Anos se passaram desde que Mia decidiu largar tudo, deixando Billie e toda a dor do passado para trás. Tornando-se uma mulher fria e calculista, Mia passou a comandar o submundo do crime em Toronto, erguendo uma das maiores máfias do Canadá ao lado...
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Mia.
Estresse pós-traumático. Foi exatamente o que aconteceu comigo quando a Reneé mandou me agredir para matar o meu filho.
Eu fui forçada a reviver aquele momento horrível, dia após dia, como um filme repetido que eu não conseguia desligar. A dor, o medo, o desespero... tudo voltava a mim de forma cada vez mais sufocante. Mas eu jurei que nunca deixaria aquela dor me destruir. E eu sobrevivi, sobrevivi a tudo aquilo, sobrevivi a tudo o que ela me fez, sobrevivi a todas as armações e aguentei firme o máximo que consegui. Mas isso... implantar o meu filho nela... era demais... era mais do que eu conseguia processar e aguentar.
Minha cabeça literalmente girava enquanto eu tentava manter o foco na realidade. Reneé, à minha frente, me encarava com um olhar vitorioso, como se, mesmo em estado terminal, ela tivesse conseguido ganhar de mim mais uma vez.
Senti minhas lágrimas começarem a cair de forma desenfreada e apertei a arma com força, sentindo minha mão suar em torno dela. Eu queria atirar, tudo o que eu queria era puxar o gatilho e acabar com aquela desgraçada de uma vez por todas. Mas a verdade é que eu estava em choque, paralisada, não conseguia me mexer e só conseguia pensar que Casey era minha filha. A filha que ela me tirou. A filha que eu nem sequer pude saber o sexo antes de perdê-la. A filha que me foi dita como morta dentro de mim.
Eu não conseguia reagir.
Olhei para Billie e vi seus olhos azuis extremamente arregalados; ela estava tão perdida quanto eu. A nossa filha, a criança que nós pensamos ter perdido, que nós pensamos estar morta, tinha sido roubada de nós e criada por essa mulher doente que estava agora diante de mim, se deleitando com nossa dor.
Minha respiração estava entrecortada, e o peso no meu peito era tão grande que parecia que eu iria morrer ali mesmo a qualquer momento. Eu queria gritar, queria chorar, queria fazer Reneé sofrer tudo o que ela nos fez passar, mas eu estava congelada no lugar. Completamente paralisada, sem saber o que pensar.
- Mas... mas e o exame de DNA? - Billie perguntou, parecendo tentar processar tudo, a confusão clara em seus olhos.
Reneé soltou um riso nasal, quase desdenhoso, antes de responder.
- O exame de DNA foi feito entre você e a Casey, Billie. - Ela começou, o sorriso cínico ainda presente em seus lábios. - Claro que o teste mostrou que você é a mãe biológica dela, porque você é mesmo. Se o teste tivesse sido feito comigo, daria que Casey é filha biológica da Mia... mas como você foi burra pra caralho e nem desconfiou de nada, eu não precisei fazer porra de exame nenhum.
- Isso é impossível... - Minha voz saiu num murmúrio doloroso de ódio, e me aproximei forçando a arma contra sua testa. - Me diz que isso é mentira, Reneé... me diz, por favor, por favor, que você não fez um absurdo desses...
Reneé torceu levemente a cabeça e abriu um sorriso de canto, sem tirar os olhos de mim.
- Não é impossível, Mia. Eu fiz... eu peguei a porra da sua filha e coloquei em mim. - Ela suspirou, olhando para o lado brevemente. - Claro que teve toda a questão hormonal, que foi complicada, e eu tive que preparar o meu corpo para receber o feto, mas... não foi impossível, nada que muita grana não resolvesse. - Um ar vitorioso surgiu em seu rosto. - Mas a questão aqui é que eu te tirei sua maternidade, seu direito de gerar e seu direito de parir aquela menininha linda de olhos azuis... essa é a questão.