Então havia o lado ilógico de mim. O emocional. Aquele que acabara por ser golpeado por um homem que tolamente pensava que me amaria, quando lhe contasse o meu mais profundo segredo.
E se eu dissesse ao meu irmão e ele me rejeitasse também?
Então o quê?
Como poderia ser eu mesmo se isso me custasse tudo? O que me restaria? Meus ideais? Meus sentimentos?
Claro, eu teria minha mãe, mas vamos lá. Poderia ser gay, mas eu não era um menino da mamãe.
Não me interpretem mal. Amo minha mãe. Sempre amei. Na verdade, provavelmente amava ainda mais agora. Ela ganhou o meu respeito. Algo que não tinha percebido até recentemente, os pais tinham que ganhá-lo.
Era porque a amava que não podia me apoiar muito nela, nesse momento. Ela tinha visto meu rosto quando entrei na porta naquele dia. Tinha visto o meu nariz inchado e o sangue seco na bainha da minha camisa.
Ela sabia.
Sabia, sem eu dizer uma palavra ou confirmar que ele foi o único que tinha feito isso.
Não disse a ela que ele a estava traindo. Deveria ter dito, mas eu não podia. Minha vida já tinha sido destruída o suficiente, parecia cruel despedaçar a dela também.
Além disso, eu já tinha feito isso. Os ouvi brigar naquela noite. Eu a ouvi gritar com ele, algo que não tinha ouvido muitas vezes na minha vida inteira.
Meu pai gritou também, mas ela não recuou. Fiquei no meu quarto, na escuridão, ouvindo, com os músculos tão tensos que eles doíam na manhã seguinte.
Se ele ousasse levantar uma mão para ela, ele veria o quanto de um homem que ele pensava que eu não era.
Eles apenas discutiram e brigaram. Ele trabalhou até tarde na noite seguinte e na outra noite, eu tinha adormecido antes mesmo de ouvi-lo voltar para casa.
Mamãe nunca me perguntou o que ele disse naquele dia, ela também não me disse “Eu te disse”. Ela apenas me abraçou e sussurrou que me amava.
Eu sabia que o casamento de meus pais não era ótimo. Inferno, até mesmo um cara com a cabeça na areia não poderia perder isso. Mas agora estava muito pior. Por minha causa. Por causa de quem eu era.
Tentei não ser gay. Por anos. Mesmo agora, às vezes eu tentava.
Especialmente agora.
Era como dizer ao sol para não aparecer. Mesmo quando estava por trás de uma nuvem, ele ainda estava lá, o sol ainda era o sol.
Tinha sido um erro, um pensamento ingênuo que eu poderia contar para os meus pais e ainda viver a minha vida da mesma maneira que tinha até aí.
Era muito difícil de processar, as ramificações disso, a razão pela qual insisti em sair do armário, quando não tinha que fazer.
Ser gay era tão fácil, talvez tivesse sido aí onde eu errei. Era tão fácil dentro de mim, uma coisa tão natural, que perceber que outros a odiariam tão ferozmente, era quase impossível de entender.
Estava em um estado de choque perpétuo, tudo apenas se movendo no piloto automático. Sorria ao jantar, respondia quando falavam comigo e fui para o treino de futebol e para a escola. Assisti pornografia “normal” no meu laptop e tentei gostar.
Uma noite, o meu pai chegou cedo, embora já estivesse escuro lá fora.
Eu estava deitado na minha cama, jogando um jogo estúpido no meu telefone, quando a porta do quarto se abriu e ele apareceu à porta.
“Wang Yibo.” Disse ele.
Eu estremeci. Odiava esse nome mais do que nunca agora.
“Seu encontro estará aqui em cinco minutos.”
Eu perguntei rapidamente. “Meu encontro?”
“A filha de um cliente. Eu lhe disse que você iria mostrar a ela a cidade, hoje à noite.”
Eu me virei. “Vai ser difícil de fazer isso, considerando que não tenho mais um carro.”
