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     Xiao Zhan

Coisas que fazem você pensar “Mas que porra?”
Existe um navio de cruzeiro russo, abandonado, que atravessa águas internacionais.

Pensei que sabia.
Definitivamente suspeitava de algo, pelo jeito que ele ficava tenso quando ficavámos perto.
Mas isso...era pior. Era tão ruim que nem mesmo deixei minha mente ir tão longe.
Simplesmente, fiquei sentado lá e olhei para ele. Horrorizado era um eufemismo. Raiva? Também um enorme maciço eufemismo.
Senti o seu olhar em mim, o peso de sua confissão. Eu sabia que exigia algum tipo de resposta, mas que merda um homem diz sobre isso?
“Yibo...” Comecei, choque em minha voz.
“Meu nome era Wang Yibo.” Ele cortou as palavras que não conseguiria produzir. “Sempre soube que era gay.” Ele olhou para mim. A expressão escura e fantasmagórica em seus olhos apertou meu estômago.
“Mas eu realmente não sabia, até o ensino médio.”
Assenti com a cabeça, dando-lhe o apoio que ele tão desesperadamente precisava. “Entendo. Sempre soube, também.”
“Não contei a ninguém. Estava com medo. Mas minha mãe descobriu. Encontrou uma revista pornô estúpida no meu quarto.”
Eu ri e ele olhou para cima, seus lábios inclinados e um pouco de calor em seus olhos. Morreria para ver apenas um pouco mais disso, para tirar qualquer trauma dele.
“Ela me disse para não contar ao meu pai. Ela sabia, o que eu era muito estúpido para ver.”
Acenei com a cabeça, afundando de volta na minha posição de agachamento e na minha bunda. Trouxe meus joelhos um pouco e meus pés estavam planos no chão, descansando os cotovelos nos meus joelhos, para deixar minhas mãos e antebraços balançarem entre minhas pernas.
“O chão está frio.” Franziu a testa.
“Estou bem.” Prometi, mesmo que o interior do meu peito se movesse.
Mesmo após essa confissão, ele ainda se preocupava o suficiente sobre mim, para se importar com o meu conforto.
Ele disse que seu coração é meu. Foda-se, ele quis dizer isso.
Meu coração batia rapidamente, como se tivesse acabado de correr cinco milhas em tempo recorde.
“Não a escutei. Era estúpido e jovem. Pensava que sabia melhor.
Marchei diretamente para o escritório do meu pai e disse que era gay.”
“O que ele disse?”
“Ele deu-me um murro na cara.”
Meu corpo ficou rígido. Que tipo de pai soca o próprio filho na cara?
Sabia como era “sair” para a família e amigos. Sabia o que esse tipo de preocupação e receio poderiam fazer dentro de um homem. As pessoas não eram tão aceitas e abertas como querem que você acredite.
Eu? Tive sorte. Minha família estava do meu lado. Eles abraçaram Matt a primeira vez que o trouxe para casa e era isso. Até que empurrei todos para longe.
Algumas pessoas, porém, usam máscaras. Alguns fingem e alguns nunca mostram suas verdadeiras cores, até que são forçados a sair.
Isso me afligiu, sabendo que ele uma vez foi inteiramente inocente.
Provavelmente era mais atraente do que ele é, mesmo agora.
Aquele garoto, ele entrou no escritório de seu pai, confiante de que seria aceito, confiando no homem que pensava que o amava... E acabou com um punho no rosto.
Nunca encontrei o pai de Yibo. Não o conhecia.
Odiava-o, de qualquer maneira.
“Basicamente, ele me disse que não podia ser gay.” Yibo continuou. “Ele levou o meu carro, o meu fundo fiduciário. Arrumou encontros. Até pagou algumas meninas para me chupar ou fazer sexo comigo.”
Esfreguei uma mão na parte de trás do meu pescoço. “Você está brincando comigo?”
“Não seria uma piada muito boa.” Respondeu, sua voz sem emoção.
Fiz um som, arranquei meu boné da cabeça e joguei no quarto.
“No meu décimo oitavo aniversário, ele me levou para um clube de striptease. Pendurou tudo o que eu queria na minha frente. Aulas completas para uma faculdade longe de casa, meu carro, meu fundo fiduciário. Tudo que eu tinha que fazer, era provar para ele, que estava “curado” de ser gay.”
