Campos de janeiro.
Já despertas, as duas auroras entre os cílios abundantes percorriam a fronte adormecida. Os cílios cerrados e dourados estremeciam vagarosamente, sobre os lábios um rubro chamativo jazia, e nada mais do que o efeito dos beijos trocados na noite anterior. Os pássaros cantavam do outro lado e mansamente a luz dourada dos raios solares tocavam as bochechas formosas, doando um aspecto mais angelical do que normalmente já era. Naquela manhã, por alguma razão, ele parecia mais belo, e os olhos do padre que já eram tão encantados por sua majestade, se encontravam mais hipnotizados ainda, havia um detalhe diferente sobre os aspectos dele, uma beleza intensificada, mais aflorada, algo como o outono sobre os fios e as primaveras em seus traços.
O rei descansava em seus braços, tomado pelo sono tranquilo, deitado em seu peito e a maciez de se cabelos áureos tocavam a pele despida de sua santidade, que mantinha seus olhos nele, incapaz de desviar sua atenção. Os pensamentos do padre estavam silenciosos, voltados apenas ao fascínio de tê-lo em seus braços e na lembrança da noite passada. Não estava arrependido, absolutamente não, mas sabia que seria melhor que o momento ficasse apenas nas nuvens de suas mentes. Levou seus olhos para a direção da janela, observando o dia e os galhos das figueiras batendo lentamente contra a janela, quando sentiu uma leve carícia nas curvas de seu pescoço, baixou os olhos e viu as duas safiras cintilantes sobre suas faces.
- Porque ainda usa esse anel, Jeon? - Perguntou ainda sonolento, olhando as faces reluzentes como o brilho celestial meio embargado, não totalmente acordado em sua consciência.
Jeon ouviu a pergunta feita por ele ainda em meio o sono e a realidade, sabendo que ele ainda estava exausto e em silêncio o observava cerrar lentamente os olhos novamente e apesar de saber que as seis andaria depressa e que os sinos iriam tocar novamente, porém dessa vez com sete badaladas, não iria tirá-lo do seu sossego.
***
Alekssandro continuava no mesmo lugar perto da carruagem. Dormiu por ali mesmo,e agora despertava com os raios de sol tocando seu rosto e lhe tirando do seu sono sagrado. Poderia até considerar peculiar a demora do rei, e a realidade de ter passado a noite no moinho, mas julgando pelo seu costume em servir e ser leal ao rei, não era exatamente algo antinatural esse comportamento em dormir fora do castelo. Outrora, quando ainda era príncipe ou até mesmo na sua adolescência, Park costumava a sair a noite para cavalgar além dos campos ou para se aventurar em qualquer outro lugar, e às vezes isso levava a noite toda, e Alek sempre dormia esperando o príncipe, por tanto, já era habituado. Claro que o rei nunca o obrigava a nada, mas Alek nunca deixava de acompanhá-lo, achava que ele estaria mais seguro com seu cavaleiro a seu lado e é assim desde que Jimin era uma criança, Alekssander Bárbara, sempre esteve ao lado dele, não importa aonde ou porque, e mesmo contra a sua vontade ou tendo que lidar com mariposas ou libélulas, o cavaleiro nunca deixava de estar com ele, e não era só por afeto, era por gratidão, pois em outrora, o príncipe, agora rei, salvou sua vida e não havia modo mais apropriado de montar sua gratidão a não ser sua lealdade.
***
Condado de Ribe.
Após atravessar a porta principal, padre Jeon ficou imóvel por alguns segundos, observando por uma das janelas o sol nascer lentamente entre os mognos. Provavelmente já eram umas seis e meia, havia um silêncio no castelo, sendo manifestado apenas o som dos passarinhos. Havia uma flama morna em seu corpo, ainda sentia o doce dos beijos e a sensação das inúmeras carícias dos lábios umidecendo o galho de seu corpo, germinando suas gostas de verão. Uma essência nova e ardorosamente lírica dominava seu corpo, dessas que florescem depois de uma noite de paixão. Já tinha, por natureza, uma aura intensa e poética dentro da sua alma e sobre seu corpo, alvorecerendo em seus olhos, mas tornou-se minimamente e detalhadamente mais intensa, como se os invernos de seu dorso fossem agora inícios de verão.
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O padre II : A coroa do rei - Jikook - 2ª temp
Fanfiction"𝐂ativo a uma promessa, Jeon volta a ser o padre "santo", e seus motivos para ter tomado tal decisão, manteria em segredo, assim como os sentimentos que ainda queimavam dentro de seu peito por sua majestade Park Jimin Adeler. 𝐂ontudo, manter em si...