03' - two hundred degrees

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🎵 tonight, I'm gonna have myself
a real good time

boa leitura!

◾️Dulce◾️

Tem uma fileira com cinco seguranças em cada lado da porta de entrada. Todos usam terno e são tão grandes quanto Rowan, mas parecem mais sérios e carrancudos que ele, sequer desviam o olhar para Maite e eu quando nos aproximamos. Os seguranças nas pontas abrem as enormes portas da propriedade. Solto um assobio quando vejo o hall de entrada. Cada mínimo detalhe parece ter sido feito à mão com muito cuidado.

As paredes tem um fundo cinza chumbo, há quadros de pinturas sombrias nelas, todos dentro de molduras douradas. Paro diante de uma das pinturas. Uma mulher olha para a frente com os olhos vazios e a expressão dura. Ela está amamentando uma criança que parece mais rosada e mais forte que ela. Há tanta dor nessa mulher que é quase como se eu conseguisse sentir.

— Uau. — murmuro.

— Aprecia essas obras tristes? — Maite pergunta parando ao meu lado.

— Você não?

— Eu acho que elas deixam o ambiente depressivo.

— Eu acho que elas contam verdades. A vida é assim. Um apanhado de responsabilidades que você precisa seguir, querendo ou não. E foda-se se isso vai adoecer você.

Maite sorri de canto e vira o rosto para me olhar.

— Você combina com ele.

E eu sei que ela não está falando do quadro. Está falando de seu chefe.

— E onde ele está? — questiono.

— Siga-me. — me dá as costas e continua a andar.

A sala de estar é tão luxuosa quanto o hall. Lustre de cristais no teto, carpete escuro, paredes também cinzas com mais quadros que seguem um padrão de melancolia, um grande sofá preto em formato de U de frente para uma grande lareira, um armário de vidro com várias garrafas de uísque caros, uma estante cheia de livros. Nenhuma foto de família.

— Ele se mudou há pouco tempo? — deduzo.

— Faz quase um ano.

— E o que ele veio fazer em Vegas? Aposto que tem cidades mais propícias para negócios empresariais.

— Você não sabe que tipo de empresário ele é. — ela volta a andar, dessa vez em direção à enorme escadaria dupla que leva ao andar de cima.

— E que tipo de empresário ele é? — a sigo segurando no corrimão.

— Essa informação é irrelevante.

— Mas eu estou curiosa.

— Seu trabalho é ser curiosa?

— E o seu é ser uma chata?

Ela se vira para mim ao chegar ao topo da escada, me obrigando a parar um degrau antes.

— Apenas siga o roteiro, você não precisa usar muito o seu cérebro hoje. Aliás, você já não precisa usar naturalmente, não é? — força um sorriso.

SirenaOnde histórias criam vida. Descubra agora