Não olhei para cima. Tinha medo que se o fizesse, ele veria o olhar assassino nos meus olhos e deixaria de falar. Isso era doloroso de ouvir, mas queria mesmo assim.
“Ele nos levou para um quarto privado, contratou strippers... Você sabe, o habitual.”
Assenti com a cabeça e ele continuou. “Fui levado para outra sala privada, onde a stripper começou a me chupar. Ela disse que meu pai pagou 10 mil para fazer sexo comigo. Eu disse a ela que apenas mentiria e diria que fizemos, ela poderia pegar o dinheiro e eu não teria que tentar ficar excitado.”
Fiz um som, um cruzamento entre um rosnado e um gemido. Isso era doente. Doente. Não queria pensar nele com qualquer um e muito menos com alguma stripper na parte de trás de algum clube puído.
“Ela me disse que devíamos realmente fazer isso, porque havia câmeras. Ele estava assistindo.”
Disparei. Meus punhos apertaram os meus lados e eu andei até a frente de uma das janelas, longe de Yibo. O céu estava escuro, a cor perfeita para combinar com meu humor.
“Eu não aguentei.” Disse Yibo. “Disse a ele para manter sua faculdade, seu dinheiro e tudo mais. Disse a ele que não importava o que fizesse. Eu ainda seria gay.”
“Ele deserdou você.”
“No local”. Yibo confirmou. “Deixei o clube e fui à busca do meu irmão.
Ele não sabia que eu era gay, mas ele era a minha última esperança.”
Senti meu ódio por Haiukan começar a suavizar. Ele era um idiota, mas não afastou seu irmão.
“Alguns rapazes me viram, disseram que conheciam meu irmão e me ofereceram uma carona.” Sua voz ficou mais fraca, mais trêmula e eu sabia.
“Pensei que estava no seu território, você sabe?”
“Apenas me diga o que aconteceu.” As palavras saíram mais severas do que pretendia.
“Eles me reconheceram desse clube, um lugar que eu tinha ido a algumas festas. Eu...uh, fiquei com um cara às vezes, então eles sabiam que eu era gay.”
Meus olhos fecharam. Não só ele foi abusado e repudiado por seu pai, mas foi vítima de um crime hediondo de ódio. Eu estava tão irritado, tão desgostoso, as lágrimas realmente umedeceram a parte de trás dos meus olhos. As segurei de volta, porque ele merecia mais do que minhas lágrimas.
“Eles me puxaram para um beco, me espancaram foi  muito ruim.” Admitiu.
“Tentei lutar de volta, mas havia quatro e apenas um de mim.”
“Isso não foi sua culpa.” Sussurrei. Acima de tudo, queria que ele soubesse disso.
“Acho que me bater não foi suficiente, porque eles me arrastaram para trás do lixo... Eu ainda posso sentir o cheiro pútrido do lixo manchando o ar.”
Ele estava perdido na memória, preso naquele momento terrível.
Atirei-me pela sala e afundei diante dele, tomando suas duas mãos nas minhas. “Fique aqui, Yibo,” murmurei. “Fique aqui comigo.”
Seus olhos pareciam ainda mais escuros, onde não havia luz. Caí em suas profundezas. Senti as correntes do seu inferno, algemarem meus pulsos.
Mas não tive medo. Não tive medo porque ele estava aqui comigo.
“Dois deles me seguraram e o outro... Ele, uh, fez isso.”
Fiz um som, levantei uma mão e agarrei seu rosto. Ele empurrou mais para dentro da minha mão.
Pensei que estava completamente destruído. Pensei que não restava nada para me quebrar.
Estava errado.
Senti o estilhaço e então ele se espalhou... O som de outro pedaço de mim quebrando, foi como uma espingarda disparada ao lado da minha orelha.
“Vim aqui, para o hangar. Nem me lembro de como cheguei. Haiukan me encontrou.” Os olhos de Yibo encontraram os meus. “Ele quase matou todos os quatro. Dois estão permanentemente fodidos por causa do que ele fez.”
“Queria que eles estivessem mortos.” Jurei.
“Eu também.” Yibo assentiu. “Haiukan quase foi à prisão por tentativa de assassinato, mas nosso pai fez as acusações sumirem.”
