MAMÃE.

70 6 0
                                    

Wemilly Grayson
14 anos atrás...

Will: 8 anos
Wemilly: 5 anos

— Wemilly, você quebrou minha jarra de milhões? — minha mãe gritou enquanto entrava pelo meu quarto. — Hein, pirralha? Foi você?

— N-não, mamãe, não fui eu. — Apertei os olhos com força quando senti a mão dela me puxar pelo braço de forma brusca.

— Então quem foi? Hein, caralho? Quem? — Ela segurava os fragmentos da jarra quebrada nas mãos.

Eu havia quebrado a jarra acidentalmente enquanto corria pela casa, mas não conseguia admitir isso. Se eu falasse a verdade, com certeza levaria uma surra, como da última vez que deixei Logan, nosso cachorro, comer um dos saltos de grife dela.

— Me responde!

Estava prestes a abrir a boca para confessar, quando a voz do meu irmão ecoou do corredor:

— Fui eu que quebrei, mamãe.

O quê? Will estava assumindo a culpa por mim? Mamãe iria espancar ele por nada. Não demorou muito para que ela me empurrasse para fora do quarto e puxasse Will para dentro, trancando a porta atrás dela. Eu corri tentando impedir que ela girasse a chave, mas foi inútil.

Ele já estava lá dentro com ela, prestes a levar uma surra por causa de uma merda de um jarro.

Fechei meus olhos com força ao ouvir o estalo dos tapas e o grito estridente de Will, que chorava como um bebê, mesmo com seus oito anos. A dor e a injustiça de ver meu irmão sofrer por algo que eu havia feito eram esmagadoras.

Era cruel que crianças como nós já tivessem que enfrentar esse tipo de sofrimento tão cedo. Mas eu e Will faríamos o que fosse preciso — trabalharíamos, venderíamos balinhas no sinal — para conseguir comprar outro jarro. Mesmo que ela pudesse comprar outro facilmente, isso não apagaria a dor e o medo que enfrentávamos.

Eu me afastei da porta, sentada no chão frio do corredor, ouvindo os sons abafados de Will chorando e os gritos de minha mãe. O som dos tapas ecoava em minha mente, cada estalo um lembrete brutal da impotência que eu sentia. Tentei não pensar na dor que ele estava passando, mas era impossível ignorar.

O relógio parecia se arrastar e, finalmente, o barulho dentro do quarto cessou. A porta se abriu lentamente, e minha mãe saiu com o rosto vermelho e as mãos tremendo. Ela me lançou um olhar de desprezo antes de ir embora, sem uma palavra.

Esperei alguns minutos para ter certeza de que ela não voltaria. Então, respirei fundo e me aproximei da porta do quarto. Bati gentilmente.

—William? — chamei, tentando manter a voz calma e encorajadora. — Você está bem?

A porta se abriu um pouco, e eu vi Will, com o rosto inchado e os olhos vermelhos. Ele olhou para mim com uma mistura de dor e tristeza.

— Eu... Eu estou bem — ele disse, embora soubesse que não estava realmente bem. Ele estava balançando, como se a dor física e emocional o tivesse deixado fraco.

O abracei com cuidado, tentando confortá-lo da melhor forma possível.

— Sinto muito. Foi culpa minha. — Eu disse, minha voz embargada pela culpa. — Eu não devia ter deixado a jarra cair.

Will me olhou com um olhar cansado, mas compreensivo.

— Eu sei, Wem.

Eu balancei a cabeça, sentindo as lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Vamos arranjar um jeito de conseguir o dinheiro e comprar uma nova jarra. E, mais importante, vamos ficar juntos e apoiar um ao outro, não importa o que aconteça.

MY LITTLE PEST || Damon Torrance.Onde histórias criam vida. Descubra agora