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      Xiao Zhan

Coisas que fazem você pensar “Mas que porra?”
Charlie Chaplin entrou uma vez, anonimamente, num concurso de sósias de si mesmo. Ele ficou em terceiro lugar.

Uma verdadeira lição de paciência = Yibo me tocando.
Já faz algum tempo, desde que alguém me tocou assim. De muitas maneiras, pode ter sido a primeira vez. Ele me tocou como se tivesse medo de mim, mas não podia evitar me tocar. Explorou o meu corpo como se nunca tivesse estado com ninguém antes, mas queria, repetidamente.
Matt sempre teve confiança; ele nunca teve medo. Quando Matt e eu estávamos juntos, era paixão e luxúria. Ele sabia onde me tocar para ter o maior prazer e nunca hesitou em dar.
Yibo era diferente, pelo que eu estava, de repente, tão agradecido.
Diferente me fez sentir como se não pudesse comparar os dois homens, mesmo quando minha mente tentou. Diferente não me fez sentir como se estivesse tentando substituir Matt, porque isso não poderia ser feito.
Com Yibo, parecia que ambos estávamos empenhados em aprender um com o outro e embora fosse um pensamento estranho, senti-me mais nu com ele, do que alguma vez me senti com qualquer outra pessoa. Ele estava recebendo uma parte de mim que ninguém mais tinha visto. Queria que ele a tivesse. Queria que a sua experiência física fosse com o meu corpo. E sim, havia paixão entre nós, mas era muito mais emocional.
Yibo não me tocou para satisfazer um impulso. Ou porque achava que eu parecia quente.
Ele fez isso para se conectar. Para sentir algo que não sentiria de outra forma.
Eu não estava acostumado a ser tocado sem tocar de volta, sem permitir que meu próprio fusível se inflamasse. Não podia, pelo menos, não ainda.
Parar, no quarto, tinha sido difícil, mesmo com a culpa que sentia por Matt ainda rodar dentro de mim. Meu corpo simplesmente assumiu o controle.
A necessidade de sentir Yibo invadiu tudo – outra coisa que me fez sentir como um traidor.
As minhas próprias necessidades estavam agora em segundo lugar, pelo menos no sentido físico. Se ele quisesse me tocar, ele faria. Se quisesse me beijar, o deixaria.
Não agiria com nenhum dos desejos que eu tinha, até que soubesse que ele entendia que não faria nada para prejudicá-lo.
Queria matar os caras que o machucaram. Queria que Haiukan o tivesse feito.
Racionalmente, sabia que era bom que ele não tivesse feito, porque Yibo precisava dele e não poderia estar lá se estivesse preso.
Parecia uma pequena vitória, quando o tremor na mão de Yibo parou.
Sabia que isso não significava que tudo entre nós fosse magicamente melhorar, mas era um sinal de que as coisas seriam mais fáceis.
Mais uma vez, ele comeu como se seu estômago fosse dez vezes maior que o dos outros – quase uma pizza inteira, sozinho. Na verdade, achei isso meio interessante.
Ele também segurou a minha mão o tempo todo. Percebi que, o sentimento marcante de dar as mãos, se tornaria algo muito comum para nós.
Tudo ou nada, certo?
Trazê-lo aqui esta noite foi a minha admissão de que, não existir nada com Yibo, não era possível.
E assim seria tudo.
Ainda não tinha certeza de como eu ia fazer isso, mas sabia agora que, absolutamente, tinha que tentar.
“Ei.” Disse do meu lado. “Tudo bem se eu tomar banho?”
O pensamento dele nu, no quarto ao lado, me deixou louco. O pensamento de todas as suas tatuagens expostas, sob o spray e sua pele escorregadia com sabão...
Droga.
“Claro.”
“Obrigado. Não tive chance esta manhã, você sabe, com tudo.” Ele olhou para longe.
“Há toalhas extras na prateleira. O sabão e todas as outras porcarias estão lá.”
Yibo se afastou do sofá, mas ainda segurou minha mão. Andou até que ambos os braços estivessem completamente estendidos e nossos dedos se separassem.
Pegou a mochila que tinha deixado na porta e desapareceu no banheiro.