“Ele estava protegendo você.” Eu disse. “Eu acusei você de se esconder atrás dele, mas você não estava. Na verdade não. Me senti como uma merda por dizer isso. Por lhe dizer para ser homem. Eu não tinha o direito.”
O lado de sua boca se curvou e a mão segurando sua bochecha se moveu com ela. “Você estava certo. Eu estava me escondendo. Haiukan é realmente bom em proteger as pessoas e me sinto confortável.”
Balancei a cabeça puxando pra trás .
“Foi há três anos.” Disse Yibo. “Não posso viver no passado para sempre.
Tenho tentado seguir em frente. Pensei que estava ganhando.”
“E então, eu corri para fora daqui como um maluco.” Fiquei impassível.
Ele riu e minha freqüência cardíaca acelerou novamente. “Se você fosse um maluco, eu não teria me importado que você corresse.”
Sorri.
“Eu não queria machucá-lo. Estava tentando evitar isso.” A tristeza sincera saturava sua voz.
Minha mão cortou o ar. “Você não tem nada para se desculpar. Sou aquele que lhe deve desculpas.”
Yibo começou a protestar, mas o cortei.
“Eu sinto muito. Fui muito rápido com você. Te empurrei contra o armário.Rasguei suas roupas.”
Que merda, o que deve ter desencadeado dentro dele. “Então corri quando você ficou tenso. Deveria ter ficado. Deveria ter puxado você de volta.”
“Não culpo você.” Disse ele.
Como? Como ele não poderia ser completamente amargo e desconfiado, de todos os que já encontrou? Até de mim? Especialmente eu, que era difícil e inalcançavél.
“Como diabos você pôde ter me dado seu coração?” Perguntei em voz alta.
“Porque foi você quem me ensinou a vencer de novo.”
Desta vez caí de volta na minha bunda, mais uma vez na frente da cadeira. A respiração saiu de mim e essas palavras, aquelas lindas palavras, me encheram.
Foi a coisa mais significativa que já me disse. Sempre. E sim, doeu, porque isso incluía Matt, mas não podia negar a verdade. Não poderia negar a maneira que uma frase me matou.
Yibo acreditava em mim. Era como se eu o trouxesse de volta à vida.
Em certo sentido, eu o salvei; algo que gostaria desesperadamente de fazer por Matt, mas não podia.
Ele estava me oferecendo uma segunda chance.
Este homem inocente e cansado, fechado, mas aberto e tão fácil aos meus olhos, era a minha segunda chance.
Uma chance de amar novamente. Viver novamente.
“Nós não funcionamos, no entanto, não é? Duas metades. Ambos também quebrados.” Sussurrou.
Eu ainda estava cambaleando de suas palavras anteriores. Palavras que me lembraram o que era amar e ser amado.
Meu Deus, como senti falta de ser parte de algo mais do que apenas eu.
“Talvez seja por isso que funcionamos.” Respondi. “Não porque duas metades fazem um todo — nunca teríamos todos os nossos pequenos pedaços para se encaixar — mas porque ninguém mais pode realmente entender o que é não ser inteiro.”
“Parecemos ter um estranho senso de compreensão.” Murmurou Yibo.
Sorri. “Exceto quando um de nós está correndo como uma buceta.”
Ele franziu o cenho. “Já deixei claro o que sentia por buceta.”
Ri.
Queria ganhar seus batimentos cardíacos, os que ele disse que eu o fiz ter novamente. Não tinha feito nada para garanti-los. Posso já tê-los, mas poderia fazer melhor.
Queria fazer melhor. Eu queria que ele tivesse mais.
Respirei. “Talvez meu coração não esteja tão indisponível como você pensa.”
Seus olhos brilharam. Um pouco desse perigo, algum desafio que vi quando foi contra Haiukan, saiu. “Não diga merda, que não quer dizer.”
Não me ofendi. Ele ganhou o direito de se proteger. Afinal, ele praticamente se estendeu e eu corri.
Eu me sentei. Os nervos se agitaram em meu estômago e se enrolaram na base do meu pescoço. Fiz mesmo assim, continuando o que queria fazer.
Retirei minha jaqueta de couro e deixei cair no chão, atrás de mim. Então empurrei a manga do meu braço esquerdo.
Mesmo no escuro, vi perfeitamente. Talvez fosse porque meus olhos estavam ajustados à fraca iluminação. Ou talvez fosse porque eu estava focado de forma tão completa.
