12' - see you in the other side

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🎵 she got the devil in her eyes
but they're pretty in the light

boa leitura!

◾️Dulce◾️

Comecei a fazer mil e uma perguntas assim que notei que ele está disposto a responder todas. Desde que sejam sobre os seus livros, é claro.

— Nem acredito que estou tocando numa edição original de Orgulho e Preconceito. — Solto um suspiro avaliando os detalhes do livro antigo, que está muito bem conservado. — Onde conseguiu isso?

— A maior parte dos livros é herança de família. — ele responde da outra poltrona onde está sentado. — Sinceramente, não tenho tanto interesse neles.

— Acaba de proferir uma blasfêmia. — tento brincar, mas só eu rio da minha piada. Tudo bem, ele não é uma pessoa bem humorada mesmo. — Eu gosto de bibliotecas e livrarias. Eram os lugares que eu mais frequentava antes. — fecho o livro e o deixo sobre o meu colo. — O ambiente sempre é tão aconchegante e calmo... — olho em volta.

— Você acha que aqui é aconchegante?

Primeiro eu olho para a chama na lareira e aprecio o silêncio tomado apenas pelos pequenos estalos do fogo e um leve assobio do vento que corre entre as grandes prateleiras de livros.

— Eu moraria aqui. — levo um segundo para explicar o que disse. — Na sua biblioteca, especificamente. Não estou dizendo que moraria na sua casa.

— Achei que gostasse da minha casa dada a sua curiosidade sobre ela.

— Não é bem curiosidade sobre a casa... — desvio o olhar.

Ele não pergunta, porque sabe que estou falando sobre ele.

— Você fica muito mais atraente quando não está fingindo. — diz depois de um tempo de quietude.

— E você fica muito mais atraente quando não está tentando me assustar.

— Ah, é mesmo? — ele se esquiva para a frente, cotovelos apoiados em seus joelhos. — Pelo que eu me lembro, todas as vezes em que ficou excitada por minha causa, você estava assustada.

Todas as vezes? — ergo uma sobrancelha.

— Seja assustada por mim ou assustada pela sua falta de poder sobre um homem, mas sim, você estava assustada.

Encaro os olhos frios por um instante. Não consigo contestar uma verdade bem dita. Acho que gosto de todas as sensações que ele me causa, seja o medo ou o conforto, porque tudo isso é conflitante e coisas confusas me instigam a descobri-las.

Encosto minha cabeça contra a poltrona e mantenho um sorriso sereno no meu rosto, olhando para o homem que me observa com intensidade.

— Você me olha como se me odiasse e como se me quisesse na mesma proporção. — falo. — Essa combinação é interessante.

O silêncio retorna quando ele volta a se acomodar na poltrona, seus olhos ainda grudados em mim e a frieza deles ainda sendo sentida sobre a minha pele como o toque da lâmina de uma faca. Tudo nele sussurra perigo e tudo em mim diz que eu estou entrando voluntariamente em uma situação que pode me fazer mal no futuro.

SirenaOnde histórias criam vida. Descubra agora