“Camisa é opcional!” Disse por trás dele. Então me perguntei se ele ficaria ofendido.
Sua risada flutuou pela parede e sorri.
Para me manter ocupado enquanto ele estava molhado e nu no banheiro, desci as escadas para pegar lençóis extras e um cobertor. De volta ao quarto, joguei a merda no sofá, depois peguei um travesseiro da cama e o adicionei à minha cama improvisada.
Seria a porra de uma longa noite. Sabia que iria ficar aqui deitado, olhando o teto, enquanto ele estava deitado não muito longe. Não ia sair pelas ruas esta noite, tentando esquecer as memórias e a dor. Estaria aqui. Com ele.
Só esperava que quando todas as luzes estivessem apagadas e ele não estivesse segurando minha mão, a culpa que tinha tentado evitar não voltaria remoendo.
Yibo apareceu um pouco mais tarde, entrando na sala sem camisa, tatuagens em total exibição e a calça de pijama de emoji, que joguei na bolsa antes de sairmos do hangar.
Seu corpo longo e magro me excitou e colocou as borboletas dentro do meu estômago em excesso de velocidade. Ele parecia um pouco desconfiado por não usar uma camisa, mas o olhar desapareceu quando viu a cama no sofá.
Os seus olhos escuros se aproximaram dos meus, mas não consegui ler o olhar e não gostava disso. Costumava conseguir lê-lo.
Fiz sinal para ele entrar. “Não tinha certeza de que horas você ia para a cama.” Eu divagava; de repente, nervoso e estranho. “Imaginei que era melhor fazer isso agora.”
“Não vou te expulsar da sua cama.” Ele disse com uma cara-de-pau, cruzando os braços sobre o peito.
Foi sexy.
“Vou ficar com o sofá.” Continuou.
“Não.” Disse simplesmente. Não estava cedendo a ele.
Ele levantou uma sobrancelha, um gesto que revelou sua semelhança com o irmão. “Não?”
“Não.”
Yibo atravessou a sala para onde estava sentado e se baixou na mesa de café diretamente na minha frente.
Era quase um close de todas aquelas tatuagens.
“Vou pegar a cama...” Ele começou e sorri de forma vencedora. “Se você ficar comigo.”
Parecia que um punho acabou de bater no meu intestino. Me sentei um pouco para frente. “O quê?”
Ele apontou o polegar sobre o ombro em direção à televisão. “Você está vendo isso?”
Balancei minha cabeça. Claro que não estava. Quem poderia prestar atenção a qualquer outra coisa quando ele estava por perto?
Yibo estendeu a mão entre nós.
Queria agarrá-la – oh, como eu queria. Mas ainda não tinha certeza.
No final, não havia como deixá-lo pendurado. A minha mão praticamente saltou para a dele. Ele sorriu, algo que queria ver muito mais e fiquei ali paralisado. Caminhamos juntos até o quarto, onde não havia luz, exceto o cintilar da TV, não tinha me incomodado em desligar na outra sala.
Quando chegamos ao lado da cama, ele hesitou. Eu ia inventar alguma desculpa para recuar, então ele não precisava dizer que não estava pronto, mas ainda segurando minha mão, se virou para me olhar.
“Não vou... Eu...”
“Sem sexo.” Disse a ele. “Sei que você não está pronto.”
“Eu queria estar.” Confessou.
Apertei sua mão. “Algum dia você estará.”
“E se eu não estiver?” Ele se preocupou, com um medo genuíno.
Isso me fez sorrir um pouco. Qualquer um que tivesse medo de nunca ter sexo era alguém que já estava trabalhando para isso.
“Vou esperar mais.” Assegurei-lhe. Também quis dizer isso. Mesmo que nunca chegássemos a esse ponto, não importava. Parecia que havia mais intimidade entre nós e tudo o que fizemos foi nos beijar. Isso dizia muito sobre a maneira como nos relacionamos um com o outro.
Seus ombros se moveram, como se um peso apenas tivesse saído deles e se aproximou de mim. “Está tudo bem se você me tocar.”
Eu fiz um som. “Sim?”
Assentiu.
Passei por ele e puxei os cobertores e lençóis. Os travesseiros caíram, mas não me incomodava bagunçá-los.
