MY LITTLE PEST || Damon Torrance.

ADRENALINA.

Wemilly Grayson
Presente...

A adrenalina ainda pulsava no meu corpo, o som dos alarmes ecoava pelos corredores estreitos da prisão enquanto eu tentava seguir as instruções de Damon. Cada passo que eu dava parecia me afastar ainda mais da saída. As paredes ao meu redor se fechavam, como se quisessem me engolir, e uma sensação crescente de que algo estava errado apertava meu peito.

Eu continuava correndo, forçando minhas pernas a manterem o ritmo, mas então tudo desabou num segundo. O impacto veio pelas minhas costas, forte e súbito. Eu senti o baque na nuca como um choque elétrico, o mundo ao meu redor girando até se desfazer em uma escuridão absoluta. Era como se o chão tivesse sido arrancado dos meus pés. Tentei lutar contra o apagão, mas meu corpo desmoronou e minha mente caiu num silêncio profundo.

A sensação de flutuar em meio ao nada tomou conta de mim. Não havia som, luz ou qualquer coisa que eu pudesse usar para me ancorar à realidade. Eu sabia que deveria estar aterrorizada, mas ali, naquele vazio, até o medo parecia distante. Minhas memórias e pensamentos se embaralhavam, escorregando como água entre os dedos. Não sabia quanto tempo passou — podia ter sido segundos ou uma eternidade.

Quando finalmente comecei a despertar, tudo estava confuso. A dor latejava na parte de trás da minha cabeça, trazendo uma onda de náusea que me deixou atordoada. Algo apertava meu rosto. Eu tentei me mexer, mas meus braços estavam presos, e o peso do pânico começou a se acumular no meu peito.

Eu ouvi passos ao meu redor, abafados, como se viessem de longe. Tudo ainda estava escuro, mas dessa vez porque havia algo cobrindo meus olhos. Era um saco, apertado e sufocante. A realidade bateu com força: eu estava amarrada, sem ver, presa. Eu senti o suor frio escorrer pela minha espinha.

De repente, alguém agarrou meus braços, me forçando a sentar. O saco foi arrancado de forma brusca, e a luz fraca da sala me cegou por alguns segundos. Quando meus olhos finalmente se ajustaram, vi onde eu estava. Um lugar sujo, com cheiro de ferrugem e mofo. O ar pesado me fez enjoar.

E lá estava ele, Gabriel Torrance. O maldito estava à minha frente, com aquele olhar de desprezo e superioridade que me fez querer gritar. Ele estava cercado por três homens — capangas, brutamontes sem emoção. Olhei ao redor, procurando uma saída, algo que pudesse me dar uma vantagem, mas estava claro: eu não tinha chance.

— Belos olhos. — ele zombou igual a primeira vez que me viu. — Pequena Grayson.

Idiota.

Tentei me recompor, o que foi quase impossível com a dor latejando na cabeça e o pavor tomando conta. Respirei fundo e o encarei, tentando manter a calma.

— Eu esperava que Damon fosse mais cuidadoso com o que valoriza — Gabriel falou com um sorriso de satisfação. Seus olhos corriam sobre mim como se estivesse analisando cada fraqueza. — Mas, ao que parece, ele te mandou direto para a boca do lobo.

Senti minha raiva subir, misturada com o medo.

Damon.

Ele vem atrás de mim.

Ele sempre vem.

— O que você quer? — perguntei, minha voz fraca, mas firme.

Gabriel se aproximou, um sorriso cruel nos lábios.

— O que eu quero? — Ele soltou uma risada baixa, cheia de escárnio. — Eu quero Damon, claro. Ele virá por você, e quando ele vier, será exatamente como eu planejei. Damon acha que controla tudo... mas ele não percebe que está perdendo o controle. E rápido.

Eu sabia que, naquele momento, não adiantaria lutar. Eu estava à mercê de Gabriel, e agora tudo dependia de quanto tempo eu conseguiria resistir antes que Damon viesse.

Gabriel deu uma última olhada para mim, inclinando-se para sussurrar ao meu ouvido.

— Espero que ele chegue a tempo, Wemilly. Mas, de qualquer forma, o show já começou.

Minha cabeça ainda latejava, mas quando Gabriel disse aquelas palavras, algo dentro de mim se acendeu.

— Como assim o show já começou? — gritei, a voz trêmula de raiva e medo. — Me tira daqui, porra! Me larga, me solta!

Eu me debatia na cadeira, tentando me livrar das amarras, mas era inútil. Os capangas ao redor de Gabriel riram de maneira sádica, observando a cena com desdém.

Gabriel permaneceu impassível, dando de ombros.

— Eu quero o Damon, claro, — ele disse, aproximando-se lentamente, inclinando-se o suficiente para que eu sentisse o cheiro do seu hálito frio. — Mas... tem gente que quer mais algumas coisas de você.

Meu corpo inteiro congelou ao ouvir aquilo.

— Como assim? — minha voz saiu em um fio de desespero, o coração batendo acelerado. — Eu nunca fiz mal a ninguém! Por que vocês estão fazendo isso?

Antes que ele pudesse responder, Gabriel assobiou. O som ecoou na sala como uma sentença de morte. Um dos capangas saiu e, segundos depois, voltou arrastando uma figura que me fez prender a respiração.

Era Will.

Ele estava amordaçado, com um saco preto na cabeça, mas eu sabia que era ele. Meu irmão. E quando o capanga arrancou o pano da cabeça de Will, o choque tomou conta de mim. Seu rosto estava irreconhecível. Machucado, coberto de hematomas, sangue seco nas bochechas e nas sobrancelhas.

— O que fizeram com o meu irmão? — minha voz quebrou no final da frase.

Gabriel, sem perder a compostura, deu uma risada suave, como se estivesse se divertindo com o nosso sofrimento.

— O que fizeram? — ele repetiu sarcasticamente. — A pergunta certa seria: o que ele fez?

Eu olhei para Will, desesperada, e Gabriel continuou, como se saboreasse cada palavra.

— Seu irmão... bateu em Zyan. E digamos que... ele está pagando as consequências.

Meu coração parou por um segundo.

Porra! Mil vezes porra!

— Como vocês sabem que foi ele? — perguntei, tentando segurar o choro que ameaçava escapar.

Gabriel sorriu, satisfeito. Com um estalar de dedos, ele fez sinal para que alguém se aproximasse. Uma figura esguia saiu das sombras. Primeiro, tudo o que pude ver foi o brilho dos cabelos loiros, os olhos azuis, frios como gelo.

Eu pisquei algumas vezes, ajustando a visão até que a reconheci.

— Rika... — minha voz saiu baixa, incrédula. — Rika Fane?

A irmã de Zyan estava ali, encarando-me com um olhar de puro ódio.