Hugo Grant

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Condado de Ribe.

Acomodado em uma poltrona diante da lareira, se perdia no vão enquanto sua mente estava a todo momento voltada para o acontecimento de uma hora atrás, quando não resistiu e não se conteve, saciando seu desejo de beijar o veludo daqueles lábios rosados como pêssegos e macios como seda, desde então, seu coração parece ter saído do lugar, vagando dentro de seu peito com inúmeras batidas rebeldes. Deveria estar se repreendendo mentalmente, mas não conseguia se arrepender da sua atitude, e principalmente quando ele cedeu a seus beijos, oferecendo incentivo com os movimentos da sua boca que foram adoráveis, doces e enlouquecedores. Padre Jeon se encontrava alucinado e lá pelas tantas ousava permitir que um sutil e moderado sorriso surgisse em seus lábios ao memorar aquele momento tão único e lembrar do quanto o rei se rendeu totalmente trêmulo a seus lábios, doando um contato mais íntimo entre as bocas, deixava Jeon alucinado, quase desorientado com a doçura dos lábios que se encontraram sobre os seus... Não dormiria essa noite. Mas, embora não se arrependa, tinha em sua razão que não deveria ter tomado essa atitude, e era saber que ele era proibido para si que o deixava nesse desconsolo imensurável. Contudo, ao menos teve a chance de tê-lo em seus braços mais uma vez, sentindo o mel da sua boca, mesmo que só dessa vez. Só cessou o beijo quando sua razão falou mais alto, sabendo que estava a ponto de encosta-lo contra uma das colunas, principalmente sentindo as mãos pequenas apertar sua cintura através da batina, e embora não quisesse nunca tê-lo afastado e encerrado o ósculo, foi preciso, caso contrário dessa vez quem iria implorar por um toque, era sua pessoa, assim como ele lhe implorou em uma tarde há dez anos.

Era necessário tentar colocar seus pensamentos no lugar e amenizar a chama que corria em suas veias, mesmo sendo uma tarefa deveras árdua. Jeon ergueu-se e deixou a sala, subindo as escadas e alcançando seus aposentos. Padre Jeon desabutuou alguns botões da sua batina na parte superior, retirando a clérgima, e a deixando sobre uma mesinha ao lado da cama. Depois direcionei seus olhos para os livros ao lado, passando a ajeita-los corretamente.

- Papai.

Assim que ouviu a voz do filho, e ouvindo também a porta abrir, Jeon virou-se e viu Valentim entrar em seus aposentos com os olhos em lágrimas e um pouco angustiado. Preocupado, aproximou-se do Filho.

- Valentim, está sentindo algo?

- Não, eu tive um sonho ruim, papai.

Jeon colocou o filho no colo e depois o colocou na cama, sentando-se a seu lado.

- Você teve um pesadelo?

- Sim, eu sonhei com o príncipe Ludvig. - Disse em prantos e angustiado.

Imediatamente o padre sentiu o coração apertado.

- Algo ruim aconteceu a ele e eu chamava pelo nome dele, e ele sumia em meio a uma neblina. - Explicava choroso. - Papai, quero ver o príncipe, saber se ele está bem. Por favor, papai, eu não quero que nada de ruim aconteça a Ludvig.

Jeon abraçou o filho que estava em prantos e tentou acalma-lo.

- Foi só um sonho, meu filho. O príncipe está bem, não se preocupe.

- Foi muito ruim. Parecia verdade.

- Valentim, fique calmo, venha, deite-se aqui. - Disse ao ajeitar o filho sobre a cama. - Durma, os anjos do príncipe estão sempre ao lado dele.

- Você vai rezar por ele, papai?

Jeon deixou um simples sorriso surgir, afagou os fios dele e lamentou por não poder dizer que todos os dias rezava por seus dois filhos.

- Sim, agora durma um pouco.

Levado pela paz em estar com seu pai e a brandura dele, Valentim foi fechando os olhinhos. Jeon o observava e pensava no rei. Era preocupante essa situação em ter seus filhos longe um só outro e saber que o rei sofria com a perda do príncipe era intolerável para seu espírito. Não poderia mais esconder a verdade dele.

O padre II : A coroa do rei - Jikook - 2ª tempOnde histórias criam vida. Descubra agora