“Qual lado você quer?” Perguntei.
“O mais próximo de você.”
Perguntei-me, de quantas maneiras mais ele me mataria esta noite.
Escorreguei primeiro, segurando os cobertores em um convite.
Sua testa enrugou. “Você dorme com jeans?”
“Na verdade, durmo nu. Achei que isso poderia ser um pouco demais.”
Disse piscando o olho.
Um pequeno incêndio acendeu-se no ar ao nosso redor e suprimi um gemido.
“Boxer?” Perguntou.
“Jeans está bem.”
“Parece ter noventa milhões de graus aqui.” Zombou. “Você ligou o aquecimento como se fôssemos umas velhas avós sem calor corporal.”
Ri da piada. “Está meio quente aqui.”
“Meio?” Yibo deu uma gargalhada. “É como o fodido Sahara.”
“Dica tomada.” Murmurei, saí da cama e abaixei o termostato. Só queria que ele estivesse quente. Quente e seguro. De certa forma, tornou-se o mais importante para mim.
Caminhei pelo colchão e olhei para ele do outro lado. Minha mão foi para o botão do meu jeans.
Yibo entrou na cama e me observou.
Abaixei o jeans, esperando que não fosse um erro e então subi na cama usando nada além de boxer azul. Ele estava sentado, os cobertores até a sua cintura, como se não estivesse seguro do que fazer.
Deitei, puxei um travesseiro debaixo da minha cabeça e, em seguida, estendi o braço para ele. “Venha aqui.”
Yibo atravessou a cama. Senti o seu olhar mesmo com a pouca iluminação. Ele estava novamente tremendo. Senti o colchão embaixo de nós, vibrar. Não me importei com isso porque não era necessário.
Envolvi o meu braço ao redor dele, puxando-o contra o meu corpo. Sua bochecha bateu no meu ombro e sua perna vestida de pijama empurrou entre as minhas nuas.
Tendo em mente que ele me disse para tocá-lo, minha mão começou a acariciar preguiçosamente suas costas. Yibo se acomodou um pouco mais ao longo de mim, seu braço me cobriu, seus dedos dobrados entre meu lado e o colchão.
A ternura floresceu no meu coração e queimou o meu estômago. Essa pequenas coisas... Apenas um único toque dele, criou tanto sentimento.
“Nunca dormi com alguém antes.” Confidenciou. “Nunca compartilhei uma cama.”
Apertei meus lábios no topo de sua testa e continuei a acariciar suas costas. Depois de alguns minutos, disse: “Você gosta?”
“Você não tem ideia.”
“Acho que posso.” Sussurrei. Então, porque era tudo ou nada, disse a ele o que estava em minha mente. “Sinto que o estou traindo.”
Senti a sua respiração. Os músculos em seu corpo se apertaram. Estava preparado para puxá-lo de volta se tentasse levantar, mas para minha surpresa, ele não o fez.
“Queria poder matar os seus demônios.” Disse baixinho. “Mas em alguns dias, não posso nem matar os meus.”
“Você entende a luta, no entanto.”
“Bem demais”. Concordou.
O seu entendimento era tudo o que eu realmente precisava.
A minha mão se afastou de suas costas, até as mechas úmidas de cabelo. Como estava deitado sobre o seu lado, pude passar os meus dedos através dele.
“Como ele era?” Perguntou Yibo.
Lembrar de Matt era fácil, mas pensar nele, sempre gerava uma pontada de dor. “Relaxado, divertido, um piloto de Ducati realmente bom.”
“Melhor do que você?” Enquanto falava, bateu em meu lado com o dedo.
Sorri no escuro. “Não.”
Ele riu. “Você o amava, então isso me diz tudo o que preciso saber.”
“Honestamente, pensei que não amaria ninguém de novo.”
Eu o ouvi engolir. “E agora?”
“Agora não tenho tanta certeza.”
Yibo puxou a mão dele debaixo de mim, colocou os dedos contra minhas costelas e começou a arrastar levemente as pontas nas minhas costelas e peito.
Suspirei. Os pensamentos na minha cabeça retrocederam para o jeito que ele me fazia sentir.
