Dez anos depois, Ribe - Dinamarca
Ano da graça de são Valentin.
Condado do norte.
Com certa ansiedade e preocupação, a jovem Eva andava levemente de um lado para o outro perto da porta da entrada do castelo. O sol aos poucos já se reclinava por trás das colinas, o céu mudava de cor recebendo o mesclar divino com a junção dos últimos raios solares que adentravam as colossais nuvens, e a brisa leve que anunciava a quase chegada da noite oscilava pelo jardim. Eva fitava a ponte a todo o instante. Sentia sempre a mesma angústia quando ambos saiam para se demorar tanto assim. Apertava as mãos e só conseguia pensar sempre o mesmo quando sentia a demora. Infelizmente não poderia mudar essa aflição em seu coração. Seus dias de paz haviam findado a dez anos atrás, quando presenciou a cena mais preocupante que seus olhos já puderam ver. Jamais vai esquecer os risinhos do bebê que lhe dispertou dos sonhos a dez anos atrás, como um especial sinal. E muito menos quando viu que ele estava sendo destinado a ser tirado de seu futuro trono de ouro cujas flores sempre estariam aos pés. Soube que naquele ano e naquele dia sua alma voltaria a estar presa a uma nova cruz. No entanto, não se importaria de carregar essa cruz tão pesada para proteger seu menino. Jamais vai compreender que destino é esse o seu, o de sempre ter que preservar consigo tantos segredos e carregar tantos martírios. No entanto, suportaria qualquer situação para saber que ele estava a salvo, mesmo que isso significasse uma vereda intensa de espinhos e sofrimentos, carregando angústias a pós angústias. Sua alma já forá tão dilacerada só carregar pesares tão intensos no passado, que já sentia como se nada mais pudesse lhe atingir, ou temer. No bem da verdade, se existe um medo em Eva, esse medo é vê-lo passar por algum mau, um mau deveras irremediável.
Permanência ali naquela espera que angustiava, e quando mais observava as colinas e enxergava o céu do sul aos poucos ser banhado por aquele breu singelo, mais Eva se desesperava. Gostaria de ao menos saber aonde ele poderia ter ido, mas, quando cismava em se perder por esses campos era quase impossível saber aonde estava ou para onde foi. Apesar de ainda ser extremamente jovem, tão jovem quanto um broto de rosa que ainda não fora aberto, o jovem conde tinha a alma um tanto que aventureira e curiosa. Gostava de saber que ele tinha essa essência, porém, diante das circunstâncias não era tão agradável permitir seus breves sumissos pelos campos e bosques. Mesmo levado por alguém de confiança. Ouviu o trotar do cavalo a se aproximar, e assim que virou-se, para o seu alívio o viu atravessar a ponte da entrada.
- Graças a Deus.
Disse ela para si, enquanto o observava se aproximar com o cavalo.
- Olá Eva. - Proferiu a voz leve e doce com um sorriso rosado.
Eva mirou o jovem garotinho de fios dourados.
- Valentim, quantas vezes terei de dizer...
- Eu sei Eva, desculpe. Mas não fique preocupada.
- Aonde esteve?
- Na floresta além do riacho.
- Não deveria ter ido parar tão longe. Estava aflita.
- Não fique preocupada, não cheguei perto do povoado.
- Você ainda é muito pequeno para andar sozinho, Valentim. E não tem estatura para cavalgar com essa velocidade.
- Mas eu sei cavalgar Eva.
- Mas ainda é pequeno para isso.
- O vovô me disse que ele já cavalgava mais novo do que eu. Não vejo mal.
- Valentim, eu fico preocupada com você.
- Me desculpe.
- Agora desça e vá se aprontar para o jantar.
- Tudo bem.
Eva o Observou cavalgar até ao estábulo. Gostaria de compreender como alguém de apenas dez anos poderia ter um espírito tão aventureiro. Se permitisse ele atravessaria os sete mares sendo ainda tão jovem e pequeno.***
Assim que entrou no castelo, Eva sentou-se ali em uma das poltronas diante da janela de vidraças com pinturas de cavalos. Passou a se recordar da noite de alguns anos atrás, quando na madrugada padre Júlio surgiu em meio a uma nevasca, com o bebê recém nascido no colo, o devolvendo a Eva. As lembranças lhe vinham avidamente. Era uma noite fria, aonde o solo dinamarquês constantemente era umidescido pelo sereno que insistia em cair.
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O padre II : A coroa do rei - Jikook - 2ª temp
Fanfic"𝐂ativo a uma promessa, Jeon volta a ser o padre "santo", e seus motivos para ter tomado tal decisão, manteria em segredo, assim como os sentimentos que ainda queimavam dentro de seu peito por sua majestade Park Jimin Adeler. 𝐂ontudo, manter em si...