“Eu uso isso o tempo todo.” Disse a ele, alcançando o espesso bracelete de couro sempre amarrado no meu pulso.
“Percebi.”
Olhei para cima. “Você já notou o símbolo?”
Ele assentiu. “Esse é o símbolo do infinito, certo?”
Concordei e tracei o contorno, do que sempre pensei que parecia um oito horizontal. Sob a ponta do meu dedo, o metal prateado estava frio.
“Pensei que eu tinha descoberto meu infinito, um longo tempo atrás. Pensei que Matt era o meu para sempre.”
Yibo se moveu desconfortavelmente e sabia que ele provavelmente não gostava de ouvir isso. Porra, me deixaria louco se ele dissesse isso.
Mas era a minha verdade.
Uma verdade que nunca negaria. Não poderia dar a Matt o meu infinito, mas isso, isso eu poderia dar.
Estendo a mão sem pensar e envolvo minha mão em torno do tornozelo de Yibo. Eu o sinto calmo sob a minha palma. O próprio ar que nos rodeava se acalmou.
“Quando ele morreu naquele dia, minha vida inteira caiu. Eu me distanciei de todos. Minha família, meus amigos, minha carreira. Não pude suportar o pensamento de outra perda como essa nunca mais. Então desliguei, me fechei e disse a mim mesmo, que mesmo que Matt tenha ido embora, ele ainda seria meu infinito. Era o mínimo que ele merecia, depois que morreu no meu lugar.”
“Soa solitário.” Murmurou Yibo.
“Você sabe sobre isso.” Recuperei, soltando seu tornozelo, embora quisesse continuar tocando-o. Virei o braço e peguei a fivela que segurava a pulseira no meu pulso.
Podia ouvir um alfinete cair quando a retirei e deixei cair em meu colo.
“Você me perguntou uma vez se eu tinha uma tatuagem.” Levanto meu pulso para ele ver. “É isso.”
Yibo colocou a parte de trás da minha mão na dele, pegando cuidadosamente meu pulso para ver a tinta preta simples, gravada permanentemente na minha pele.
“Coordenadas?” Perguntou, olhando para cima, ainda segurando meu braço.
Assenti. “As coordenadas exatas onde Matt morreu. Eu uso o símbolo do infinito ao redor dele como uma promessa para ele e para mim, que nunca o esquecerei, nem o sacrifício que ele fez.”
O polegar de Yibo acariciou a tatuagem. Estremeci. Era bom ser tocado.
“Eu entendo.” Ele começou a se retirar. Peguei sua mão e liguei meus dedos aos dele.
“Você não entende.” Disse gentilmente. “Por cinco anos, perguntei-me por quê. Todos os dias, uma e outra vez. Isso me mantém à noite. Isso envolve meu cérebro e cria essa poluição, que nem sempre consigo rever.
Por quê? Por que Matt e não eu? Por que estava vivo? Por que ele morreu? O
Que fiz na vida para justificar tal punição? As perguntas são infinitas e sempre me disse que nunca saberia a resposta.”
Yibo abriu meus dedos, me oferecendo apoio, empatia. Oferecendo conforto, então não tinha que estar sozinho.
“Mais cedo nesta manhã, o que, francamente, parece uma vida atrás...”
Murmurei.
Ele fez um som de acordo.
“Percebi uma coisa. Quando você veio pulando do banheiro como um leão protegendo sua guarida e se plantou na minha frente. Quando desafiou seu próprio irmão a me proteger? Eu soube.”
“Soube o quê?”
“Você é o meu porquê. O porquê.”
Senti a surpresa sacudir seu corpo. Seus olhos cresceram tão largos, que podia ver o branco ao redor das bordas de suas íris de chocolate.
“Tudo estava me conduzindo aqui. Para você. Eu não queria admitir isso.
Parecia em parte, como uma traição a Matt. Mas não dizer isso, reter tudo o que sinto, é como traí-lo. Não posso te trair, Yibo. Apenas não posso.”
“O que você está dizendo agora?” Perguntou ainda cauteloso.
“Estou dizendo, acho, que você ensinou meu coração a bater de novo, também.”
Nós nos encaramos. A intensidade nesta sala de controle era espessa, tão grossa que você poderia cortá-la com uma faca.
