CAPÍTULO 19

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Lilah

Uma semana depois, lá estava eu, na academia, sozinha na esteira. O ritmo da corrida parecia uma metáfora perfeita para a velocidade com que minha vida estava mudando — ou talvez só fosse um reflexo da minha incapacidade de ficar parada por muito tempo. De qualquer forma, meu novo single, "All the Things She Said", estava tocando na caixa de som, um lembrete constante de que o caos que eu sentia estava, de alguma forma, se transformando em arte.

Ouvindo a música, não pude deixar de me perder em devaneios cômicos e autodepreciativos. A letra da música parecia uma trilha sonora adequada para a minha luta interna — uma espécie de grito confuso e poderoso de quem está tentando encontrar seu lugar no mundo, mas parece estar tropeçando a cada passo.

— Olha só para mim, — murmurei para mim mesma, enquanto o ritmo pulsante da música se misturava com o som dos meus pés batendo na esteira. — Estou aqui, correndo para longe de tudo, e minha própria música está me seguindo como um cão fiel. É quase como se a minha carreira estivesse me dizendo: "Ei, não vá embora, ainda tenho mais caos para oferecer!"

A cada verso, eu me via refletindo sobre como os sentimentos na música pareciam ser uma caricatura da minha própria vida. "All the Things She Said" falava sobre confusão e desespero, e eu tinha certeza de que estava começando a me identificar com isso de maneiras que eu preferiria não explorar muito profundamente.

— Ah, sim, eu sei, — continuei, com um tom sarcástico. — Porque nada diz "superação" como correr a um ritmo frenético enquanto a sua própria voz canta sobre o desespero. É quase terapêutico, se você não parar para pensar que está sozinha em uma academia enquanto todos ao seu redor estão apenas tentando manter a forma. Eu estou aqui, fazendo uma maratona emocional e física, e só falta um cobertor para me sentir completamente deprimida e confortável ao mesmo tempo.

Eu dei uma olhada para o espelho à minha frente, tentando não encarar a minha própria imagem de forma crítica. Estava suada, com o cabelo bagunçado e a expressão de alguém que não tem ideia do que está fazendo com a própria vida. Não exatamente a visão que eu tinha quando idealizava a recuperação emocional através de exercícios físicos.

— E o melhor de tudo, — continuei a falar sozinha, — é que estou fazendo isso enquanto minha própria música toca como uma piada cruel. Se alguém estivesse filmando isso, poderia ser o próximo clipe de "All the Things She Said": Lilah, a rainha da autodepreciação, correndo para longe de seus próprios demônios. E talvez, apenas talvez, isso seja o suficiente para me manter focada por mais alguns minutos.

O refrão da música começou a subir, e eu acelerei a esteira um pouco, sentindo o suor escorrer pelas costas. A sensação de movimento constante parecia ser a única coisa que realmente fazia sentido, mesmo que o resto estivesse completamente fora de controle.

Mais uma corrida na esteira, mais uma tentativa de encontrar algum sentido no meio desse turbilhão. Quem sabe, no final das contas, eu não esteja apenas correndo para me encontrar. Ou, pelo menos, para encontrar um lugar onde eu possa parar de me martelar com os próprios pensamentos.

Enquanto a música continuava a tocar e eu mantinha o ritmo, comecei a sentir uma pequena dose de alívio. Talvez o caos em que eu estava imersa não fosse um obstáculo intransponível, mas apenas um desafio a ser enfrentado, um passo de cada vez. E se o fundo do poço parecia estar apenas mais um passo adiante, pelo menos eu estava me movendo, mesmo que isso fosse através de uma esteira e uma trilha sonora melancólica.

Eu terminei minha sessão na academia e, apesar da sensação de exaustão, senti um alívio pequeno por ter conseguido manter o ritmo. A música tinha diminuído, e eu estava tão absorta em meus pensamentos que quase não percebi que estava prestes a esbarrar em alguém na saída.

Acordes de Amor e Rock 'n' RollOnde histórias criam vida. Descubra agora