Ele o tinha tomado, logo após a noite em que apareci sem um encontro e tive um boquete de merda da prostituta a quem ele tinha pago.
Estava em “manutenção”. Novos pneus, o serviço completo. E ele o tinha enviado para fora para este serviço, porque só queria o melhor. Era uma mentira que disse para aplacar a minha mãe. Ele realmente pensou que ela era estúpida.
Ele tirou o meu BMW como outra maneira de provar que estava no controle. Outra maneira de me fazer não ser gay.
Quase dezoito anos vivi com ele e nunca, em todo esse tempo, pensei que fosse capaz de me tratar dessa maneira.
Eu era uma piada, acho. Mas, realmente, o que isso dizia sobre ele e sobre mim?
“Você pode pegar o Jag. “ Disse ele. Um conjunto de chaves pousou no colchão ao meu lado. Nem lhe dispensei um olhar.
“Estou ocupado.”
“Não foi um pedido.”
“Yibo, querido...” A voz de minha mãe veio pelo corredor.
“O que eu disse a você sobre chamá-lo assim?” Meu pai estalou. Olhei para cima, para vê-lo franzir o cenho na direção de onde sua voz tinha vindo.
“O nome dele é Wang Yibo. Pare de mimá-lo, Naying. É provavelmente a única coisa que colocou os pensamentos de bicha em sua cabeça.”
Houve um bocado de silêncio eletrizado após sua declaração. Ordem. Ou talvez fosse apenas uma simples falha de idiotice. Eu não conseguia mais falar com ele. Estava acostumado a ele me dizendo, que certas coisas que eu fazia, estavam “me fazendo gay”.
Foi a primeira vez que eu o ouvi dizer a mamãe para não me chamar de Yibo. Ela me chamava assim desde o dia em que nasci.
“Como você se atreve?” Mamãe ofegou. “Nunca mais fale com ele assim.”
“Não me diga o que fazer.” Ele entoou, então se afastou dela, ignorando suas palavras.
Senti meu olhar estreito em desafio.
Ele me encarou, mas não recuei. Sorriu, como se meu desafio lhe desse prazer, como se isso me tornasse mais um homem.
Isso só me fez mais parecido com ele. Mais como um idiota.
Lá embaixo, o som da campainha soou na casa.
“Ela está aqui.” Disse ele.
“Se você está tão interessado nela, você a leve para sair. É o que os homens fazem afinal.”
Senti a presença de mamãe e me senti imediatamente arrependido. Olhei para ela, parada atrás de meu pai. Ela não pareceu pegar o meu duplo sentido.
“Estou ansioso para ouvir sobre como foi seu encontro amanhã.” Disse papai, desconsiderando-me e andando pelo corredor.
Mamãe entrou no quarto, fechando a porta suavemente atrás dela.
Seus olhos eram compreensivos e estranhamente, isso só me irritava.
Nesse momento, parecia que ela e eu éramos fracos. Peões no tabuleiro de xadrez do meu pai. Nada mais do que peças que ele jogava.
“Eu sei que isso tem sido difícil, Yibo.” Ela sentou na cama ao meu lado, segurando minha mandíbula com uma mão. “Apenas jogue por mais alguns meses. Então você estará por sua conta.”
Entre nós, ela segurava um grande envelope. O carimbo de Syracuse estava no canto superior. Borboletas surgiram no meu estômago. Olhei para ela e para o envelope.
“Chegou há pouco.” Ela sorriu.
Peguei e o rasguei para abrir, lendo a carta de apresentação na pilha de papéis. “Eu entrei.” Disse, um pouco surpreso.
Ela sorriu largamente e me abraçou. “Estou tão orgulhosa de você.”
Eu a abracei, com um sentimento de dever cumprido me preenchendo.
Foi um momento agradável.
Até que eu me lembrei.
Meu pai basicamente subornou o reitor com uma doação, para me fazer entrar. Ele também fez um favor ao treinador. Eu não tinha como saber se entrei nessa faculdade porque ganhei esse direito ou porque o meu pai manipulou a situação.
