CAPÍTULO 16

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Lilah

Acordei na manhã desta segunda-feira cinza e melancólica, o tipo de dia que parece ter sido projetado para combinar com o estado de espírito de alguém que acabou de levar um pé na bunda. Ao abrir os olhos, a primeira coisa que pensei foi em me enterrar sob os cobertores e fingir que o mundo exterior não existia. Mas, claro, eu não tinha esse luxo.

Acordei às sete da manhã, com uma sensação de desânimo tão profunda que poderia ter sido um buraco negro. Não que eu quisesse estar mais deprimida do que já estava, mas o pensamento de não abrir o Instagram era como a única forma de me proteger de um bombardeio de fotos de casais felizes, flores, e declarações de amor. Não que eu estivesse com ciúmes, ou algo assim. Apenas, sei lá, talvez o Instagram não seja o melhor lugar para pessoas solitárias em um Dia dos Namorados.

Decidi não fazer nada produtivo, porque, evidentemente, eu estava tentando evitar que meus pensamentos se transformassem em um oceano de melancolia. Em vez disso, me permiti uma série de devaneios deprimidos e pouco construtivos. Perguntas como: "Será que Noelle levaria a nova namorada para o restaurante que amávamos?" e "Será que ela vai sugerir que ela prove Carolina recheada com camarão, como fez comigo, só para refazer o passado?" pairavam na minha mente como uma nuvem de fumaça.

Mesmo sabendo que elas terminaram, eu não me surpreenderia que Crystal caísse novamente nos encantos de Noelle.

Isso me trouxe à conclusão de que eu realmente estava muito para baixo. Era quase cômico. Mas eu precisava de algo para me distrair, algo que não envolvesse a visão deprimente das redes sociais.

Aí foi quando meu celular resolveu ser o herói inesperado. Uma mensagem de um número desconhecido piscou na tela, interrompendo meus devaneios.

Revirei os olhos ao ler a primeira palavra da mensagem.

— Monstrinho? Sério, Anthony? — eu murmurei, olhando para a tela do meu celular com um misto de irritação e desdém. Era Anthony Stone, aquele mesmo que eu tinha recusado a colaborar no início. A ironia de ele ainda estar tentando contato não me escapava.

Eu me perguntei por que, exatamente, eu aceitei tentar gravar uma música com ele. Talvez fosse o desejo de sair da minha própria cabeça e não simplesmente afundar na melancolia do Dia dos Namorados, que, francamente, estava mais para o Dia da Solidão Desesperada.

— Eu tenho um nome, Anthony. — digitei de volta, com um toque de sarcasmo, e esperei por uma resposta.

Ele não fez por menos.

— Sim, você é a Monstrinho. — respondeu ele com uma pontinha de humor, que eu não pude evitar achar um pouco engraçada.

Revirei os olhos novamente, mas continuei a conversa, o tom de nossa troca se tornando uma espécie de diálogo cômico, como se estivéssemos em uma sitcom. Esperava que Anthony não fizesse mais piadas sobre meu nome ou sobre a situação.

— Se estiver livre, pode vir à minha casa hoje para escrevermos nossa música e você ver como estou diferente. — a mensagem era direta, um convite inesperado, mas que, de alguma forma, soava como uma oferta de distração.

Eu hesitei por um momento, ponderando se isso seria um desperdício de tempo ou uma chance de escapar da minha própria cabeça. A ideia de ir até a casa de Anthony e escrever uma música soava muito mais produtiva do que ficar em casa se lamentando por estar sozinha em um dia que costumava ser repleto de vinho, hidromassagem e chocolate.

— Vou aparecer. Me passa o endereço depois. — respondi, tentando ignorar o fato de que eu estava prestes a sair de casa apenas para manter a mente ocupada.

Acordes de Amor e Rock 'n' RollOnde histórias criam vida. Descubra agora