BABY.

60 1 0
                                    

Wemilly Grayson
Presente...

— Escondem coisas de você, Wem. — ele disse com aquela voz suave, como se estivesse me revelando algo importante, como se estivesse tentando ser paternal de alguma forma. Mas o sorriso dele dizia outra coisa.

— Mais do que você escondeu? — retruquei com o máximo de desprezo que pude reunir. Minhas mãos tremiam, mas eu mantinha meu rosto firme. Ele não merecia ver o quanto eu estava quebrada.

— Ah, baby. — Ele se aproximou lentamente, apertando minhas bochechas como se eu fosse uma criança ingênua que precisava de disciplina.

Will estava caído no chão, um rosnado fraco escapando de seus lábios.

— Eu não escondi nada de você, só te livrei da dor. — A voz de meu pai carregava um tom doentio de justificativa. Ele acreditava, de verdade, que suas ações monstruosas tinham sido para o nosso bem.

— Você me fez sentir as piores dores. — respondi, minha voz tremendo de ódio e desespero. E antes que eu pudesse reagir, senti o tapa. O som do impacto ecoou pela sala, e o gosto metálico de sangue preencheu minha boca. Eu me recusei a deixar as lágrimas caírem. Ele não veria minha fraqueza. Não mais.

— Não seja tão ingrata, porra. — ele gritou, o temperamento volátil aparecendo rapidamente. — Eu criei você com amor e carinho, você me agradece assim?

Meus olhos se voltaram para Will, meu coração quebrando ainda mais ao ver o estado dele.

Ele não falava, estava machucado e fraco. Aquela ausência de sua voz... era sufocante.

O que meu pai tinha feito com ele nesses dias? Como ele poderia sobreviver a tanto? Eu mal conseguia imaginar o que Will havia suportado nas mãos daquele monstro. E era culpa minha que não o encontramos mais cedo.

— Se você não amou meu irmão, você não me amou. — minha voz estava cheia de rancor, de todas as coisas que eu queria gritar, mas sabia que não podia. As palavras saíram rasgadas pela dor.

Meu pai, sem perder tempo, deu de ombros e agarrou Will pelos cabelos. Ele retirou um canivete prateado do bolso, o brilho do metal reluzindo sob as luzes da sala, e o pressionou contra o pescoço do meu irmão. O ar foi sugado dos meus pulmões, e um pânico cego tomou conta de mim.

— NÃO! — Eu gritei, as lágrimas finalmente rompendo as barreiras que eu tentei manter. — Por favor, não. — implorei, me odiando por isso, mas desesperada demais para me importar.

Eu não podia protegê-lo.

Eu era fraca demais pra isso.

Will não disse nada, seus olhos estavam vazios, e eu sabia que ele havia desistido de lutar. PORRA! Não ouvir sua voz, essa ausência esmagadora, era o que mais me doía. Meu irmão, tão forte, agora estava completamente quebrado. Cada segundo de silêncio dele era uma faca no meu coração.

— Você tem medo de perder-lo, Wemilly? — meu pai perguntou, o tom suave, quase casual, como se estivesse discutindo o tempo, e não a vida do meu irmão.

E foi então que Gabriel Torrance entrou na sala, acompanhado de Erika Fane. Eles eram como demônios materializados, o sorriso diabólico em seus rostos me deixava com ânsia. A visão dos dois juntos me enchia de uma raiva incontrolável. Eles eram a raiz de tanto sofrimento.

— Mate-o. — Gabriel disse, como se estivesse dando uma ordem trivial. — Ele pagará pelo o que fez no inferno.

— Pro inferno vocês dois com isso. — murmurei, minha voz rouca de raiva.

MY LITTLE PEST || Damon Torrance.Onde histórias criam vida. Descubra agora