Eu me senti...livre. Em paz. Mais do que senti em cinco anos. Era esmagador, mas foi bem-vindo.
“Realmente quero te beijar agora.” Admiti.
“Você quer?” Sua voz era raspada.
“Toda vez que estamos juntos em uma sala, é preciso um esforço para não te tocar.” E agora, depois de ouvir tudo o que tinha passado, me recusava a tocá-lo ainda mais.
Queria mostrar-lhe que o toque poderia ser reconfortante, prazeroso e vinculativo. Queria provar a ele que não era algo que doía.
“Não fui muito tocado, não até você.”
“Por ninguém?” Perguntei, meu coração apertado.
Ele parecia envergonhado, encolhendo-se na cadeira.
“Está tudo bem”. Confirmei gentilmente.
“Antes,” ele disse de forma significativa e acenei com a cabeça, informando-o que entendi, então ele não precisava dizer isto. “Havia o cara com quem costumava me encontrar na festa do armazém. Nem sabia o nome dele. Nós desaparecíamos na escada juntos e brincávamos.”
“Brincavam?” Perguntei, querendo esclarecer.
“Beijo. Chupávamos um ao outro.”
“Sexo?” Perguntei.
Ele balançou sua cabeça.
“Antes de sem-nome?” Perguntei.
“Ninguém.” Respondeu calmamente. “Exceto as meninas. Elas me chupariam e eu imaginaria outros caras. Fiz sexo algumas vezes com elas, mas nunca gostei. Eu só fiz isso... Fiz apenas para…”
“Para ser normal?”
“Sim.” Zombou. “Mas isso só me fez sentir menos normal.”
“Então você nunca teve sexo, com um cara?” Você nunca teve ninguém tocando em você com puro carinho.
“Não. Depois do que aconteceu, nunca quis.” A escuridão brilhou em seus olhos. “Dói muito.”
Você nunca conheceu a luxúria. Ganância. Força.
Segurei o gemido na parte detrás da garganta. Com a merda que ele passou, queria poder fazer desaparecer. Meu corpo balançou para frente, como se planejasse se baixar sobre ele para envolvê-lo e prometer que nunca mais seria assim.
Parei. A última vez que fui muito rápido, ele entrou em pânico. Ele tinha que vir até mim.
“Yibo.” Resmunguei. Estendi minhas mãos. “Venha aqui.”
Pensou sobre isso antes de levantar da cadeira lentamente. Assisti, enquanto empurrava pra trás; as rodas rangeram e gemeram, mas rolaram.
Cruzei minhas pernas debaixo de mim, então estava sentado no estilo indiano.
Minha pulseira ainda estava no meu colo. O ouvi deslizar entre as minhas coxas e cair no chão.
Não me levantei. Imaginei que estar aqui no chão e ele estar na cadeira, podia fazê-lo se sentir mais seguro.
Nem sempre tomava essas precauções com ele, mas foi antes de saber.
Agora eu sabia. Agora levaria em consideração as coisas que ele tinha passado. Teria que ensiná-lo, através da ação, que estava seguro comigo.
Estendi minha mão e ele se deslizou para ela. Meu estômago virou quando ele pisou em cada lado dos meus quadris e abaixou, até estar sentado no meu colo.
Suas pernas enroladas em minha cintura, seus high-tops descansando no chão atrás de mim. Nos ficamos cara a cara, peito a peito. Por estar sentado no meu colo, ele estava um pouco mais alto.
“Ei.” Murmurei e acariciei sua mandíbula.
“Ei.”
Fui lentamente para poder seguir meu movimento. Levantei minha mão, curvei-a em torno da parte de trás de seu pescoço e puxei.
Ele me deixou levar sua testa para baixo, então descansou em cima do meu ombro. Uma vez que estava lá, minha mão arrastou-se pelas costas, esfregou e o enfiou em um abraço.
Ele suspirou.
Um som que nunca soube que poderia ser tão doce.
O corpo de Yibo relaxou e cuidadosamente envolvi meu outro braço, então o estava segurando. Foi a primeira vez que ele estava nos meus braços assim.
Rezei a Deus para não ser a última.
Senti-me completo, então, apesar de todos os obstáculos, todas as verdades devastadoras entre nós. Elas não pareciam tão terríveis quando ele estava em meus braços.
