Capítulo 29

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Ricardo

Pego o primeiro voo para São Paulo, depois do episodio da semana passada preciso urgente aumentar minhas idas ao terapeuta, ainda bem que ela conseguiu me encaixar nessa vaga de ultima hora. As coisas não estão nada bem considerando minha necessidade extrema de ter a Charlotte por perto, talvez essa coisa de independência que ela tem é o que esta me incomodando tanto. 

...

Bom dia Sr. Landsteiner!

- Bom dia Senhorita Rute! - Falo me acomodando na poltrona em frente a analista.

- Reparei que neste mês já é terceira vez que liga solicitando atendimento em caráter de urgência, considerando que seus atendimento são realizados 1 vez por mês, me preocupo com o aumento da demanda, gostaria de saber o que esta te incomodando tanto nessa semana que o Sr. triplicou as sessões.

- O assunto é o mesmo, Charlotte,  não consigo deixar de ser afetado pelas coisas que ela me faz, isso me incomoda muito, pois ao contrario das pessoas com quem eu me relaciono ela parece estar o tempo todo me desafiando. Eu sinceramente preciso saber o que fazer,  penso que talvez deixar essa relação de lado seria  melhor, talvez assim ela comece a temer o fim e passe a ser como as mulheres normais.

- Mulheres normais? me explica melhor a sua definição de normalidade.

-Normais em relação a mim. Nunca tive dificuldade nenhuma para conquistar alguém, se eu quero algo eu tenho, mas tudo com ela é complicado, é como se eu o tempo todo tivesse que provar que eu sou o cara certo. 

- Então você quer dizer que mulher normal é aquela que faz tudo que o Sr. deseja? me explica.

-Não foi isso que eu quis dizer!

-Preciso que me esclareça, pois talvez eu tenha entendido errado.

- Sou acostumado a ter o que quero isso é um fato, não trato as mulheres como um objeto, porém costumam sempre fazer o que quero ou tentam me agradar de algum modo para estarem perto de mim, e manter algum tipo de vinculo, mas a Charlotte não, ela age como se não se importasse. Acredita que depois do episodio da praia, o qual foi ocasionado por falta de comunicação, fazendo com que eu envolvesse vários policiais e  viaturas para verificarem o estado de segurança dela,  no inicio da semana ela vende o carro dela sem ao menos me consultar sobre o assunto.

- Ela vendeu o carro dela?

- Sim!

- E por qual motivo ela deveria te consultar, considerando que o carro é dela?

-Você é casada ou tem algum tipo de relacionamento?

- Não posso falar sobre a minha vida pessoal com você, me perdoe! 

- Então acho que não temos mais nada para conversar, pois acredito que precisamos estabelecer confiança, e se um simples fato de ser ou não casada não pode ser compartilhado não faz sentido eu estar aqui me abrindo com  você.

- Sr. ricardo, estamos aqui para tratar suas questões e não as minhas, por tanto eu peço que respeite a minha privacidade como sua terapeuta, mas se não se sente a vontade de estar trabalhando comigo eu posso te indicar um outro profissional.

A minha vontade era de sair daquela sala e nunca mais olhar na cara daquela mulher, mas como foi uma indicação da clinica onde a Charlotte trabalha prefiro não fazer nenhuma burrada que talvez possa prejudicar ainda mais nosso relacionamento.

-Ok! Manterei os atendimentos, pois realmente preciso de ajuda e demoraria muito para iniciar o processo com outro terapeuta nessa altura do campeonato.

-Então vamos prosseguir..

-Tudo bem, eu acho que você não é casada pois se fosse provavelmente usaria aliança e nunca vi uma aliança no seu dedo, nem marcas que pudessem comprovar o uso da mesma. Sendo assim, com todo respeito e me baseando nessas observações farei uma outra pergunta, caso tivesse um marido ou se tivesse envolvida em um relacionamento, e ele vendesse o carro dele ou qualquer outra coisa consideravelmente grande sem te comunicar sobre o assunto como reagiria?

-Supondo que essa fosse uma realidade minha, acharia algo normal, sendo o carro somente dele.

-Eu não acho, pois independente de qualquer coisa gostaria de fazer parte das escolhas dela também, não que eu impediria ela de fazer isso, mas poderíamos sentar como um casal e tentar selecionar um melhor comprador, evitar que alguém passa-se a perna nela como acredito que tenham feito. O problema não é ela ter vendido,mas sim as atitudes que ela toma independente de mim , é como se me excluísse das decisões dela.

- Você não tem medo das escolhas dela, o seu maior medo é que um dia você não faça mais parte dessas escolhas, e como ela não tem o costume de compartilhar todos os pensamentos com você isso te assusta mais ainda, pois nunca saberá interpretar os sinais caso ela decidir ir embora,  você tem medo que ela te deixe, e que você não perceba os sinais, assim como aconteceu com os seus pais, assim como aconteceu com a Jhully.

Meu coração começou a bater de forma desgovernada, de repente parecia que algo estava me sufocando, afrouxei a gravata, tentei me ajeitar na poltrona de forma que me sentisse confortável, mas nada estava adiantando, achei que fosse ter um ataque de panico, já fazia muito tempo que não tinha esses episódios, volto a si quando sinto a mão da terapeuta em meu ombro me ofertando um copo de água, bebo tentando controlar minha respiração e graças a Deus consigo retornar ao mundo real sem grandes danos.

...

- Não é isso que está acontecendo! - Falo tentando parecer firme, ainda recuperando o folego e tentando controlar a oscilação no tom da voz.

- Se não for isso me explique o motivo pelo qual ate hoje você não contou pra Charlotte esse segredo que não quer revelar nem para mim em atendimento, pois acredita que eu poderia contar a ela e não quer correr o risco de confiar seu segredo a uma desconhecida, pois não suporta a ideia de predela por um erro seu.

-Eu não contei pois é algo insignificante e que não faz o menor sentido falar sobre isso mais.

- Já que não faz mais diferença, pq não compartilha comigo o assunto, quem sabe eu possa entender melhor suas angustias e te ajudar com mais precisão.

-Eu não quero que toquemos mais nesse assunto durante as sessões. Por favor!

-Tudo bem Ricardo! Mas pensa comigo, a Charlotte aparentemente é tudo o que você nunca teve, se as atitudes dela estão te incomodando tanto e ainda não teve coragem para colocar um basta nessa relação será que não esta mais envolvido do que acha nesta relação?!

- Como assim?

- Sua energia esta toda canalizada nesse relacionamento, e enquanto não admitir que o que sente por ela é algo forte nunca conseguirá,nuca conseguira trabalhar essas questões e enquanto não trabalharmos isso não conseguiremos seguir em frente tão pouco evoluirmos em outros contextos.

Penso um pouco relutantemente, tales se eu contasse toda problemática, de como todo esse meu envolvimento com a Charlotte começou, da aposta, do troféu, talvez ela pudesse me ajudar ou dizer uma forma mais fácil de contar tudo para Charlotte sem correr o risco de acabar com tudo.

-Posso te faze ruma pergunta? - Ela  fala interrompendo meus pensamentos.

-Sim!

- Se ela descobrisse esse tal segredo que não tem a minima importaria mais hoje qual seria sua reação,  o que você faria caso ela não te perdoasse?

-Nada, pois ela nunca vai descobrir isso é passado e está enterrado.


RECADINHO

Lindezas e lindezus me desculpa pela demora em esta fazendo os posts, estou retornando aos poucos, peço milhões de desculpas e continuo pedindo a compreensão de todos. Tentarei fazer o possível para voltar a postar toda semana.

Beijos!

A aposta  Onde histórias criam vida. Descubra agora