16' - everyone's out to get you

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🎵 somehow you're always blameless
but that don't make you bulletproof

boa leitura!

◾️Dulce◾️

Dessa vez, eu fiquei para o café da manhã e acordei bem mais cedo do que qualquer outra pessoa. Não sei se vou poder ir embora, mas também não quero ficar presa aqui. Primeiro tenho que descobrir como vai ficar a situação da minha segurança, porque sair por aí com um alvo nas costas não é uma opção.

Me atrevo a procurar por ingredientes na cozinha. Abro armários, geladeira, pego utensílios e começo a colocar sobre o balcão. Monto três pratos pensando também na Maite e no anônimo, por mais que provavelmente ele prefira não me fazer companhia durante a refeição.

Quando estou terminando de colocar delicadamente os ovos fritos no último prato sobre a mesa, vejo uma sombra na minha visão periférica. E lá está ele, com as mesmas roupas da noite anterior e sua máscara. Só que ele também está usando luvas de borracha e elas estão cobertas de sangue. Sua roupa parece manchada com algo viscoso em vários pontos e eu tenho certeza que as manchas seriam vermelhas se a roupa não fosse escura demais para mostrar a cor.

— Lave as mãos antes de todas as refeições. — me atrevo a ironizar o momento.

Ele desvia o olhar para a mesa pronta e depois me encara de novo.

— Eu estava com fome. — explico. — E fiz o bastante pra você e a May também. — ele continua em silêncio. — Olha, eu não estou querendo um prêmio, mas um agradecimento seria legal.

Sei que esse não é o comportamento normal de uma pessoa que está diante de alguém coberto de sangue, mas eu estou só tentando não pensar nisso, porque surtar também não é uma opção.

— É você quem deveria agradecer aqui. — diz de forma rude.

— Eu? — abro um sorriso irônico. — Pelo que? Por você estar torturando um dos caras mais perigosos de Las Vegas no seu porão? Por ter provavelmente me tornado alvo de um grupo de traficantes que é conhecido por usar porcos para desovar corpos? Ah, muito obrigada! Eu mal posso mensurar o quão agradecida me sinto!

— Nada vai acontecer com você. — mantém um tom tranquilo.

— E você quer que eu simplesmente acredite nisso? Eu nem sei quem porra é você! Até onde eu sei, você acabou de chegar nessa cidade e está arranjando problemas onde não deve!

— Você acha que eu apenas caí aqui de paraquedas? — fala como se eu fosse ingênua. — Sei exatamente o que estou fazendo, Dulce.

— Para de falar o meu nome desse jeito. — peço entredentes.

— Que jeito?

— Como se fosse um palavrão. Eu acho que você me odeia e quer me arruinar. Vai soltar esse cara e esperar que ele faça o resto, como se ele fosse o Brutus e você o treinasse pra acabar com alguém. Mas por que você me odeia? O que eu te fiz?

Espero que ele diga que não me odeia e que eu só estou exagerando, mas ele fica quieto sem demonstrar nenhuma negação.

— Eu não vou soltar ele. — diz apenas.

SirenaOnde histórias criam vida. Descubra agora