Eu o segurei por um tempo. Não acompanhei o tempo, mas notei que quanto mais tempo passava, mais lânguido o seu corpo se tornava. Mesmo quando minhas pernas começaram a ficar dormentes, ignorei, porque parecia tão certo.
Então ele se mexeu. Seu rosto deslizou do meu ombro e pressionou no meu pescoço. Sussurrei seu nome, acariciando suas costas. Seus braços cercaram minhas costas, me abraçando.
Meu peito inchou até perto de estourar. A emoção tão épica me lavou como uma maldita onda do mar. Eu só o puxei mais perto e montei a tempestade, tentando protegê-lo da água.
“Sinto muito por Matt.” Sussurrou contra meu pescoço. O desejo despertou algumas das minhas emoções. Com cada palavra que sussurrou, seus lábios roçaram minha pele. “Queria poder tirar um pouco da sua dor.”
Minha voz se quebrou. “Você tira.”
Ele se recostou. Nossos rostos estavam tão perto; se eu me inclinasse para frente apenas uma polegada, nossos narizes colidiriam. Cada respiração que ele tomou, seu peito esfregou contra o meu.
Estendi a mão, afastando o cabelo  do olho.
Ele se inclinou para frente e pegou meus lábios. Eu queria agarrá-lo e puxá-lo perto. Queria empurrar minha língua na boca como fiz antes. Me controlei, deixando-o assumir a liderança. Minhas mãos caíram em meus lados, enquanto sua mão tocou minha mandíbula e segurou.
Ele me beijou devagar, mas completamente. De certa forma, era como um primeiro beijo, porque, honestamente, ninguém jamais me beijou assim antes. Com necessidade, mas com tanto gosto. Com inocência, mas conhecimento.
Com amor e medo.
Eu bebi dele. Bebi tão profundamente, que sentia que ele estava dentro de mim.
Quando sua língua atravessou meus lábios, abri e deixei torcer em torno da minha. Seus dedos apertaram meu rosto e seu corpo se inclinou mais para o meu. Apoiei seu peso e combinei a pressão com minha boca.
Ele estava me matando.
Me. Matando.
Eram preliminares no seu melhor.
Preliminares mais inocentes, porém mais escaldantes.
Eventualmente, suas mãos deslizaram pelos lados do meu pescoço e seus lábios começaram a se afastar. Gemi em protesto, mas deixei. Seus olhos estavam pesados, um pouco tímidos, quando surgiram.
Que raridade ele era. Um diamante ainda cercado por carvão, já colocado sobre muita pressão. Um diamante já formado, apenas esperando a fuligem ser enxaguada.
Sorri, esfreguei seu lábio inferior com o meu polegar e depois lambi o que restava do nosso beijo. Ele beijava melhor do que a maioria dos homens que faziam sexo.
Ele deslizou para trás um pouco e automaticamente minhas mãos o seguraram, tentaram apertá-lo. Olhei para cima, pensando que talvez não devesse ter feito isso.
Mas ele sorriu. “Eu não estou indo a lugar nenhum.”
Sua mão mergulhou entre minhas pernas, escovando contra a frente das minhas calças e minhas coxas. Mordi meu lábio porque, porra, queria mais. Quando ele recuou, a pulseira estava com ele. Fez um gesto para o meu pulso e o segurei. Sem uma palavra, colocou a pulseira de volta aonde pertencia e depois a cobriu com a mão.
“Matt é parte de você. Esta pulseira é parte de você. Tudo bem.”
“Por favor, não fique aqui esta noite.” Sussurrei, tomando seu rosto em minhas mãos. “Não quero você aqui. Está frio e não é onde estou.”
“Não sei se posso-“
“Você está a salvo comigo, Yibo. Juro. Nunca faria você fazer nada que não estivesse pronto.” Estendi minhas mãos, entregando-me. “Nem vou tocar em você, a menos que diga que está tudo bem. Vou ficar no sofá na minha suíte esta noite. Você pode pegar a cama.”
Suas mãos alcançaram as minhas. Nossos dedos se juntaram.
“Realmente quer que eu vá com você?” Perguntou.
“Mais do que tudo.” Jurei.
“Tudo bem, Zhan.” Disse com um pequeno sorriso.
Adoro quando ele me chama assim.
“Irei com você.”
Sim.
.....


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