CAPÍTULO 15

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Anthony

Eu estava afundado no sofá, cercado por latas de cerveja amassadas e pacotes de salgadinhos vazios, com a TV murmurando alguma bobagem que eu não estava prestando a menor atenção. O apartamento parecia ter sido vítima de um furacão que só carregava pizza e refrigerante – o que, considerando meu histórico, não estava tão longe da verdade. O cheiro de comida velha pairava no ar, misturado com o perfume nada agradável de desodorante vencido e cerveja derramada no tapete.

A última coisa que eu queria era me mover, quem dirá me preocupar com qualquer coisa que não fosse o próximo gole de cerveja. Eu estava tentando, com toda a minha força, ignorar o mundo lá fora, quando, de repente, a porta do meu apartamento foi escancarada com uma força que poderia rivalizar com um aríete medieval.

Eu quase caí do sofá, derrubando uma lata meio cheia no processo. Ótimo, mais uma mancha no tapete. A luz da manhã invadiu o lugar como se estivesse fazendo um protesto contra o estado do meu apartamento. E lá estava Vanessa, a imagem perfeita da eficiência em saltos altos, com uma expressão que só significava problemas.

— Pelo amor de Deus, Anthony! — ela começou, nem se dando ao trabalho de perguntar se podia entrar. E por "entrar", quero dizer "invadir com toda a força do inferno". — Isso aqui está um nojo!

Ela passou os olhos pelo apartamento, como se estivesse calculando o número de horas que teria que gastar para limpar aquilo, ou talvez decidindo se devia simplesmente colocar fogo em tudo e começar do zero.

— Eu estava no meio de algo muito importante — tentei me defender, gesticulando vagamente para a TV, que naquele exato momento estava mostrando um comercial de fraldas. Claro, ótimo timing.

Vanessa revirou os olhos, claramente sem paciência para minha desculpa esfarrapada.

— Levanta daí. — ela marchou até a minha geladeira, abriu a porta e olhou para dentro com uma expressão de desgosto. — E larga essa cerveja, pelo amor de Deus.

— Eu já disse, estou no meio de algo importante... — protestei, mas Vanessa já estava vasculhando a cozinha, ignorando completamente minha existência.

— Lilah está em um evento beneficente hoje — disse ela, virando-se para me encarar com aqueles olhos que não aceitam desculpas. — E você vai até lá.

Eu me endireitei no sofá, embora ainda estivesse segurando a lata de cerveja como se fosse meu último consolo.

— Por que eu faria isso? — perguntei, já prevendo que a resposta envolveria algo que eu definitivamente não queria fazer.

Vanessa cruzou os braços, olhando para mim como se estivesse prestes a dar uma lição para um adolescente rebelde.

— Porque você precisa ser visto fazendo algo de bom, Anthony. Especialmente na frente de Lilah. — ela suspirou, exasperada. — Você quer que ela mude de ideia sobre aquela colaboração, certo? Bom, se tem uma coisa que ela não vai resistir, é você fazendo algo altruísta, mesmo que seja só fachada.

Eu suspirei, afundando ainda mais no sofá. A ideia de enfrentar um evento beneficente me dava náuseas. Gente bem-intencionada, sorrisos falsos, discursos inspiradores... Ugh. Mas o olhar determinado de Vanessa me disse que eu não tinha escolha.

— Tá, tá bom... — eu disse, finalmente cedendo. — Mas não esperem que eu faça discursos ou distribua sorrisos, porque isso não vai acontecer.

Vanessa deu um sorriso vitorioso, que me irritou mais do que eu gostaria de admitir.

— Não precisa ser perfeito, só precisa ser visto. — ela deu um tapinha no meu ombro. — Agora, vai tomar um banho. Não dá pra aparecer desse jeito.

Acordes de Amor e Rock 'n' RollOnde histórias criam vida. Descubra agora