“Não quero ir para essa.” Eu disse, jogando os papéis na cama.
“O quê?”
“É o que ele quer, não eu.”
Seus olhos se suavizaram. “Talvez seja o que você quer, também?” Ela disse gentilmente. “Não por causa dele, mas porque é um novo começo.”
Olhei para cima.
“Você gosta de futebol, certo?”
Balancei a cabeça.
“E Nova York é linda. Você gosta de lá também. Vamos arranjar-lhe um belo apartamento onde você não estará debaixo do seu polegar. Você terá liberdade. Esportes, aulas e um novo lugar. Não vai ser tão difícil.” Ela fez uma pausa. “Para ser mais feliz.”
Notei que ela não disse para ser quem eu realmente era. Estava começando a me perguntar, se talvez ela estivesse esperando que eu decidisse que afinal não era gay.
Gostasse ou não, mamãe tinha um ponto. Mover-me para Nova York seria um estouro. Eu poderia ficar longe de meu pai, para isso eu faria quase qualquer coisa neste momento, incluindo me matricular na faculdade.
“Sim, parece uma boa ideia.” Concordei.
Mamãe sorriu. O alívio em seu rosto era óbvio. Eu não tinha certeza do porquê do alívio, mas quis acreditar que era porque ela só queria que eu fosse feliz.
“Apenas aguente firme até a graduação. Você se mudará para Nova York este verão. Até lá, talvez apenas alinhe com o que ele quer.”
“É isso que você faz, mãe?” Perguntei. “Alinhar com o que ele quer?”
Seu rosto empalideceu ligeiramente. Eu me senti mal, mas não mal o suficiente.
Levantei-me da cama, e peguei as chaves.
“Eu tenho um encontro.” Disse, amargo, e me afastei sem olhar para trás.
O meu encontro era uma criança selvagem, vestida com roupas conservadoras. No segundo em que conduzi o Jag para fora da entrada, ela começou a tirar as roupas e jogá-los em sua bolsa.
Olhei para ela uma vez, não porque queria verificar sua pele, mas porque pensei que era divertido, porra. Claramente, eu não era o único a brincar com o que nossos pais pensavam que deveríamos ser.
“Não tão íntegra como você gostaria que todos acreditassem, eu vejo.”
Meditei.
“Se você me dedurar, negarei.” Ela me informou, enquanto aplicava uma grossa camada de algo brilhante em seus lábios. Quando não disse nada, ela olhou para o outro lado. “Sempre posso acrescentar que você me tocou em lugares que você não deveria.”
Revirei os olhos pelo jeito que ela fez sua voz soar tênue e inocente.
Então fiz um som rude. “Você está de brincadeira? Meu pai ficaria orgulhoso desse comportamento machista.”
“Vejo que temos o mesmo tipo de pais.” Ela relaxou de volta para o assento, como se minha admissão aumentasse sua percepção de mim.
“Não acho que haja alguém como meu pai.” Disse, amargo.
“Há uma festa na cidade. Eu quero ir.”
“Tem música alta e cerveja?” Perguntei.
“Duh.”
“Diga-me o caminho.”
Segui suas instruções para uma grande festa em um prédio abandonado, do outro lado da cidade. Havia grafite nas paredes e garrafas partidas no estacionamento. A música era alta, tão alta que me perguntei por que diabos os policiais não estavam lá e havia tanta gente, que muitas pessoas estavam fora do edifício na calçada.
Estacionei o Jag em algum lugar que meu pai provavelmente teria um infarto se soubesse e apreciei cada segundo disso. Pensei em deixá-lo desbloqueado e esperar que fosse roubado. Inferno, era benfeito para ele.
Mas ele me puniria mais tarde.
Então o tranquei, guardei as chaves no bolso e disse a mim mesmo que se ele fosse danificado ou roubado enquanto estava estacionado, era culpa dele por me deixar dirigir e tirar o meu BMW em primeiro lugar.
