PRESO NO PASSADO.

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Wemilly Grayson
Presente

Thunder Bay, a minha antiga cidade, onde a poeira do passado parecia ter se assentado sobre tudo que havia acontecido. Eu não sentia falta de nada daqui; minha vida e o passado estavam enterrados sob a sujeira e os restos do que uma vez fora.

Hoje era o dia do nosso show, o início da nossa turnê, onde tocaríamos em cada cidade natal dos integrantes da banda. Para ser eficiente e evitar surpresas, eu havia proposto que começássemos por Thunder Bay.

O ônibus estacionou sob a luz fraca da noite. Eu e as meninas estávamos prontas para arrasar no palco. Organizamos os instrumentos no ônibus, alinhando tudo com precisão para não perdermos um segundo sequer.

Mas minha mente estava em outro lugar. Eu queria abraçar meu irmão e dizer o quanto o amava, mas só poderia fazer isso depois do show.

Do lado de fora do local onde nos apresentaríamos, ouvimos a abertura do show, um sinal de que o momento estava se aproximando. Quando o nome da nossa banda, "Devils Babe", foi anunciado, eu coloquei minha guitarra nas costas e acompanhei as meninas até o palco.

Assim que chegamos à parte de cima, fomos recebidas por uma ovação calorosa. Coloquei minha guitarra nas mãos, ajustando as cordas enquanto sentia a energia da plateia. Ao olhar para o lado, vi Brianna, a vocalista, pegando o microfone. Ela sorriu e começou:

— Quem está animado, dá um grito! — A plateia respondeu com gritos ensurdecedores.

Eu procurei meu irmão na multidão e o vi no canto, sorrindo para mim. A felicidade estampada em seu rosto me encheu de uma emoção que eu mal podia descrever.

Ele estava sozinho, nada de cavalheiros, nada de Damon.

Sozinho.

Brianna começou a cantar "I HATE EVERYTHING ABOUT YOU", uma música que sempre teve um significado profundo para mim. Fechei os olhos por um momento, permitindo que cada linha da música me envolvesse. Os sons da bateria à minha direita e do baixo à minha esquerda se misturavam, criando uma harmonia perfeita.

O solo de guitarra estava por vir. Era a minha chance de brilhar, de mostrar o que significava estar de volta à minha cidade natal, de fazer valer a pena todo o esforço e as memórias que vieram antes. Respirei fundo e deixei a música fluir, a guitarra em minhas mãos respondendo com a precisão que eu conhecia tão bem.

As notas do solo de guitarra começaram a soar, cada acorde pulsando com a intensidade que eu sentia dentro de mim. A plateia reagiu imediatamente, a energia do público se misturando com a minha própria excitação. Eu deslizei meus dedos pelas cordas, criando um ritmo que se entrelaçava com o som ensurdecedor da bateria e do baixo.

O palco estava iluminado por um espetáculo de luzes que dançavam em sincronia com a música. Eu sentia cada vibração, cada pulso de energia vindo da plateia. Brianna continuava a cantar com uma paixão inabalável, sua voz cortando através da música, e eu acompanhava com uma força e precisão que só a prática e a dedicação poderiam proporcionar.

Olhei para o lado novamente e vi meu irmão no canto da plateia, seus olhos brilhando com orgulho e alegria. Isso me deu um impulso extra, e eu me permiti mergulhar ainda mais na música. A cada solo, a cada nota, eu sentia uma conexão profunda com o passado e o presente, como se estivesse finalmente reconciliando as duas partes da minha vida.

Enquanto a música se intensificava, eu não conseguia ignorar a sensação de que estava exatamente onde deveria estar. O show estava fluindo como uma sinfonia perfeita, e eu estava completamente imersa no momento. As interações entre os integrantes da banda eram tão naturais quanto o fluxo da música, e a resposta da plateia era um lembrete constante de que todo o esforço havia valido a pena.

MY LITTLE PEST || Damon Torrance.Onde histórias criam vida. Descubra agora