“Você acha que estou danificado?” A voz de Yibo cortou o conforto silencioso da sala.
“Não mais danificado do que eu.”
Sua mão parou de me acariciar, um toque simples que perdi imediatamente. “Saber...?” Ele ficou em silêncio.
“Você pode me perguntar qualquer coisa.” Prometi.
“Saber o que aconteceu comigo me torna menos, uh, atraente para você?”
A parte de trás da minha cabeça levantou do travesseiro, para que meu queixo pudesse inclinar-se para baixo. Yibo olhou para cima e me mudei, pressionando meus lábios completamente contra os dele.
Meus lábios eram lentos e lânguidos, com uma pressão suave, mas cada centímetro de nossas bocas fazia contato. Puxei seu lábio inferior na minha boca e suguei. Seu pequeno gemido de prazer apertou minhas bolas.
Interrompi o beijo e deslizei meu corpo. Ainda mantendo-o contra mim, rolei para o meu lado para que pudéssemos nos encarar.
“Estou muito atraído por você e nada vai mudar isso.” Sussurrei.
“Mesmo que você se pareça um pouco com Justin Bieber.” Estalei.
Ele gemeu e revirou os olhos. “Não, você também.”
Sorri. “Confissão?”
Seus olhos voltaram para o meu rosto, sua cabeça balançando.
“Depois de te ver nas primeiras vezes no Gamble Speedway, saí e comprei o seu CD.”
Yibo explodiu rindo. Era real e genuíno. O sorriso dele era largo e os dentes brancos brilharam.
“Toda vez que escuto esse CD, penso em você.” Admiti, quando joguei um dedo no centro de seu peito. “Provavelmente, conheço cerca de noventa por cento dessas músicas, palavra por palavra agora.”
Seu coração encheu os seus olhos. Honestamente, era o coração mais bonito que eu já vi. Qual era o problema de ser quebrado e danificado? Qual o problema com aqueles que se levantam dos destroços para caminhar e às vezes até tropeçam?
Ser um sobrevivente fazia cada momento contar, cada palavra amável um pouco mais significativa, porque eles eram os que sabiam o que quase nunca foi.
A palma de Yibo se achatou no meu ombro e empurrou. Rolei nas minhas costas e ele se inclinou e varreu a língua na minha boca. O peso de seu peito
Estava de encontro ao meu, seus braços envoltos em torno de meu torso nu e a forma como seus lábios coagiam os meus, em algum tipo de dança mágica, me fez sentir bêbado e tinindo.
Eventualmente, os seus lábios largaram os meus e respirei fundo, antes de continuar o beijando. Deixei minha cabeça cair de lado, para que os seus dentes pudessem raspar o meu maxilar e triturar na minha orelha. Pequenos arrepios de prazer corriam pela minha espinha e meus mamilos se apertaram, quando ele sugou e puxou a delicada carne.
Em seguida, ele deslizou sobre o meu pescoço e chupou a pele lá, com pressão suficiente para me fazer gemer.
A minha mão pressionou contra as suas costas e o instou a se aproximar mais. A chupar mais fundo.
Ele fez, mas se afastou muito cedo colocando os seus lábios sobre o topo do meu ombro, antes de colocar a cabeça para trás, onde estava.
Senti sua ereção pressionada contra meu quadril. Levou tudo em mim para não mexer contra isso. Eu, também, tinha uma ereção enorme, mas fiz o meu melhor para ignorá-la. Não estava prestes a apressar as coisas com Yibo. Os nossos corações estavam se movendo com rapidez suficiente por conta própria.
Os dedos de Yibo passaram sobre os meus abdominais e os meus músculos se estreitaram. “Gosto de tocar você.”
Fiz um som. “Gosto de ser tocado.”
Ele continuou a doce tortura com um toque de pena, então adicionei alguns dos meus, esfregando as suas costas com movimentos longos e lentos.
Surpreendentemente, os meus olhos ficaram pesados.
Tê-lo em meus braços e a batida consistente de seu coração contra o meu lado, me deixou o mais confortável que tinha estado em muito tempo.
Cinco anos, para ser exato.
Também marcou a primeira vez, em cinco anos, em que dormi toda a noite.

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