Acordes de Amor e Rock 'n' Roll

CAPÍTULO 14

Lilah

Empurrando o carrinho com uma mão e mexendo distraidamente no cabelo recém-cortado com a outra, adentro o corredor de rações para animais, onde o aroma mesclado de ração de gato e cachorro domina o ambiente. As prateleiras são intermináveis, como se estivessem se divertindo à minha custa com suas montanhas de opções de ração empilhadas até o teto. Larry só come uma marca específica, que custa o mesmo que um jantar decente para duas pessoas em um restaurante médio, mas, ei, o que eu não faço por ele?

Enquanto procuro a embalagem familiar, meu olhar é capturado por um grupo de crianças que parece ter decidido que o corredor de ração é uma pista de corrida. Um menino empurra a irmã, que faz uma aterrissagem desajeitada em uma pilha de sacos de ração, e uma senhora mais velha balança a cabeça em reprovação. Sorrio, pensando que, pelo menos, não preciso lidar com crianças. Mas, ao mesmo tempo, sinto uma pontada estranha – uma lembrança incômoda de como minha vida poderia ter sido diferente.

Finalmente encontro a ração de Larry, pego o saco e o jogo no carrinho. Ele pesa como uma pedra, e me pergunto brevemente se alguém já se feriu fazendo compras. Provavelmente. E também provavelmente não foi uma diva pop que acabou esmagada sob uma avalanche de ração para gatos. Imagens absurdas de manchetes de tablóides passam pela minha cabeça, e faço uma careta para mim mesma, tentando afastar a visão de mim mesma na capa de um jornal, com a legenda "Pop Star Sepultada Sob Ração de Gato".

As luzes fluorescentes do supermercado fazem meus olhos doerem, e o som incessante dos alto-falantes tocando um pop chiclete genérico me irrita. É mais um dia tentando viver como uma pessoa comum, e estou convencida de que o universo está se divertindo às minhas custas. E dirigir até aqui? Isso é, sem dúvida, uma das piores partes da vida adulta. Com os anos, não desenvolvi nenhuma afeição por ficar presa no trânsito, tentando evitar ciclistas que parecem ter um talento especial para aparecer do nada, ou motoristas que tratam setas como se fossem apenas enfeites de Natal.

Enquanto me movo até o caixa, passando por prateleiras de doces que parecem gritar meu nome com um entusiasmo insustentável, meus pensamentos vagam novamente para o caos que é minha vida agora. Minha agenda é um turbilhão; entrevistas, gravações, ensaios, e eu? Perco-me em tudo isso, sentindo que mal consigo manter a cabeça fora da água. Não há nada glamouroso em fazer compras sozinha em um supermercado impessoal às seis da tarde.

No caixa, as luzes fluorescentes me seguem, e um garoto que claramente me reconhece olha para mim com um mix de espanto e reverência, como se eu fosse uma figura mítica de um conto de fadas. Seus olhos saltam das compras para mim, e vejo o exato momento em que ele faz a conexão.

— Você é... Lilah, certo? — ele gagueja, os olhos arregalados e um sorriso nervoso que parece pedir desculpas por existir.

Eu sorrio, um reflexo automático que não alcança meus olhos.

— Isso mesmo.

Ele rapidamente passa minhas compras, ainda me olhando como se estivesse vendo um fantasma. Tento manter a calma e dar de ombros para essa reação, mas a verdade é que nunca vou me acostumar totalmente com isso. É como se eu estivesse vivendo em uma realidade paralela onde ser eu mesma é ao mesmo tempo incrível e exaustivo.

No estacionamento, a brisa fria me atinge de novo enquanto empurro o carrinho até o carro, pensando que pelo menos a noite está quase acabando. Mas, como sempre, o universo tem outros planos.

— Lilah? — a voz feminina me faz parar no meio do caminho, e meu coração dá um salto. Eu conheço essa voz.

Viro-me devagar, quase com medo de confirmar o que minha mente já sabe. Crystal está parada perto de um carro brilhante, seus cabelos loiros e lisos brilhando sob a luz fraca dos postes. Ela parece desconfortável, mas determinada, e meus olhos se estreitam enquanto tento entender o que ela está fazendo aqui, agora.