Sirena

10' - I'm a one night stand

🎵 don't belong to no city
don't belong to no man

boa leitura!

◾️Christopher◾️

Inspiro profundamente sentindo o cheiro dela em meus dedos. Ainda é tão inebriante quanto eu me lembro e, se eu não for mais devagar, pode acabar tendo o mesmo efeito do passado. Lembro de como fui completamente idiota e me deixei levar por cada coisa mínima que ela fazia. E tudo isso porque eu cheguei perto demais.

Aquilo na sala de música foi uma fraqueza, eu fiquei irritado e queria que ela aprendesse uma lição. Mas acredito que controlei bem a situação e mostrei quem está no poder. Ela não pode achar que basta piscar seus olhinhos brilhantes e falar de um jeito dengoso para me ter nas mãos. Não sou uma marionete como os outros homens que babam como cães irracionais em cima dela. Eu sei que ela é perigosa, já fui vítima de sua face ardilosa por tempo o suficiente para saber o que tenho que fazer agora.

E aquela mordida... Aquilo não foi só porque eu estava com muita vontade de cravar os meus dentes nela. Aquilo foi para marcar o meu território. Uma maneira implícita de mostrar que ela é minha. Nada de esperar que ela deseje isso. Quando eu esperei por sua vontade, ela me ludibriou. Eu não cometo o mesmo erro duas vezes.

Coloco meu dedo indicador em minha boca, o gosto é tão bom quanto o cheiro. Observo a tela do monitor. Lá está ela, sentada ao piano repetindo a mesma música, recomeçando toda vez que comete um erro. Isso ela não mudou. Dulce sempre foi muito perfeccionista quando se trata de música. Ela queria ser um gênio e se esforçava para isso. Eu sabia que assim que eu colocasse um piano em sua frente, ela iria se desafiar a ficar boa nisso.

É um pequeno vislumbre daquele anjo que um dia ela foi. É frustrante saber que esse anjo foi corrompido por um inferno que ainda está a sua volta, queimando e a levando cada vez mais fundo.

[•••]

◾️Dulce◾️

Mais uma noite de trabalho e mais uma vez minha mente está ligada no piloto automático. Acabo de terminar de arrumar o meu cabelo e estou indo pegar o meu vestido dessa noite. Deslizo o roupão por meus ombros, o largando no cabideiro, e começo a ajeitar a roupa.

— Cacete, isso foi uma mordida!? — uma das outras garotas exclama atrás de mim.

Olho sobre o meu ombro e vejo que as mulheres agora estão se amontoando para dar uma olhada na minha bunda. Me viro, escondendo o hematoma que por um segundo esqueci que estava lá. Como pude? Essa merda ficou dolorida o dia inteiro.

— Pelo visto aquele anônimo é bem grosseiro, uh? — Cassandra dá uma risadinha divertida.

— Você não avisou que eles não podem deixar marcas? — Priscila pergunta com uma preocupação genuína.

— Na verdade, eu nem lembrei disso. — digo com sinceridade.

— Então deve ter sido mesmo muito bom pra você. — outra das garotas ri e as demais a acompanham.

— Não vai mesmo dar detalhes, Sirena?

— Você gozou?

— É claro que ela gozou, esqueceu até das regras.

— Gozou quantas vezes?