Meu encontro escassamente vestido, que se apresentou como Giselle, sacudiu os longos cabelos castanhos. “Então, ei, que tal você seguir seu caminho e eu o meu?” Ela gritou em meu ouvido, quando chegamos perto da entrada.
“Encontre-me se você precisar de uma carona para casa.” Gritei de volta.
Ela assentiu com a cabeça. “Oh, e eu vou ter a certeza de dizer aos pais o grande tempo que eu tive e que cavalheiro você é.”
Revirei os olhos.
Ela sorriu.
Caminhei em direção à porta, em direção às luzes piscando e ao som do baixo soando, mas ela pegou meu pulso. Me virei e olhei para o seu olhar.
Ela se inclinou ao lado do meu ouvido para dizer: “A multidão gay convive perto da parte de trás.”
Eu me afastei e olhei para ela. Sabia que eu parecia atônito.
Ela riu e deu tapinhas no meu peito coberto pela camiseta. “Não se preocupe. Não vou contar, especialmente ao seu pai.”
Meus olhos saltaram olhando para os dela, procurando algo. Qualquer coisa. Tudo o que eu vi foi que ela, honestamente, não dava uma merda.
Como diabos ela sabia? Havia algo em mim que gritava gay?
“Sinta-se livre para dizer a seu pai que você fodeu os meus miolos e eu não me fartava do seu pau.” Ela sussurrou em meu ouvido, antes de me beijar na bochecha e desaparecer na porta de repente nebulosa.
Névoa literal. Alguém ligou uma máquina de nevoeiro.
Olhei para o vapor e a luz estroboscópica. Poderia sair agora mesmo.
Conduzir ao redor até que passasse o tempo do meu encontro.
Ou…
Poderia aproveitar a festa, talvez, vagar para as traseiras.
Estava chamando por mim, a assim denominada “multidão gay”. Era tão estúpido, o fato de que havia uma multidão de qualquer tipo de pessoa. Eu não era nenhum tipo de cara. Eu era apenas eu. Todas essas pessoas eram apenas...pessoas.
Provavelmente, a maioria deles fingia ser alguém que não era, assim como eu e Giselle.
Fiquei. Entrei, encontrei o barril e virei uma cerveja. Então virei outra. A música era alta e afogou os meus pensamentos. Estava quente aqui, havia corpos por toda parte e o quarto estava escuro, exceto por luzes piscando e pessoas brilhantes trazidas das sombras pela tinta fluorescente.
Uma canção assassina veio e comecei a dançar. Alguma garota ao meu lado agarrou minha mão e puxou-me ao redor e nós começamos a moer juntos enquanto a música batia. Era bom descontrair. Bom ser apenas eu.
Depois de um tempo, ela foi embora e eu dancei através da multidão, parando de vez em quando para dançar com alguém novo.
Eventualmente, fiz isso até a parte traseira. As pessoas também estavam dançando aqui. Engraçado, esperava que fosse diferente, como se houvesse um sinal gigante iluminado ou algo assim.
Eu era um idiota.
Parecia exatamente como o resto da festa. Na verdade, enquanto eu dançava e terminava minha cerveja, estava começando a pensar que Giselle estava apenas brincando comigo. Provavelmente, não havia uma multidão gay que estivesse aqui.
Apertei o meu copo o amarrotando e o deixei cair no chão de concreto.
Ele desapareceu quase de imediato na multidão de corpos girantes. Virei-me para ir, mas alguém agarrou o meu pulso.
Olhei por cima do meu ombro.
Então todo o meu corpo seguiu.
Ele tinha cabelos escuros, tão escuros que se misturavam com a noite.
Era curto e ele estava vestido com um par de jeans rasgados, uma grande camiseta branca e um par de Nikes. Imaginei que ele fosse da minha idade, talvez um ou dois anos mais velho. Outra coisa em que a minha atenção pareceu se concentrar foi em seus lábios. Eles eram cheios e tinham um sorriso enquanto olhava para mim.
