A aposta

Capítulo 39

Ricardo

- João, gostaria que entrasse em contato com serviço de proteção a criança e acionasse um bom advogado, com urgência!

- Posso saber o porquê?

João me pergunta desconfiado, tenho plena certeza que ele não tem envolvimento com o sumiço de Charlote foi a única pessoa que consegui pensar para me auxiliar nesse momento, mas logo que faço tais solicitações me arrependo, pois o João mudou muito desde que começou a se envolver com a Andreia.

-Não posso dar detalhes, mas é importante e necessita de agilidade

-Ricardo, você está tentando tirar a guarda do filho da Charlote? Espero que a urgência não seja essa, você como advogado sabe o quanto isso pode ser desgastante para uma mãe, ainda mais considerando o estado de saúde em que ela está, só vai causar ,mais dor e sofrimento.

-O filho também é meu, não quero magoar ninguém mas tenho direitos legais sobre ele, se ela deseja ficar aqui neste lugar a decisão é dela, mas meu filho volta comigo!

...

-Filho larga de ser cabeça dura, pensa no mal que pode fazer pra essa criança afastando ela da mãe, e os riscos que a Charlote corre por ter uma gestação tão frágil

Abro o celular e me deparo com a mensagem da minha intercedendo mais uma vez pela Charlote, com certeza o Boca grande do João conversou com ela sobre isso, aparentemente ninguém está do meu lado, não entendo como jogo foi virar assim tão de repente, parece que as pessoas não consegue compreender que só quero que as coisas voltem ao seu lugar.

Começo a digitar uma mensagem pra minha mãe, mas logo apago, não vou entrar nessa guerra com minha mãe, ainda estou muito magoado com ela, e não está na hora de pensar em uma aproximação pois as coisas so vão piorar.

...

Estou na porta do hospital quando avisto charlote sair do carro e entrar pela porta frente, olho e não consigo acreditar que ela espera um filho nosso, parece tão confuso, dentro de mim as coisas estão muito bagunçadas, mas não vou arriscar novamente perder ela de vista, preciso encontrar uma maneira de leva-la daqui comigo.

Saio do carro e tento me aproximar, vejo a recepcionista vir ao encontro dela falando algumas coisas que pareciam ser urgentes e serias, elas saem andando de pressa adentra para o corredor do hospital, foi quando perdi ela de vista,

Fiquei por horas sentado na recepção, me dei conta do quanto parecia um idiota ali sentado, as pessoas me perguntando sobre como poderiam me ajudar e eu simplesmente respondia que aguardava a mãe do meu filho para acompanha-la, afinal não estava mentindo, essa era minha real vontade, por fim charlote aparece com um semblante nem um pouco amigável

-Vamos!

...

Charlote

- O que você pensa que está fazendo aqui? Enlouqueceu? - Fala assim que chegamos do lado de fora do hospital. -Ricardo isso é loucura, você não pode aparecer na minha vida novamente do nada e ficar interferindo na minha rotina como se nada tivesse acontecido.

-Me desculpa, eu não sei mais o que fazer, me fala como eu posso conseguir seu perdão, eu não aguento mais essa situação.

-Quer mesmo que eu te perdoe?

- É tudo que mais quero nessa vida

-Então vai embora e me deixa em paz, por favor eu preciso seguir minha vida e você está me fazendo muito mal estando aqui, olhar pra você me faz lembrar o quanto fui enganada, como se eu revivesse novamente toda humilhação. Imaginar que na primeira festa quando vi aquele troféu na sua mão e o frio que senti na barriga, e mesmo todos os sinais me avisando para que eu ficasse longe de você, fui burra o bastante e vocês riram, zombaram de mim, eu fico imaginado as milhões de vezes que eu fui piada e entretimento pra vocês nas rodinhas de conversa.

-Charlote, por favor!

Tento me aproximar, mas ela se afasta, está agitada e chorando muito de uma forma inconsolável, eu só queria poder abraça-la e dizer que fui um idiota mas que vai ficar tudo bem, que podemos recomeçar do zero, mas ela continua esbravejando, falando chorando tenho medo de onde isso tudo pode nos levar.

- Não encosta em mim! Eu não te entreguei só meu corpo naquela noite eu te entreguei tudo e quando menos percebi entreguei minha vida toda na sua mão, a minha vida era você Ricardinho, enquanto pra você eu era só um jogo, uma aposta, muito bem elaborada por sinal, se a intenção era fazer eu me senti um lixo pelo reto da vida vocês conseguiram com sucesso, eu tive vontade de morrer, essa criança crescendo dentro de mim foi a única coisa boa da nossa relação e agora você vem depois do mal que me causou querer tirar de mim a única coisa que mantém viva? Ricardo quando lembro de tudo e revivo isso lembro o quanto doía de uma maneira que não sei explicar, e ainda dói. (Lagrimas entre soluços incessante)

Era tão visível a dor que eu causei naquela mulher, agora olhando em seus olhos eu me vi perdido, como eu consegui ser tão cruel!?

- Me perdoa! - Falo e percebo que as lagrimas também tomaram conta do meu rosto, não tinha me dado conta que a dor dela era tão grande que me atingiu em cheio

-EU ODEIO VOCÊ, quero que você morra pra nunca mais ter que olhar pra você!

Fala se virando para sair do meu campo de visão, as pessoas já estavam começando aglomerar na pequena entrada e em um piscar de olhos percebo que ela não está bem, tento novamente um reaproximação, dessa vez ela não rejeita e quando encosto em suas costas sinto o peso do seu corpo sobre meus braços, ela desmaia mesmo desesperado me sinto tão grato por poder protegê-la mesmo que seja pela última vez.