Pequenos olhos incrédulos e o padre

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- Santidade, chegamos.

Após proferidas essas palavras, tranquilamente ele passou pela porta da carruagem, a batina negra tocava os degraus enquanto descia de um por um, alcançando, por fim, o solo. Por um momento esteve estático ali, sentindo a brisa das árvores do condado tocar seu rosto, enquanto seus olhos peculiares observavam o jardim da entrada. Não imaginou que algum dia voltaria a estar sobre o solo dinamarquês.

A condessa que foi avisada por um dos criados sobre a chegada de seu filho, não perdeu tempo, correu imediatamente até a porta, parando seus passos quando seu coração acelerou de felicidade ao vê-lo ali, diante do portal de rosas, e acreditando por fim que realmente era ele. Sorriu ao ver seu filho depois de tantos anos.

- Jeon! - Proferiu ela com lágrimas em seus olhos, absolutamente emocionada.
Correu até a ele e o abraçou.

- Filho amado, é você mesmo.
Cristina, levada pela emoção, olhou para o rosto do filho, alvo e em posse dos deslumbrantes olhos genuínos... Estava mais belo do que há dez anos atrás, os anos lhe ofereceram a beleza das primaveras. Os traços continuavam formosos como outrora, contudo, bem mais charmosos com o passar do tempo. Um ser com as faces semelhantes a porcelanas, os olhos vívidos de traços raros e os lábios mais rubros que as macieiras. A rota da passagem dos anos lhe cederam uma graça maior ainda aos esboços e detalhes, intensificou sua beleza e a brandura que sempre se manteve nela... Dessas branduras sérias, sem muitos sorrisos, mas gentil e amistosa.

- Como você está lindo, meu filho.

A condessa acariciava o rosto formoso do filho. Jeon continuava o mesmo em suas expressões sempre neutras, mantendo seus sorrisos sempre discretos ou nunca vistos, mas, sempre amável, todavia conservado naquela seriedade natural e graciosa, esboçada sobre suas faces.

Eva, que acabava de deixar a estufa do outro lado do jardim, derrama as flores de suas mãos assim que viu seu menino. Parecia um sonho tão bonito trazido pelo pôr do sol, mas na verdade era real, a realidade que parecia ser traçada entre nuvens sobre a terra.
Aproximou-se lentamente dele, ainda sobre aquela sensação de estar em um sonho real. Seus olhos imóveis sobre ele, como se estivesse vendo uma ilusão, a ilusão mais perfeita. Se aproximava mais e mais, e quando já bem perto, diante dele, pairam sobre seus olhos as lágrimas, o reflexo da sua alma como em gotas de orvalho e com os dedos trêmulos, Eva toca as mechas negras as afastando calmamente dos olhos florescentes. Quase não conseguia acreditar que seu menino estava mesmo ali na sua frente.

- Meu menino... - Proferiu brandamente como o sussurro de uma brisa, tocando em seus cabelos macios como algodões. - Padre Jeon, seja bem vindo de volta. - Eva proferia aquelas palavras com uma brandura melancólica, já como em seu peito, a angústia de ter de chamá-lo de padre novamente, lhe perturbava, sobretudo porque os olhos dele... Sim, os olhos dele, embora continuassem inexpressivos como dantes, continham no mais profundo da sua iris aquele desalento particular. Eva não se conformava, ele tentou e tentava adormecer tudo dentro de si, contudo, tudo em vão e Eva sabia, e não precisou ser um anjo para adivinhar, olha-lo já era o bastante, embora ele sempre fosse tão ameno em seus modos e discreto em suas expressões, a moça conhecia seu coração e ele batia não só em peito, mas através de seus olhos, e a razão por esses batimentos contínuos, carregava a coroa da Dinamarca. E como Eva lamentava que tudo tivesse acontecido diferente do que deveria. Longe dele já tinha esse lamento, e perto dele era mil vezes mais.

- Que bom que você está de volta, querido. - Disse a condessa.

Ouvi-se então um trotar rápido de um cavalo, e Eva olha para a direção esquerda, vendo o conde chegar cavalgando entre as árvores. Sehun cessa seu cavalo e vê que seu filho havia chegado, e sem perder tempo desce do belo animal e se aproxima do filho.

O padre II : A coroa do rei - Jikook - 2ª tempOnde histórias criam vida. Descubra agora