“Quer dançar?” Gritou.
Balancei a cabeça.
Deixei-o puxar-me um pouco mais perto e começamos a dançar uma nova canção que acabou de explodir dos alto-falantes. As matizes desta canção, gritavam sexo; a batida era pesada e fazia você querer mover os seus quadris.
Quando meu parceiro agarrou a minha cintura e me puxou, para que ele pudesse colocar o seu joelho entre as minhas pernas, congelei por um segundo. Nunca tinha tido muito contato com outro cara.
Não muito = nenhum.
Tinha estado com algumas garotas; nenhuma experiência foi agradável.
Toda a minha “experiência” com outros homens foi através de revistas e vídeos on-line.
“Relaxe.” Ele disse e uma de suas mãos deslizou até meu quadril.
O centro de seu corpo girou em minha direção, fazendo pressão contra mim e senti seu jeans escovar contra o meu pau. Gostei. Gostei mais do que eu pensava. Estávamos apenas nos tocando, mas meu coração martelava, minhas bolas formigavam e meus dedos coçavam com a necessidade de tocá-lo.
Olhei para cima novamente e ele me deu um sorriso gracioso.
Estou dançando e flertando com um cara.
Sorri de volta, de repente ousado, e agarrei seus quadris, puxando-o diretamente contra meu corpo.
Nós dançamos e moemos um contra o outro ao som da música. Sentindo o seu corpo tão perto do meu, sentindo as suas mãos correndo pelas minhas costas e pelos meus braços, me excitou de maneiras que não sabia que eram possíveis.
Se isto fosse um experimento, eu teria que dizer que foi um sucesso.
Mas talvez fosse muito cedo; talvez estivesse bêbado. Dançar e apalpar um cara que eu tinha acabado de conhecer, não era a confirmação de que eu era gay.
Eu já sei que sou gay. Por que eu preciso provar isso?
Mas precisava.
De repente, houve esse desejo irresistível de provar a mim mesmo, de uma vez por todas, que eu era gay. Que não importava o que meu pai disse.
Depois de cerca de cinco músicas, nós dois estávamos suando e moendo um contra o outro bastante duro. Eu estava exibindo uma baita ereção e não estava nem mesmo envergonhado.
“Vamos tomar uma cerveja.” O cara gritou por cima da música e acenei com a cabeça.
Ele pegou minha mão como se fosse uma coisa natural, não uma grande coisa e me levou para fora da pista de dança e para fora da multidão. Em vez de dirigir-se para a cerveja, se dirigiu para uma porta lateral que eu não tinha notado antes e que dava para um patamar de umas escadas.
Ele desceu na escuridão. Apenas um lance abaixo, parou no degrau inferior e me empurrou contra a parede.
Com minhas costas contra o concreto frio, ele avançou, alinhando seu corpo com o meu até que estávamos nos tocando dos pés ao peito. Agarrei a sua camisa, apertado, com o punho de lado e o segurei, enquanto seus lábios se aproximavam.
Foi o primeiro beijo que eu tive com um homem.
Era muito como beijar uma garota.
Exceto melhor.
Ele se encaixou contra mim de uma forma, que nenhuma garota podia.
Sua boca parecia mais corajosa, seu beijo mais profundo. Nossas línguas se torceram juntas e ele gemeu, seus quadris empurrando para frente. Corajoso, eu agarrei a sua bunda, aprofundando o beijo, enquanto o meu coração galopava em meu peito.
Ele tinha gosto de cerveja e suor. Seu peito era sólido contra o meu e eu gostava do jeito que o seu peso me imobilizava contra a parede, me fazia sentir.
Depois de alguns minutos de amassos, ele rasgou seus lábios dos meus e beijou meu pescoço. Coloquei a cabeça para trás para que ele não parasse.
O meu corpo zumbia. Eu me senti vivo. Eu me senti...como eu.
Seus dedos roçaram a fivela de minha calça jeans. Meus olhos se abriram no escuro, enquanto ele chupava meu pescoço. Sem pensar, empurrei meus quadris para frente, convidando a mais. Ele se afastou e, em segundos, minhas calças caíram sobre meus joelhos.
Os meus boxers moldavam meu corpo; meu pau estava duro e projetava-se para fora do tecido, assim parecia como uma barraca. O cara – que eu ainda não sabia o nome – levantou a bainha da minha camisa e arrastou seus dedos em meus abdominais.
“Definidos.” Ele murmurou, traçando as linhas do músculo.
Eu era magro, mas era musculoso. Era devido a todo o futebol que eu jogava.
O cara caiu de joelhos e eu abri minhas pernas um pouco, enquanto o meu pau pulou ansiosamente sob o tecido. Ele ia me chupar. Bem aqui. Agora mesmo.
Claro que sim.
Eu queria que ele o fizesse. Nunca quis um boquete tanto como agora.
Não tinha que fingir que estava em outro lugar ou com outra pessoa. Não tinha que pensar na pornografia que assisti on-line ou mesmo me masturbar.
Tudo o que eu tinha a fazer era sentir o ar varrer sobre a pele lisa do meu pau, quando ele foi libertado da restrição da minha roupa.
“Pau legal.” O cara disse, dando-lhe um golpe. Estremeci, meu abdômen se contraindo.
Eu fiz um som; era incapaz de falar. Meus joelhos tremiam e as minhas mãos também. Enfiei-as entre a bunda e a parede, empurrando para fora, para que ele tivesse melhor acesso.
O primeiro contato de sua boca me fez gemer. O gemido ecoou na escada, mas de mim estava gritando, Sim!
Seus lábios eram sedosos, lisos e quentes. Sua boca estava molhada e ele aplicou a quantidade perfeita de pressão, enquanto movia sua cabeça para frente e para trás. Olhei para baixo, observando sua cabeça escura mover-se no centro de meu corpo e os movimentos que atingiam a sua boca.
Ele me levou profundamente, o mais fundo que pôde. Eu queria mais profundo, então empurrei um pouco mais.
Ele puxou para trás, lambeu a haste e circulou sua língua em torno de minha cabeça. Estremeci.
Não ia durar muito mais tempo. Isso era muito bom.
Ele me sentiu tremendo. Agarrou meu saco, sentindo o quão apertado ele estava contra o meu corpo e então chupou a cabeça do meu pau com sua boca.
Lambeu e chupou como um especialista, até que eu fiquei rígido e gritei.
As pontas de seus dedos seguraram meus quadris e eu comecei a me mover.
Bombeava nele, fodendo seus lábios, enquanto um orgasmo rasgava meu corpo.
Gritei e gemi, os meus sons soando em volta e enchendo meus ouvidos.
Quando por fim ele puxou para trás e meu pau caiu contra meu corpo, completamente saciado e gasto, minhas pernas pareciam gelatina e eu estava feliz por estar encostado na parede.
“Eu gosto de um cara que grita.” O cara disse, de pé.
“Você grita, também?” Eu perguntei. Minha voz soava bêbada e pesada.
“Talvez você devesse descobrir.” Ele sugeriu e pegou sua fivela.
Peguei na sua braguilha e guiei-a sobre seu já duro comprimento.
Ele caiu sobre os degraus, sentando no centro e espalhando seus joelhos afastados. Sentei-me entre eles e libertei seu pau.
Portanto, a primeira noite em que ganhei um boquete de outro homem, também foi a primeira noite que eu dei um.
Eu o fiz gritar, o que despertou algum tipo de leão dentro de mim. Gostei de ouvi-lo gemer e de senti-lo contorcer-se dentro da minha boca.
Até gostei do sabor salgado de seu orgasmo, enquanto ele disparava na minha língua.
Foi o melhor encontro sexual que tive até agora. E foi com outro homem.
Não, eu não tinha que provar que era gay.
Mas se tivesse, isso estava feito.

.....

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